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Literatura & Cia.

Jean Carlos Gomes

poearteditora@gmail.com

Caldeirão de Ideias

Mano Melo, um artista em constante ebulição

Com 11 livros de poesia e um romance publicados, também atua, roteiriza e escreve letras de música

Entrevistas  –  15/05/2019 19:50

(Fotos: Divulgação)

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“A função da literatura é expandir ideias, enlevar, aprofundar a compreensão sobre a vida, a metafísica, o ser humano e a sociedade, desenvolver o senso crítico; ou até mesmo simplesmente divertir” 

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Poeta, ator, romancista, roteirista, letrista de música. Interpreta seus poemas em teatros, TVs, rádios, bares, centros culturais, ciclos de poesia e congressos literários, universidades, escolas, no Rio de Janeiro e em outras cidades do Brasil, capitais e interior. Com sua poesia, Mano Melo já se apresentou do Rio Grande do Sul à Amazônia. Tem formação de ator pelo Conservatório Nacional de Teatro e estudou filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Publicou 11 livros de poesia e um romance, “Viagens e amores de Scaramouche Araújo”. Ator, participou de vários filmes, peças de teatro, comerciais e novelas de TV, a mais recente: “Velho Chico” (TV Globo). Tem alguns poemas musicados e gravados por vários artistas, como a banda Metralhatxéka, Karen Harvey, Ana Carolina, Mu Chebabi e S.I.M. Tecnobossasound. 

Confira a entrevista com Mano Melo 

Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário se desenha para a literatura brasileira? 

Quem gosta de livros tem uma relação, até afetiva, com o papel. Ama o cheiro do papel e ama viver cercado com estantes de livro. Agora, quanto aos meios digitais, é bom porque amplia o hábito de ler. Facilita muito em termos de divulgação de livros e shows. Me lembro de quando eu não tinha ainda computador, ir até ao “Jornal do Brasil”, longe pra caramba, barganhar um espaço pra divulgar algum trabalho. No momento, basta dar um clique. Facilita também a publicação, liberta o autor da tirania das grandes editoras. Fica fácil para o autor publicar e chegar aos leitores. E tem mesmo gente que alcança um grande público. Na verdade, todas essas relações estão mudando de forma muito profunda e irreversível. E quem não compreender isto, vai morrer na praia. 

A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade? 

Sempre tive total consciência de que poesia é uma arte para pequenas multidões. Mas existem ciclos. Tem momentos que temos poucos acontecimentos. E tem momentos em que estamos bombando. O poeta tem que aproveitar o rugir da pororoca e surfar na onda. 

O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona? 

O prazer de dar pronto final a um poema, um conto, ou um livro, publicar, é inenarrável. Tenho também uma satisfação imensa de interpretar meus poemas para as pessoas, encarar uma plateia, cara a cara, só a verdade do poeta/ator e seu público. 

Qual é a função da literatura na sociedade? 

Expandir ideias, enlevar, aprofundar a compreensão sobre a vida, a metafísica, o ser humano e a sociedade. Desenvolver o senso crítico, mostrar que tudo vale a pena se a alma não é pequena, como nos ensinou Mestre Pessoa. Ou até mesmo simplesmente divertir, porque não? Uma vez, na Índia, abri a Bíblia ao acaso e caiu no Apocalipse, na seguinte frase: “Escreve, pois, as coisas que vistes, as que são e as que hão de ser”. Para mim este é o maior tratado de estética que jamais se escreveu.  

Um crítico literário deve analisar apenas um poema ou a obra como um todo? 

Pode analisar um poema, ou um livro, ou abranger toda uma obra. Depende do que esteja em pauta no momento. 

O que acha de nossa iniciativa de entrevistar/homenagear renomes de nossa literatura? Fazendo, além de uma justa homenagem, um fomento entre o autor consagrado e o autor iniciante... 

É muito importante, porque faz o elo entre o artista e seu público. Quem lê tem interesse em saber um pouco mais do escritor, seus métodos de criação, suas ideias, o ser humano por detrás das páginas do livro. E para o autor, isto é muito importante para seu reconhecimento como ser criador. Isto em todas as fases, tanto para o autor iniciante quanto para o autor mais reconhecido. Em verdade, não existem autores consagrados, e um escritor escreve o mesmo livro durante uma vida inteira. Monstros sagrados, ou consagrados mesmo, só quem é santo canonizado e assim mesmo há controvérsias. Se investigarmos a fundo, com certeza em alguns deles iremos encontrar uns pecadilhos ou pecadaços bem cabeludos (risos). 

Onde se foram as saudades?
Num trem.
O eco cantan a tarde:
Ninguém.
O trem parte e ainda no sino
Um pedaço de blém
A vida segue vivendo
Mal ou bem.
Quando o junto se separa
O coração não para
Mas os momentos de pura alegria
Viram rubis de gema rara 

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Por Jean Carlos Gomes  –  poearteditora@gmail.com

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