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Literatura & Cia.

Jean Carlos Gomes

poearteditora@gmail.com

Sem Arrependimentos

Salgado Maranhão - O prazer do poema como valor supremo

Poeta, jornalista, palestrante e consultor cultural será homenageado no livro XIV Coletânea Século XXI, resultado do X Concurso Nacional Viagem pela Escrita

Entrevistas  –  28/06/2023 17:03

 
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(Foto: Divulgação) 

“Há escritores extraordinários com poucos leitores, e escritores medíocres que vendem milhões. Quem escreve deve-se apenas ater-se em fazer seu trabalho do melhor modo possível, o mais pertence a quem divulga e a quem compra”. 

Salgado Maranhão será homenageado no livro “XIV Coletânea Século XXI”, resultado do X Concurso Nacional Viagem pela Escrita (as inscrições estão abertas). A iniciativa é da PoeArt Editora. Salgado Maranhão (José Salgado Santos) nasceu em Caxias (MA), 1953. Vive no Rio de Janeiro desde 1973, onde atua como poeta, jornalista, palestrante e consultor cultural. Tem mais de dez livros publicados e sete prêmios conquistados. 

Confira a entrevista com Salgado Maranhão 

Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário se desenha para a literatura brasileira? 

O advento da Internet representa um meio muito eficaz para divulgação da literatura, mas não tem grande influência na qualidade da sua produção. O escritor constrói-se solidariamente no seu mundo de observação e leituras. E, se tiver talento genuíno e disciplina, poderá realizar uma obra relevante. O que não é garantia de sucesso em vida, apesar da Internet. 

A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade? 

Todo escritor deseja ter leitores, mas essa questão é uma grande incógnita. Não depende sequer da qualidade. Há escritores extraordinários com poucos leitores, e escritores medíocres que vendem milhões. Quem escreve deve-se apenas ater-se em fazer seu trabalho do melhor modo possível, o mais pertence a quem divulga e a quem compra. No que se refere ao Brasil, é ainda muito desproporcional a quantidade de leitores, referente à população do país. 

O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona? 

A Literatura foi fundamental na minha vida, mudou completamente minha trajetória, dando-me voz e presença reconhecível. Sem ela eu seria um número na multidão. Minha vida, atualmente, é o resultado do que a poesia fez de mim, tanto como percepção da realidade, quanto expressão afirmativa. 

Qual é a função da literatura na sociedade? 

A função social da literatura não se restringe, a meu ver, a nenhum imediatismo. Mas a uma sedimentação cumulativa do imaginário e dos seus desdobramentos através dos costumes civilizatórios. Ela trabalha no inconsciente profundo, elaborando nossa capacidade de perceber a existência nas suas sutilezas. 

Um crítico literário deve analisar apenas um poema ou a obra como um todo? 

A crítica de um poema ou da obra completa de um poeta deve tratar seu objeto de estudo como um espectro que tem alma, não como um corpo em busca de uma autópsia. Gosto de críticos que analisam poesia usando uma linguagem com viés poético. Como fizeram Benedetto Croce e Maurice Blanchot. 

Uma mensagem aos autores iniciantes? 

Aos que se iniciam no difícil exercício da poesia, precisam, primeiro cortejar sua vocação. Querem escrever apenas por diletantismo ou para valer? Se for para levar a sério, há que se preparar para gastar uma vida inteira numa entrega sem retorno material, desfrutando apenas o prazer do poema como valor supremo. Além disso, buscar um aperfeiçoamento que nunca termina. Mas, ao final, ninguém se arrepende. 

O que acha de nossa iniciativa de entrevistar/homenagear renomes de nossa literatura? 

Meu caro Jean, sua iniciativa de homenagear autores que dedicam sua via dando o melhor de si, para engrandecer nossas letras, é um gesto de grande valia, sobretudo, para que possamos alcançar os mais jovens leitores que levarão nosso legado para o futuro. E, mais que isso, reflete uma enorme generosidade do seu espírito. 

 

Por Jean Carlos Gomes  –  poearteditora@gmail.com

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