Publicada em: 07/05/2014 (10:50:51)
Atualizada em: 26/05/2014 (09:33:12)

(Fotos: Divulgação)
Ruínas: Alguns critérios deverão ser comuns a todos os contos,
como a histórica cidade de São João Marcos como cenário das ficções
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O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, em Rio Claro, realiza o concurso cultural Contos de São João Marcos, que reunirá dez contos vencedores em uma antologia a ser lançada no Festival Literário do Parque, em outubro. As inscrições vão até 30 de maio e podem ser feitas pelos Correios ou online. O objetivo do concurso é incentivar a produção literária fluminense. Alguns critérios deverão ser comuns a todos os contos participantes, como a histórica cidade de São João Marcos como cenário das ficções.
- Os contos podem ser ambientados em qualquer período histórico, desde a fundação da cidade até os dias de hoje ou num futuro imaginário, preservando-se apenas as características históricas e geográficas reais -explica o coordenador do parque, Zeca Barros.

Concurso é uma iniciativa do Parque em parceria com a Editora Cidade Viva
Além disso, os contos devem ser narrativos, podendo ser escritos nos gêneros aventura, comédia, drama, ficção científica, mistério, policial, romance, suspense ou terror, com um mínimo de três e máximo de oito laudas. Podem participar todos os residentes no Estado do Rio de Janeiro, brasileiros ou naturalizados, de idade igual ou superior a 12 anos.
Os dez vencedores ganharão exemplares da coletânea, sendo que o primeiro, segundo e terceiro colocados ganharão ainda um espaço com cadeira para autógrafo no dia do lançamento do livro.
O concurso é uma iniciativa do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, em parceria com a Editora Cidade Viva e com o patrocínio da Light S/A e Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. Mais informações aqui.
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A cidade de São João Marcos

Fundos da Igreja Matriz
A história de São João Marcos começa como a de tantas outras cidades coloniais interioranas no Brasil: uma fazenda de penetração bandeirante às margens de uma das vias de interiorização da malha viária que começava a se desenhar entre o litoral, São Paulo e Minas Gerais.
Em 1739, numa fazenda que ficava à beira do Caminho Velho para Minas Gerais, foi construída uma capela dedicada a São João Marcos e, ao redor da capela, foi crescendo um povoado que mais tarde foi elevado à categoria de freguesia. Pouco menos de 30 anos depois ela foi considerada oficialmente uma cidade e passou a ser denominada por vila. A vila recebeu o nome de São João do Príncipe e assim foi chamada até 1890, quando voltou a ter o nome original do povoado: São João Marcos. Naquela época, as cidades e povoados da região fluminense eram simples e modestas. São João Marcos não era diferente, apesar de bem estruturada.

Festa histórica: Crianças no carro durante o Carnaval
Como berço da expansão cafeeira no Vale do Paraíba Fluminense, a cidade se encontrava em uma posição privilegiada: no centro da área produtora, na confluência de grandes rios, próxima à corte - instalada no Rio de Janeiro - e com ligação direta ao mar via Mangaratiba. Esse conjunto de fatores fazia de São João Marcos uma das maiores cidades produtoras de café. Apesar de não ser muito grande, tinha modernas opções culturais e de infraestrutura.
No Carnaval, a cidade ficava muito animada e os bailes nunca acabavam antes do amanhecer. Existiam duas bandas de música que tocavam durante toda a semana durante as festividades. Um carro alegórico circulava pelas ruas e os foliões, na sua grande maioria, usavam fantasias.
A última grande festa de São João Marcos foi a comemoração do bicentenário da cidade e de seu tombamento como Monumento Histórico Nacional, no ano de 1939. Uma queima de fogos brilhou no céu como luzes coloridas e cinco bailes não deixaram ninguém parado até às 4h.

