(Foto: Arquivo/Marcelo Gomes)
“O espaço digital encurtou distâncias entre pessoas e conhecimentos e, através dele, podemos absorver influências positivas e nos transformar com elas”
Rita Procópio é a 59ª convidada na série de entrevistas “Opinando e Transformando”. Uma oportunidade para os internautas conhecerem um pouco mais sobre os profissionais que, de alguma forma, vivem para a arte/cultura. Confira:
> Nome: Rita Procópio
> Breve currículo: Atriz, jornalista, tecnóloga ambiental, pós-graduada em meio ambiente com ênfase em recursos energéticos e em didática do ensino básico e superior, e aspirante a poeta. Possui cursos, oficinas e formações complementares em diversas áreas teatrais. Em Milão, na Itália, fez curso de aperfeiçoamento em Interpretação para Teatro e TV na Escola de Artes de Porta Gênova (Naviglio). Seu mais recente trabalho: texto, preparação do elenco, atuação e direção do infantil de cunho ambiental "Quem canta um conto aumenta um tanto". Na área jornalística, abastecia o site da Cruz Vermelha Brasileira Filial de Volta Redonda, e escrevia artigos ambientais para o jornal impresso da instituição e hoje é colunista do site OLHO VIVO - coluna Entretantos - e possui um site voltado para o universo feminino em parceria com mais duas jornalistas.
> Em sua opinião, o que é cultura?
Cultura para mim é um conjunto de valores e de saberes; são as experiências que carregamos ao longo da vida; é a multiplicidade de visões e, assim como a educação, funciona como matéria prima para a transformação. Há saberes diferentes, mas nenhum menor do que o outro. Todos são realidades importantes.
> Você se considera um difusor cultural? Qual é o seu papel neste vasto campo da transformação mental, intelectual e filosófica?
Todos nós somos difusores culturais. Ninguém sabe mais ou menos do que o outro. Estamos sempre caminhando num processo do vir a ser e, nesse processo, seguimos ensinando e aprendendo. Acho que dentro desse contexto todos nós provocamos transformações mentais, intelectuais e filosóficas nas pessoas na medida em que recebemos delas tudo isso também.
> Como você descreve o processo de aculturação, ao longo da formação da sociedade brasileira?
Hoje temos uma diversidade de campos. Nosso universo foi ampliado. Houve uma expansão muito grande na visão das pessoas o que faz com que elas se aprofundem em seus conhecimentos; faz com que elas saiam do popular e busquem formas mais elaboradas de se desenvolverem, ao contrário de séculos atrás onde elas se acomodavam e se conformavam com o que sabiam, justamente porque achavam que sabiam tudo. Hoje as pessoas têm consciência de que não há limites para o saber, assim como não há regras; assim como não há nenhuma criatura humana que seja dispensável no ato de ensinar e aprender. Tudo é cultura. Todos somos cultos, independente do nosso grau de escolaridade, crenças, religiões... Temos sempre algo a passar que alguém não saiba. O ser humano é uma riqueza de possibilidades.
> Que problemática você destaca na prática da difusão cultural?
Acho que o problema maior mesmo é o fato de, apesar da grande ampliação cultural que tivemos ao longo dos anos, ainda estamos presos em um só modelo que não consegue ser suficientemente flexível para acomodar a realidade. Estou embutindo aí nessa prisão o fato de não termos nos libertado de alguns conceitos, como por exemplo, do fato de ainda fazermos acepção de pessoas, de não valorizarmos o florescimento de culturas nacionais, de não valorizarmos nossa própria língua. Aliás, de conhecermos mais a língua e a cultura de fora do que a nossa. Nossa história é tão rica e pouco nós sabemos dela. Temos que valorizar mais nossa casa.
> Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural.
Não temos mais como retroceder à era da tecnologia. Num piscar de olhos, tudo muda e, se não nos atualizamos, vamos sendo deixados para trás à velocidade da luz. Tudo é muito dinâmico; a cada dia, um mundo novo desponta e, ao mesmo tempo em que tudo isso é assustador, também é fascinante e facilita a troca de informações no cenário cultural: Vamos sendo a cada dia mais lapidados culturalmente. O espaço digital encurtou distâncias entre pessoas e conhecimentos e, através dele, podemos absorver influências positivas e nos transformar com elas.
> Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais?
O que faz a humanidade possível é o poder que ela tem de inventar ideias, e de se reinventar. As coisas não funcionam bem sem o poder da imaginação humana. E tudo seria muito repetitivo se isso fosse atributo apenas de uma parcela da humanidade. Se apenas os ricos, bonitos e “letrados” fossem donos de todas as culturas e de todos os saberes. Para haver beleza, tem que haver diversidade, então, para mim, toda pessoa humana é sempre uma realidade importante.
> Clique e confira todas as entrevistas da série sobre Cultura "Opinando e Transformando"