(Foto Ilustrativa/Litoral em Movimento)

Espero que esse relato possa ajudar

alguém a procurar a Justiça e obrigar a

dar o atendimento que se é de direito

 

Internauta: Ida Silva
Volta Redonda

Em 28 de março, sexta-feira à noite, minha mãe deu entrada no Cais (Centro de Assistência Intermediária de Saúde) do Conforto, com quadro de AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico. Foi medicada e levada para o Hospital São João Batista para fazer uma tomografia, algumas horas depois.O médico, diante da tomografia, falou que teria que ser feita outra, entre 12 a 24 horas depois. Minha mãe foi sedada, mas mexia com o lado esquerdo e tinha estímulo à dor.

No sábado, permaneceu no Cais. Para nossa surpresa, foi transferida junto com todos os outros pacientes para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Santo Agostinho, logo nas primeiras horas, por não haver médico de plantão. Ela foi conseguir fazer a tomografia mais de 4 da tarde e já se encontrava em coma profundo. 

Confusão e desespero 

Chegando ao São João Batista, a responsável pelo plantão não queria que ficássemos no corredor e pediu para que os rapazes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) não saíssem porque iria voltar com minha mãe, já que ela não tinha sido comunicada da tomografia (o caos estava em toda área de Saúde, não havia médicos nos hospitais e nem nos pronto socorros, os funcionários do Samu iam de um lado para o outro com os pacientes graves e não havia vagas e nem médicos). Foram chamados enfermeiros para cobrir o atendimento com promessas de pagar R$ 75 e quando chegavam para trabalhar ficavam sabendo que receberiam R$ 45.

Como ela se recusava ao atendimento e, devido à demora da resposta, saí do hospital para fazer ligações, pedindo socorro. Logo que ela ficou sabendo que eu estava ligando, veio correndo falando que eu não precisava ligar para o prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB) e pra mais ninguém e que tudo já estava resolvido (até parece que eu ia ligar para o prefeito). 

Sem vagas no CTI do São João Batista e no Retiro 

Voltamos para a UPA e logo que o médico viu a tomografia pediu para eu me despedir dela e que iria intubá-la, colocá-la na sala vermelha e que teriam que colocá-la em um CTI (Centro de Tratamento Intensivo) com urgência. Aí começou o desespero. Segunda-feira fui informada de que o quadro era muito grave e que não havia vagas no CTI do São João Batista e nem no Retiro. Entramos em contato com a diretora do Hospital do Retiro e do São João Batista, eles ligaram para a UPA e pediram que eles entrassem em contato com o Dipa (que é responsável pela vaga). Fiquei sabendo que eles poderiam colocar em hospital particular e que seria custeado pelo SUS (Serviço Único de Saúde), só não tenho certeza de que funciona desta forma.

Passaram-se oito dias e o quadro dela piorando mais e mais, retiraram todas as minhas esperanças que ela voltasse, a cada dia era um problema diferente: pressão, coração, infecção generalizada foi a tal ponto que eu já providenciei o enterro, já que falaram que ela não poderia ser transferida pelo seu estado e por não haver vagas. Fui surpreendida novamente com o comunicado de que ela estava sendo transferida para o CTI do São João Batista e lá ela permaneceu até terça-feira, 15, quando se deu seu óbito. 

Descaso ainda permanece na rede de saúde 

Os funcionários do Samu permanecem rodando de um lado para outro atrás de vagas para atendimento, ainda há falta de médicos nos plantões, já que os recém formados que foram contratados adquiriram experiência para concursos e a rede particular. A população sofre à procura de atendimento, as contas da saúde não fecham e ninguém acha para onde foram desviadas as verbas para a saúde que nosso município recebe.

Eu não quero ficar sabendo que outras pessoas passaram pelo mesmo que eu, sem que não tenha feito ou falado nada. Me culpo por não ter pensado em ir à Defensoria e pedir a internação dela na rede particular e obrigar a prefeitura a colocá-la em hospital particular, mas naquele momento o desespero era tanto que não tenho palavras para explicar e muito menos pensar. Talvez ela teria ficado com sequelas, mas voltaria para casa. E sabe o que me revoltou mais uma vez? Até na hora de escolher a urna eles visam lucro. A despesa custeada pela prefeitura a urna é preta porque sabem que acabamos sempre ficando com a outra, que é marrom, sendo que é a mesma, só muda a cor, mas escolhendo a marrom temos que pagar por todas as despesas.

Espero que esse relato possa ajudar alguém a procurar a Justiça e obrigar a dar o atendimento que se é de direito.

Da Redação do OLHO VIVO

A prefeitura não responde aos questionamentos do OLHO VIVO. Chegamos a esperar sete dias (!) por uma resposta, antes de publicar uma reportagem, e ela não chegou. Também esperamos 20 dias a resposta a uma denúncia encaminhada à assessoria de comunicação da PMVR e sequer fomos contatados para que fosse dada uma explicação sobre a demora. Portanto, o OV não se sente mais na obrigação de ouvir a prefeitura em qualquer caso de denúncia ou reclamação. 

_____________________________________________________
> Como participar do “Você é o Repórter”

Fotografou (ou filmou) alguma irregularidade? Tem lixo acumulado na sua rua? Buracos, entulhos, flagrou algo que merece ser divulgado? É só enviar para o OLHO VIVO, que será publicado. Importante: Não são apenas coisas ruins e reclamações que podem ser enviadas. Viu uma ação social interessante? Um projeto na sua comunidade que está funcionando muito bem, obrigado. Tem uma banda, um grupo de pagode? Vai lançar um CD, EP ou DVD? Então, fotografe (ou filme) e envie os dados sobre o assunto com o seu nome completo, cidade, bairro e contato telefônico (não se preocupe, telefone e e-mail não serão publicados). Assim, todo mundo vai ficar de OLHO VIVO na sua reportagem.

. Envie para: claudioalcantara@pop.com.br I claudioalcantaravr@hotmail.com I contato@olhovivoca.com.br I Contato: (24) 9-9995-5250