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Ó Abre Alas

Carnaval do Sul Fluminense será ao som de DJs

Com corte de custos, prefeituras deixam bandas a ver navios; governos afirmam dificuldades em conseguir patrocínios

Geral  –  31/01/2016 11:30

Publicada em: 28/01/2016 (15:50:38)
Atualizada em: 31/01/2016 (11:30:08)

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(Fotos: Divulgação) 

Mistura Carioca: A cantora Aline Gouvêa teme não se apresentar neste ano durante a folia

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Depois de 20 carnavais consecutivos, a cantora Aline Gouvêa, 34 anos, teme em não soltar a voz neste ano na maior festa popular. Até agora, a banda em que a vocalista faz parte - Mistura Carioca, de Pinheiral - não havia fechado nenhum contrato com prefeituras ou clubes em 2016. O grupo, que já chegou a fazer oito shows (quatro horas cada um) em cinco dias, só conseguiu uma agenda: pré-Carnaval num clube em Pinheiral. 

- É uma pena. Pra gente que é músico é muito triste ver acabar com uma festa tradicional e cultural tão bonita quanto o Carnaval de rua embalado ao som de bandas. Mas não perco a esperança - disse Aline Gouveia, 33 anos, faltando uma semana para o Carnaval. 

A ansiedade de músicos, dançarinos e cantores não é escondida nos bastidores artísticos do Sul Fluminense. 

- Nos anos anteriores, minha agenda era fechada um mês de antecedência - lembrou o guitarrista Flávio Fernandes, 29 anos, que trabalha como freelance. 

- Para tocar este ano, fechei agenda em Minas Gerais. Se essa moda de economizar pegar, o Carnaval da região vai acabar - enfatiza. 

"Estamos inovando para não acabar com a festa"

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Blocos em Piraí: Festa será ao som de DJs para economizar também no reinado de Momo

Nenhuma das três cidades mais tradicionais no Carnaval vai ter banda ao vivo. Piraí, terra do governador Pezão, terá bloco, mas ao som de DJ. 

- A música após a passagem dos blocos ficará por conta de um DJ. Isso porque nós só podemos contratar o que podemos pagar. Estamos inovando para não acabar com a festa - argumenta o secretário de Cultura de Piraí, Eco Stacatto. 

A prefeitura que compartilha da mesma opinião é a de Pinheiral. Lá só teremos blocos, sem banda também. 

- Se os municípios estão em crise, obviamente as empresas também estão e, por conta disso, modificaram sua política de patrocínio e participação em eventos. Prova disso foi que a própria Light S.A., sempre presente, patrocinando parte de eventos públicos, neste ano não poderá estar apoiando o Carnaval de Pinheiral - divulgou Pinheiral, por meio da assessoria de imprensa. 

Angra dos Reis também não terá bandas ao vivo. O presidente da Fundação Cultural (Cultuar), Délcio Bernardo, considera a decisão acertada, uma vez que os municípios atravessam sérias dificuldades financeiras. 

- Estamos vivendo um momento muito delicado. Os blocos de rua são, sem dúvida, a principal essência do Carnaval em Angra. É neles que iremos investir, são eles que iremos apoiar. E com esses blocos não faltará a alegria de brincar com a família nas ruas - disse Délcio. 

Segundo as prefeituras, o custo total de uma banda pode atingir a marca dos R$ 50 mil para se apresentarem cinco noites da festa (R$ 10 mil por noite). O valor dá para pagar o salário de pelo menos 23 professores de Angra dos Reis.

Por André Aquino  –  aquino.andre@hotmail.com

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