(Foto: Divulgação)
“O reconhecimento pode demorar, mas é importante o poeta continuar seu processo de aprendizagem e assim deixar fluir e desabrochar seu estilo de escrever, sua essência”.
Nossa entrevistada é Vanice Zimerman.
Nascida em Curitiba (PR), em 1962. Formada em Letras Português/Inglês, escritora e artista plástica. Realiza oficinas de haicais e aquarela. Com textos em 115 livros-impressos e e-books- coletâneas: Conexão-Feira do Poeta-2015 a 2023. Livro Saudade... 2021. Livros de haicais: (Croácia 2015 a 2024). Samoborski (Darko Plazanin-Samobor Haiku), Kabocha, 2016, A Lâmpada e as Estrelas, 2012; Poemas & Imagens-Instituto Memória-2013. Publicações nas revistas: Carlos Zemek e Iris-Haiku-Croácia; integrante do Grupo O Zen do Haicai, da Iwa, Acadêmica da Avipaf, APB e CBL. Recebeu Menções Honrosas e prêmios no Brasil e Croácia: Afrodita, Anthology-Haiku, Ludbreg-2023, 2º lugar-Haicai Adulto Estadual, 2023-Irati, PR; 6º Concurso Kenjo Takimore-Toledo, PR; 3º Lugar-Haicai Adulto Estadual, 2022; Menção Honrosa-Haicai no 3º Concurso Kenjo Takimore - Toledo (PR), 2019.
Confira a entrevista com Vanice Zimerman
> Vanice, fale um pouco de seu início no mundo das letras e de sua trajetória.
Comecei a escrever, desde a adolescência, mas a publicação dos meus textos iniciou a partir de 2007, quando cursava a Faculdade de Letras. Escrever faz parte da minha rotina: escrevo poesias, principalmente, haicai, mas também escrevo crônicas, minicontos. Escrevo a qualquer hora do dia, ou até de madrugada, dependendo do tempo disponível.
O meu processo de escrita tem muito a ver com a pintura das minhas telas, e de outros pintores e nas fotos que tiro. Sinto uma sintonia das imagens nas telas, ou nas mensagens do dia a dia contidas em folhas, gotas d´água, borboletas, joaninhas, louva-a-deus... E assim escrevo em poesias essas sensações de cores, aromas, contornos, texturas, harmonia entre luz e sombra. Muitas vezes, uma palavra e sua origem inspiram a pesquisa, e a partir dessa ideia inicial a palavra se transforma, tendo vida e outros significados e flui de maneira natural. Com o passar do tempo recebi convites para participar de antologias, livro individual e convites para participar de Academias Literárias.
> Sente na sua obra a influência de algum ou alguns poetas?
Sinto em minha obra a influência de alguns poetas que comecei a ler na adolescência, entre eles, Machado de Assis, Mario Quintana, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Helena Kolody e Marina Colasanti.
> Cite três nomes de poetas que na sua opinião estão entre os melhores do Brasil.
Carlos Drummond de Andrade, Mario Quintana e Clarice Lispector.
> Como faz os títulos de seus poemas? Você escolhe alguma palavra do poema, procura inspiração em outros textos ou os títulos surgem na sua cabeça?
Quanto aos títulos, muitas vezes uma imagem ou palavra inspira o título, ou releio o poema e sinto a palavras ou palavras que fazem mais conexão com o poema. Às vezes, acontece de sonhar que estou escrevendo e o título vem junto com versos, então ao acordar anoto o que sonhei.
> Fale um pouco de seu trabalho como artista plástica.
Inicie meus estudos e exercícios de artes plásticas, no Espaço de Arte Dante Alighieri - Curitiba - PR (desde 2005, com a professora Dirce Polli); continuei o aprendizado com alguns Cursos de Extensão na Embap e cursei dois anos do Curso de Artes Visuais, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Quanto às técnicas de pintura, tenho trabalhos em óleo/tela, acrílico, colagens e aquarela. Sobre os temas, a natureza com as imagens do dia a dia: borboletas, folhas, flores, gatos, pássaros, barcos são elementos que fazem parte das minhas telas. Participei de algumas exposições nacionais e internacionais. Fiz ilustrações de capas de livros, em aquarela e fotografias, na Croácia, e alguns livros da Nogue Editora - Amaury Nogueira. Atualmente, dedico mais tempo à aquarela e a estudar suas apaixonantes técnicas.
> Como você enxerga o trabalho poético depois da quarentena?
Os escritores voltaram a se reunir em lançamentos de livros em Curitiba; exposições de poesias na Feira do Poeta de Curitiba, oficinas literárias, saraus e as bem-vindas divulgações dos autores em eventos literários em Curitiba e em feiras presenciais de livros (FLIP, por exemplo).
> Você conhece o movimento literário curitibano. Muitos reclamam, pois os nomes dos poetas demoram muito até obter reconhecimento. Na sua opinião, quais são os poetas com maior chance de projetar seus trabalhos em nível nacional?
Acompanho as informações sobre o movimento literário curitibano, embora não tenha participado, recentemente, das atividades presenciais. Penso que os poetas com maior chance de projetar seus trabalhos em nível nacional podem ser aqueles que recebem destaques em concursos literários ou que possam se destacar com produções independentes. O reconhecimento pode demorar, mas é importante o poeta continuar seu processo de aprendizagem e assim deixar fluir e desabrochar seu estilo de escrever, sua essência.
> O que espera de 2024?
Espero que a poesia e seus autores tenham mais visibilidade e alcancem o olhar e o coração de muitas pessoas, principalmente, das crianças e adolescentes também. Desejo voltar a ministrar oficinas de haicai e aquarela em escolas e museus.
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