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Literatura & Cia.

Jean Carlos Gomes

poearteditora@gmail.com

Encontro de Artistas

Luiz Otávio Oliani lança livros no Sarau Poeta Saia da Gaveta

Além dos autógrafos, ao longo da noite, algumas páginas foram lidas pela plateia, entre poetas e artistas plásticos

Colunistas  –  01/06/2017 22:34

Publicada: 30/05/2017 (19:21:58) . Atualizada: 01/06/2017 (22:34:57)
  • Luiz Otávio Oliani lançando seus livros no Poeta Saia da Gaveta

  • Jorge Ventura lê Oliani

  • Teresa Drummond com o poeta

  • Tanussi Cardoso lê Oliani

  • Com Claudia Manzolillo

  • Oliani com os editores: Sérgio Gerônimo e Mozart Carvalho

  • Com Alexandra Vieira de Almeida

  • Com Neudemar SantAnna

  • Com Lena Ferreira

  • Alexandra Vieira de Almeida, Oliani e Igor Fagundes

  • Nely Madsen lê Oliani

(Fotos: Acervo Luiz Otávio Oliani) 

Teresa Drummond 

O Sarau PSG - Poeta Saia da Gaveta - recebeu recentemente o autor Luiz Otávio Oliani que lançou seu sétimo e oitavo livros solos: “A vertigem das horas” e “A persistência da memória”. Além dos autógrafos, ao longo da noite, algumas páginas foram lidas pela plateia, entre poetas e artistas plásticos, pois a grande tônica do Sarau PSG é esse encontro de artistas, criando uma colcha de artes - cujos retalhos, cada qual com a sua linguagem, integram um único propósito: o de dar voz ao mundo, ao tempo, à vida ou recriá-los com palavras, contornos, silêncios, traços, cores, movimentos, sons... E “A pertinência da memória” vem a ser isso: um diálogo entre a poesia e as artes plásticas.

Sobre o sétimo livro, Cláudia Manzolilo costura alguns fragmentos do autor em seu prefácio e diz que “O estado de ‘engravidar-se’ de palavras, alimentá-las de sangue e sumo, observando a germinação do verbo e o seu processo de crescimento e explosão, tudo isso percorre as páginas de ‘A vertigem das horas’. (...) nada passará impune à pena de Oliani (...) as horas fluem com voracidade diante das diversas paisagens verbais (...) Desde a palavra refinada até aquela mais rasa, cotidiana. (...) Nota-se, durante todo o livro, a reiteração do mergulho, da voragem no tempo do escrever, do conhecimento da máquina do mundo, do conhecimento de si e do outro. Uma viagem em que não faltam vórtices, mapas, bússolas, astrolábios, marcadores do percurso do IN ao fora/texto. (...) Escolho, para concluir, um poema que me parece ser o que habita toda a poesia: ‘precipício/ que sou eu/ abomino/ arranha-céus/ escaladas/ no alto/ me basto chão’ (Contradição), metáfora do ser no mundo e do estar no mundo, mergulho e voo, fundo e raso, pois, ‘de resto/ a vida será sempre o agora’.”

“A persistência da memória”, o oitavo livro, é uma releitura da obra de arte de Salvador Dalí, de mesmo nome, composto por 50 poemas encadeados por uma palavra ou ideia. Na orelha, Leila Mícolis lembra o quadro de Dalí: os “relógios disformes, derretidos e insetos em cima deles - simbolizando a putrefação/decomposição do tempo cronológico ante a grandiosidade interior atemporal do ser. (...) Oliani [por sua vez] esvazia a urgência de um ritmo de vida inadiável, apressado e imediatista, propondo uma importante reflexão sobre o nosso tempo”: sem memória, “o que fica? O que fica?” Obra poética do século XXI dialogando com a pintura de 1931, ou seja, a palavra escrita por Oliani, num hoje-atemporal, diante da visão surrealista de Dalí, tão pertinente no presente.

Luiz Otávio Oliani, desde o primeiro livro, vem imprimindo a sua marca: o poder de costurar palavras que tecem, em poucos versos, reflexões líricas e estéticas, o espanto da vida e sua filosofia do viver cotidiano. A riqueza de sua obra poética é de tal importância que levou Christina Bielinski Ramalho, escritora e doutora em letras, a fazer um esmiuçado estudo de todos os oito livros, publicado em seu prefácio de “A pertinência da memória”. “Se a poesia se reinventa constantemente e, por isso, atravessa milênios sempre poderosa na arte de ‘dizer’, nada mais natural que um poeta, na construção de sua trajetória lírica, busque novos caminhos, inaugure facetas e, com isso, instigue outras reflexões acerca de sua estética. (...) o foco filosófico na relação memória-tempo-espaço-homem e no papel da palavra poética, em meio ao percurso humano no mundo, flagrado por Dalí e reinventado por Oliani, promove um vaivém constante entre dois diferentes estados de espírito: o que se ampara na palavra como permanência e no silêncio como signo do real despertencimento do homem em relação à vida. Por isso: ‘naquele lugar/ onde nada existe/ só há espaço para a solidão’ (XXIV). Enfim, ‘A pertinência da memória’, por sua inovação estética (...) nos convida a novos olhares para a obra de Oliani”, conclui Christina Ramalho.

Pelas inovações e precisa maturidade no ofício do fazer poético, Luiz Otávio Oliani é um dos poetas mais importantes da contemporaneidade. Um costureiro de palavras que dá a estas o poder de novos signos. Um costureiro que dialoga com outras linguagens. Sua poesia é forte, sucinta, na medida certa do sentido (ou do nonsense, e por que não?). Poesia que tem, na maioria das vezes, o efeito de um soco na boca do estômago, que não dói fisicamente, mas que remete a reflexões; tira o pensar da zona de conforto. Assim, Oliani mereceu a presença de tantos amigos e os aplausos da plateia do Sarau PSG. Como merecerá também a admiração de todos os seus futuros leitores. 

> Teresa Drummond é escritora e idealizadora do Projeto Cultural Poeta Saia da Gaveta

Por Jean Carlos Gomes  –  poearteditora@gmail.com

1 Comentário

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  • Edinaldo Reis

    Muito relevante o informativo contido na louça tecnológica