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Absurdo

Qual o serviço que você paga e não se preocupa com sua qualidade?

Ninguém nunca conseguiu explicar porque se paga por um serviço diretamente em dinheiro na escola privada, ou indiretamente por meio dos impostos na escola pública e é uma alegria geral quando simplesmente não tem aula

Educação  –  21/06/2018 21:06

Imagine a seguinte cena absurda: Você entra em uma loja compra um produto maravilhoso, indispensável à sua vida, paga caro por ele no caixa, e ao sair da loja, não faz a menor questão de levá-lo consigo. Ou então contrata um serviço importante, paga por ele sem pestanejar e contraditoriamente fica feliz quando o prestador do serviço não se esmera na execução ou simplesmente não completa o trabalho. 

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(Fotos Ilustrativas) 

Parece um absurdo, mas é exatamente assim que a maioria das pessoas se comporta em relação à prestação de serviço mais importante de suas vidas. Tanto que se ela for mal feita, ou deixar de ser realizada para algumas pessoas, certamente produzirão graves sequelas e prejudicarão suas vidas produtivas com reduzidas chances de plena recuperação posterior, por um longo tempo. Essa indispensável prestação de serviço à sociedade é popularmente conhecida pelo nome de Educação. 

Um termo um pouco distorcido, pois na realidade a sociedade, ao se referir à escola, deveria vê-la em seu papel prioritário de oferecer a apreensão cumulativa de saberes importantes para, além de formar um cidadão pleno, prepará-lo para um desempenho aceitável e eficiente na sua própria vida produtiva. Ou seja, a escola deve cumprir seu papel de ensinar ao mesmo tempo que a família e a sociedade colaboram exercitando seu papel prioritário de educar. 

Realmente, considerando o ambiente escolar, o termo Educação geralmente é confundido pela população com o significado de Ensino, objeto primário da prestação de serviços que deveríamos esperar da escola. Isso ocorre porque a palavra Educação é parcialmente entendida pela sociedade como sendo o processo de socialização dos indivíduos, no qual obviamente a escola é um dos importantes espaços onde isso pode ocorrer. 

Isso é correto, mas também é fato que esta mesma sociedade atualmente se exime desse processo, transferindo para a escola uma grande parte e o ônus deste, que cabe aqui ressaltar, apenas acontece de forma posterior e complementar ao que primariamente deve ser construído no âmbito familiar.

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A verdadeira Educação se caracteriza pela sensibilização cultural e apreensão de comportamentos, onde as novas gerações os internalizam e a partir daí, e como consequência, geralmente passam a praticar e respeitar as regras sociais vigentes, isto dentro, mas principalmente fora da escola. 

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Por outro lado, uma prestação de serviços direcionada para o Ensino deve privilegiar uma maior aquisição de conhecimentos diversificados, de qualidade e bem amplos, que ultrapassam esse escopo social especifico do conceito de Educação, que é uma função primária da família e por consequência da sociedade. 

Este serviço indispensável e bem pouco valorizado é, de fato, o trabalho docente de ensinar. Uma atividade árdua, contínua e altamente técnica que na verdade se transforma no principal produto que cada um deve e precisa adquirir em sua vida e, da mesma forma, exigir sempre a sua máxima qualidade. 

É exatamente esta prestação de serviços que exercita múltiplos aprendizados, pelo qual pagamos por ela e logo deveríamos esperar e exigir da escola, seja ela privada ou pública, a excelência na sua execução. Porém, na prática não é isso que acontece, na maioria dos casos. O distanciamento dos familiares dos estudantes com o ambiente escolar é um sutil sintoma da despreocupação com essa qualidade neste serviço tão importante. 

Na verdade, ninguém nunca conseguiu me explicar porque se paga por um serviço diretamente em dinheiro na escola privada, ou indiretamente por meio dos impostos na escola pública, e é uma alegria geral entre os alunos, quando simplesmente não tem aula, é um feriado ou quando o professor falta. Ou seja, quando o serviço que foi pago deixa de ser realizado. 

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Até o responsável que pagou em espécie ou por meio dos impostos por uma quantidade de horas de ensino pouco se importa se elas forem substancialmente reduzidas ou executadas com baixa qualidade. 

Essas são coisas realmente inexplicáveis, mas que naturalmente acontecem com bastante frequência neste berço esplendido, chamado Brasil.

> Texto parcialmente extraído do livro “Como educar uma criança chamada Brasil” - Flavio Chame Barreto; Editora CDA, 2017, São Paulo

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Por Flavio Chame Barreto  –  flaviocbarreto.bio@gmail.com

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