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Atenção e Respeito

Por que a música erudita é menos ouvida?

Entende-se erradamente que a música erudita infelizmente é para poucos

Música  –  29/06/2018 11:04

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(Foto Ilustrativa)

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Só precisamos abrir o apetite humano para o gosto da música erudita

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A música erudita mostra o que sabe e o que quer. Seu sentido e criação aspiram o que é de mais crítico para o seu compositor. Concursos de composição são comuns nesse meio, como o é também na música popular. Hoje em dia não presenciamos mais com o âmbito de um festival nacional, como no passado. De qualquer forma, tanto o erudito como o popular têm uma seleção em alguns concursos. Embora isso não aconteça com frequência, também não é a expressão criativa da música. Os festivais da canção ativaram a música popular brasileira. Quando se prolifera a música através das mídias existe uma probabilidade muito grande de que quem ouve passar a gostar do material sonoro. A massificação é tema estudado e confirmamos sua eficácia. A música erudita tem pouca divulgação por vários motivos. Existem, no entanto, inúmeras rádios dedicadas a essa camada de ouvintes. Muitos sites divulgam esse trabalho, porém, não existe paridade com a música popular.

A grande questão é se mesmo que a divulgação da música erudita fosse igual à da música popular os ouvintes e apreciadores seriam em mesmo número? Difícil a resposta, quase impossível de responder a essa indagação, porém, alguns caminhos podem nos levar a algumas respostas, contudo, não à “verdade”, ou o cerne da questão. Entende-se erradamente que a música erudita infelizmente é para poucos. É notório que a internet está recheada de sites dedicados sem que se pague nada para acessá-los, consequentemente ouvir sua programação erudita. Concertos são comumente oferecidos em lugares públicos e gratuitos. Projetos para a fomentação desse tipo de música recebe suporte regularmente, consequentemente, não há motivo para que se diga que é um tipo de música inacessível.

A formação educacional brasileira está preocupada com o desenvolvimento e a capacitação do ser humano, para que ele esteja e seja apto a viver em condições saudáveis e dignas, inclusive em seu desenvolvimento mental, para uma visão crítica da vida. A informação talvez preceda a formação, contudo, o fomento de uma grade curricular que forneça subsídios filosóficos irá, com certeza, desenvolver uma aptidão para assuntos mais elaborados, como por exemplo, a música erudita. O desenvolvimento do cérebro humano está atrelado às sinapses. Essas são os caminhos e ligações entre os pensamentos. Quanto mais sinapses, mais o cérebro estará apto a resolver problemas. Já existem estudos que mostram que a música de Mozart cria novos caminhos e aumenta as sinapses cerebrais. Só precisamos abrir o apetite humano para o gosto da música erudita. Esse procedimento caberia inicialmente à educação nas escolas, no caso da obrigatoriedade em uma grade escolar. Dificilmente conseguiríamos esse procedimento num estado livre num meio despojado social. O homem prefere se distrair com coisas e assuntos mais triviais, pois esses o descansam do dia a dia. Ao menos, para quem entende, quem ouve a música erudita, essa instiga o ouvinte e cria um estado de alerta, atrapalhando o simples deleite descompromissado.

As pessoas vivem cheias de problemas e cansadas da burocracia diária. Precisa-se de um fôlego a mais para os questionamentos estéticos e filosóficos como a música erudita. Pensar cansa, e de um modo geral o público clama por descanso; justo e necessário. Contudo, sempre haverá uma parte do dia que poderemos dedicar a essa modalidade musical, por exemplo de manhã, quando estivermos em pleno vigor matinal. De resto, no dia em que nossas crianças estiverem treinadas a ouvir melodias mais complexas, acumularão forças para poder ouvir mesmo quando cansadas; porque vale a pena. O teatro, em suas sessões noturnas, nos faz refletir e pensar muito. Assim é a música erudita que necessita atenção e respeito. O homem pode e também tem o direito de desligar seus aparelhos eletrônicos e simplesmente contemplar a natureza; coisa divina e maravilhosa. Porém, há os que preferem ouvir Bach, contemplando uma catedral. Há os que preferem ouvir Mozart, e pensar na existência. Há, por fim, aqueles que ouvem as “Quatro Estações” de Vivaldi em uma floresta, nadando em uma cachoeira de águas cristalinas, com uma boa companhia.

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Por Ricardo Yabrudi  –  yabrudisom@hotmail.com

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