(Foto Ilustrativa)

Um intervalo para esvaziar-se

completamente, arejar cabeça,

alma, coração...

 

“Tento me concentrar numa daquelas sensações antigas, como alegria ou fé ou esperança. Mas só fico aqui parado, sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada”... se identificou com essa frase de Caio Fernando de Abreu?

Quantos dias e noites, você ficou aí parado sem sentir nada - ou não querendo sentir nada -; sem pedir nada - e louco(a) de vontade de pedir pra que aquele não sentir nada, ou aquele sentir tudo ao mesmo tempo... confuso, ruim... doído... sofrido sumisse como somem as bolhas de sabão; sem querer nada - querendo tudo do bem?

Ah! a vida traz dias em que a gente só quer ter de volta uma alegria passada... aquela sensação maravilhosa de “só de ouvir o vento passar, a gente acha que vale a pena ter nascido”... igualzinho a Fernando Pessoa.

Ah! a vida traz dias em que fé é um sentimento em extinção, ou completamente extinto lá no Paleolítico... e não um sentimento de extinção das dúvidas...

Ah! a vida traz dias assim... sem esperança. Dias sombrios e ameaçadores... dias vazios... e cheios de dores.

Uma boa estratégia pra esses dias: ficar parado, sentir nada, querer nada.

Mas aí vem um sentimento de culpa... aquele sentimento de se considerar inútil...

Stop com esse sentimento: você pode... você deve ficar parado, sim... é mais do que salutar ficar parado e degustar aquele momento com toda a suavidade do mundo... sentir nada, querer nada, pedir nada... um intervalo para esvaziar-se completamente, arejar cabeça, alma, coração...

...e depois...

... bom, depois... depois você pensa...

... sobre o depois? Depois você pensa.

_______________________________________________________