(Foto: Divulgação)
“A paz externa pode ser embuste, pode
ser imitada, fingida; a paz interior não”
A 41ª convidada na série de entrevistas “Opinando e Transformando” é Marise Andreatta. Uma oportunidade para os internautas conhecerem um pouco mais sobre os profissionais que, de alguma forma, vivem para a arte/cultura. Confira:
> Breve currículo: Marise Andreatta nasceu em Campo Novo, Rio Grande do Sul. Filha de Vicente Sabino Andreatta e Albina Sangalli Andreatta. É advogada, teóloga, escritora, ensaísta. Chamada de poeta da inclusão. Publicou cinco livros - três de cunho teológico: “Porta aberta para o caminho de Deus” (2003), “Encontrei meu Criador” e “Tende bom ânimo” (2007). E dois ensaios literários de direitos humanos sobre violência doméstica e familiar: “Quando os pássaros gritam” (2013) e “Túnica da alma” (2014). É idealizadora e organizadora do Concurso Literário Internacional Justiça e Igualdade Social, com antologia, promovido anualmente.
> Em sua opinião, o que é cultura de paz?
Em minha opinião, cultura de paz significa uma construção de atitudes para o benefício do bem-estar social. A tentativa de aproximar, no dia a dia, os seres humanos para promover o bem comum de zelo. Independentemente de raça, cor, credo... Cultura de paz começa dentro de casa com virtudes que são ensinadas e praticadas desde tenra infância. Uma construção efetiva de zelo pelo outro ser.
> Como podemos difundir de forma coerente a paz neste vasto campo de transformação mental, intelectual e filosófica?
Eu só consigo pensar a paz sendo difundida se houver simultaneamente com ela a motivação, pensamento e atitude de virtude com o outro ser humano. Virtudes como pacificação, lealdade, fidelidade, zelo, amor, misericórdia de um para com o outro ser. Mesmo com toda tecnologia, momento de grandes transformações na sociedade contemporânea, é através da boa influência de virtudes nos relacionamentos que os ambientes podem ser transformados. Assim podemos difundir de maneira coerente a paz. Essa coerência sobre a paz ocorre quando a consciência do ser suporta a motivação, mais íntima do seu próprio eu. E nesse conhecimento sobre si mesmo, consegue reconhecer que age com virtude para proteger e respeitar as outras pessoas. De outra maneira, a paz seria apenas discurso vago.
> Como você descreve a cultura de paz e sua influência ao longo da formação da sociedade brasileira/humanidade?
Eu temo que ache certa hipocrisia velada, quando alguns seres humanos falam de cultura de paz na sociedade. Como seria possível, por exemplo, uma pessoa falar de paz e ser infiel num relacionamento conjugal? A infidelidade não seria violência psicológica sutil contra o outro ser? E como essa atitude de infidelidade promoveria a chamada cultura da paz no lar? Como poderia haver cultura de paz, num ambiente escolar, por exemplo, com violência sendo praticada dentro das escolas por parte de alguns alunos e de professores? Como falar de paz se alguns estão cheios de guerra, ódio e violência interna, e praticam efetivamente dano contra o outro ser? Talvez, através da contínua influência da construção do bem teremos possibilidade de um mundo melhor. Todo ato humano Influencia de maneira intensa os relacionamentos.
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"A cultura de paz pode ser aplicada em qualquer ambiente: escola, nação, grupo de pessoas, comunidades, dentro de casa, mas precisa ser efetiva. Não se constrói cultura de paz com preconceito, exclusão, intolerância, infidelidade, corrupção, ódio, causando danos ao outro ser. A cultura da paz não se instala quando pessoas agem com palavras vãs, sem atitudes coerentes de boa vontade de viver pacificamente com as outras pessoas. Precisamos pensar sobre isso. A cultura da paz é um exercício constante e uma disciplina dia a dia".
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> A cultura, a educação liberta ou aprisiona os indivíduos?
Penso que a cultura e a educação sempre concedem condição de libertação. O conhecimento bem intencionado liberta. Mas convivemos com muitas pessoas prisioneiras de suas próprias motivações corrompidas. Algumas pessoas cegas de entendimento que causam mal aos outros e falam de paz. Talvez, essa cegueira de mente seja a pior prisão do indivíduo. E isso impede a boa influência da cultura de paz. Independente de qual ambiente a cultura de paz esteja sendo instalada, a motivação humana destituída de bondade, de lealdade, fidelidade implica em falatórios vazios e inúteis sobre paz.
> Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância na difusão do despertar da humanidade.
O espaço digital é de importante difusão para despertar a humanidade e influenciar para a construção do bem-estar individual e social. Precisamos aprender virtudes, pensamentos e atitudes que trazem zelo ao ser humano para isso se tornar real. Insisto em dizer que tudo inicia dentro de casa. Ensinando os filhos a respeitar o outro ser, independentemente da individualidade que cada pessoa carrega.
> Qual mensagem você deixa para a humanidade?
Acredito que todo ser humano por mais íntegro que seja necessita de mais virtudes e sabedoria. Precisamos reconhecer a importância de conhecer a nós mesmos primeiramente. Acredito em relacionamentos saudáveis a partir desse conhecimento. A cultura da paz deve ser essa construção com virtudes. Sem virtudes o ser humano não tem condições de ser coerente nos relacionamentos. Esse pode ser um caminho razoável para implantação da cultura da paz em qualquer ambiente. A cultura da paz é um bem necessário, porém, a meu ver uma pessoa somente consegue promover a paz exterior de fato, se conhece a paz interior, que está além de qualquer entendimento humano. A paz interior traz conforto para a alma da pessoa, produz pacificação naturalmente no estado do ser. É paz de dentro para fora. Paz que aquieta a alma, os pensamentos, e conquista bons relacionamentos. A paz externa pode ser embuste, pode ser imitada, fingida. A paz interior não, porque a pessoa experimenta a quietude que emana pacificação a sua volta.
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