Antigo: Mapa São João Marcos
O tombamento se deu por conta de um abaixo-assinado liderado por Luiz Ascendino Dantas, e a cidade passou a ser reconhecida como monumento histórico pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional SPHAN, atual IPHAN - o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Apesar da relevância do seu conjunto arquitetônico, São João Marcos foi destombada por Getúlio Vargas para o aumento da capacidade da Represa de Ribeirão das Lajes. Foi então inevitável que a cidade fosse desocupada. Primeiro foram as fazendas e depois as residências do seu perímetro urbano. Todas as edificações foram destruídas para que não houvesse retorno e a eventual ocupação irregular das casas.
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O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos

Vista panorâmica do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos
Após quase sete décadas de desocupação, o local foi totalmente tomado pela mata. Em 1990, as ruínas de São João Marcos foram tombadas pelo Instituto Estadual de Patrimônio Artístico e Cultural - Inepac. Pouco mais de dez anos após o tombamento, o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos foi inaugurado, no dia 9 de junho de 2011.
O Parque nasceu de um antigo desejo da população local. Foi necessário um intenso trabalho de arqueologia para que esta história de glórias e conquistas importantes para a memória da cidade e do Brasil pudesse ser preservada para as futuras gerações. O marco inicial do trabalho foi em 2008, com a realização de uma intensa pesquisa histórica, iconográfica e ambiental, a coleta de depoimentos de antigos moradores e um trabalho cuidadoso de prospecção arqueológica. Esse levantamento permitiu a construção de maquete, revelando a antiga cidade e a elaboração de projetos paisagístico, museólogo, de sinalização, além da construção de um Centro de Memória e de um anfiteatro para 150 pessoas.

Ponte: Parque Arqueológico e Ambiental de SJM
- O estudo dos sítios arqueológicos contribui para despertar o interesse cultural das sociedades contemporâneas pelo processo de sua formação, proporcionando, além de uma interpretação, uma reflexão sobre as suas origens - diz Silvia Puccioni - arquiteta e arqueóloga. É exatamente o que ocorreu em São João Marcos.
O Parque está situado na região da Represa de Ribeirão das Lajes, uma reserva da Mata Atlântica reconhecida pela Unesco. Desde a sua criação, as ações predatórias ao meio ambiente no local e no seu entorno diminuíram significativamente. Várias escolas já estiveram em São João Marcos para aprender sobre o rico patrimônio natural local.

Ruínas do Parque
- A educação ambiental é fundamental na busca pelo desenvolvimento sustentável, por ser uma das opções mais fáceis de ser efetivada e um instrumento para formação de um novo olhar, novo pensar e uma melhor qualidade de vida - observa o biólogo Mario Vidigal.
Em pouco mais de dois anos e meio após sua inauguração, o Parque já recebeu cerca de 22 mil visitantes, tornando-se o equipamento cultural mais visitado da região. Paulatinamente vem se consolidando como espaço capaz de promover o desenvolvimento, conhecimento e qualidade de vida aos moradores dos municípios em seu entorno.

Beleza natural: Mulungus
A programação tem como principal objetivo salvaguardar a memória da cidade histórica de São João Marcos. As atividades propostas para 2014, assim como as já realizadas desde a inauguração do espaço em junho de 2011, pretendem valorizar o patrimônio material e imaterial associado à história marcossense, despertando a consciência dos frequentadores do Parque sobre a importância deste patrimônio para a identidade e desenvolvimento de toda a região.
Desde a sua inauguração já foram realizados no Parque cerca de 40 eventos de natureza cultural, com ênfase na valorização das tradições do local e entorno. Grupos de folias de reis, incluindo uma nascida e remanescente da velha São João Marcos, grupos de jongo, atividades com quilombolas do Alto da Serra, localidade próxima ao parque, grupos de contação de história e teatro de Rio Claro, poetas de Piraí homenageando Fagundes Varela, nascido em Rio Claro, além das exposições "Mulheres de São João Marcos" e "Pereira Passos: Cidadão de São João Marcos", um dos mais ilustres filhos da localidade, bandas de música da região e atividades em torno do artesanato e culinária local, são alguns dos atrativos já apresentados no calendário de atividades do Parque.
