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Premiação 2026

Crônicas de Humor e Entrevistas Poéticas

Isabel Furini

isabelfurini@hotmail.com

Criando Asas

Rita Delamari - Um olhar à diversidade

Textos expressivos, fortes, voltados para a alma humana, à natureza; sentimentos diversos, de amor, alegria, tristeza e empatia

Entrevistas  –  16/09/2025 11:31

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(Foto: Divulgação/Decio Romano)

“Não deixe que a sua inspiração lhe escape, escreva; leia, principalmente outros poetas; leia os seus textos, após escrevê-los; procure participar de oficinas literárias, sempre que puder - a insistência pode levar à excelência”

 

Nossa entrevistada é a poeta Rita Delamari (nome artístico).
Rita do Rocio Alves dos Santos, é natural de Curitiba/PR e formada em pedagogia. Ingressou na Polícia Militar do Paraná em 1985, onde construiu carreira até se aposentar, em 2016, com a graduação de 1º sargento. Com o poema “Adolescência”, iniciou oficialmente sua trajetória poética, em 2005. É autora dos livros “Das Pedras as Flores” (Ed. Íthala, 2011), “Da Janela do Quarto” (Ed. Blanche, 2015), “Contornos e Contrastes” (Marianas Edições, 2018) e “Maré de Vênus” (Ed. Donizela, com lançamento previsto para 2025), além de coautora em diversas antologias nacionais e internacionais. Foi vencedora do Concurso Literário do município de Fazenda Rio Grande/PR, em 2018, conquistando o 1º lugar na categoria Poesia - Comunidade. É integrante do Centro de Letras do Paraná e da Ajeb (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - Coordenadoria Paraná); ocupa a Cadeira 41 da Avipaf (Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia), a Cadeira 35 da Academia Paranaense da Poesia e a Cadeira 23 da Almepar (Academia de Letras dos Militares Estaduais do Paraná). Atua nos coletivos Marianas, Oceânicas, Vozes Escarlate e Mulherio das Letras, na promoção da literatura e da arte produzidas por mulheres.

Confira a entrevista com Rita Delamari

> Quando iniciou o seu interesse pela poesia?

Sempre gostei de poesia. Já na minha adolescência comecei a ler poemas com frequência. Nesse período eu tinha o velho e bom diário; escrevia textos de reflexões, pensamentos, acrósticos; registrava sempre acontecimentos que ocorriam no colégio em que eu estudava, fatos do dia a dia, com alguém próximo a mim, com a família ou com os amigos. Foi na idade adulta que escrevi o primeiro poema. A partir daí a poesia instalou-se complemente em minha vida e se tornou uma grande paixão.

> Sente na sua obra a influência de algum ou alguns poetas?

Acredito que, de certa forma, as pessoas que escrevem sofrem influências. Não somente dos poetas, mas também de contistas, cronistas ou romancistas. Em alguns eu consigo perceber, já em outros, por gostar de seus textos os leio e me inspiro. Cito como exemplo: Virgínia Wolf, Angela Davis, Clarice Lispector, Fernando Sabino, Carolina Maria de Jesus, Simone de Beauvoir, Carlos Drummond de Andrade, Gilka Machado e Conceição Evaristo. Sem citar nomes, para não ser injusta, há muitos escritores contemporâneos do meu convívio que me inspiram. Também me inspira Mário Quintana, poeta que admiro e ao qual já fui comparada em análise de alguns dos meus poemas. E, coincidência ou não, assim como ele, que teve suas primeiras produções literárias publicadas ao estudar em colégio militar, tive a oportunidade de trabalhar durante três anos consecutivos no Colégio da Polícia Militar do Paraná e, nesse período, a pedido da professora de língua portuguesa do CPM, Ana Leonor Schenfeld, enviei aproximadamente 90 poemas engavetados para a sua revisão - e foi ela quem me incentivou a publicar o meu primeiro livro.

> Rita, como você escolheu o seu nome artístico?

Gosto do meu nome, nome escolhido por minha mãe, Maria, e, desde o início da minha trajetória literária, a intenção era criar um sobrenome artístico em homenagem a ela. Cheguei a escolher alguns, mas não me chamavam a atenção. Então, eu pensei em Maria Rita (cantora que admiro), Rita de Maria... E dessa forma surgiu o Rita Delamari, composição em que eu trouxe o mar em meu nome - uma das paixões que eu tenho na vida.  

> Segundo a sua percepção, esta época de pandemia é boa ou é ruim para a criação literária? Você se sente mais ou menos inspirada?

Na época da pandemia, muitos escritores não conseguiam dar vazão às suas inspirações. Porém, as pessoas só ficavam em casa e a saída para alguns era escrever - eu fui uma delas. No começo não conseguia escrever uma linha, mas, depois, assistindo à televisão, lendo noticiários e constatando fatos diários daquele período, jorrou inspiração. E dessa fonte dei início ao meu quarto livro.

> Rita, você gosta de interpretar poemas? Como se sente declamando?

Gosto muito, mas nem sempre consigo; aprendo a cada dia. Sempre que tenho oportunidade leio os meus poemas e de outros escritores. Existem pessoas que já nasceram declamando, já outras... Ao participar de eventos culturais e literários sinto alegria e emoção. Ler ou declamar poemas é uma bela maneira de divulgar o nosso trabalho e o que nos leva a aprimorar a declamação.

> Sobre os títulos dos poemas. Você considera importante os títulos? Pensa que o título é supérfluo?

São raros poemas meus sem títulos. Não acho supérfluo. Penso que, após apresentados com um título, eles passam a ter uma identidade própria do autor. Alguns autores são conhecidos pelos títulos de suas obras; também para que seus leitores também possam a ter uma identificação.

> Como a leitora Rita Delamari enxerga a poeta Rita Delamari?

Difícil falar de uma ou outra. Porém, a leitora consegue perceber que são textos expressivos, fortes, voltados para a alma humana, à natureza. Sentimentos diversos, de amor, alegria, tristeza e empatia; um olhar à diversidade - uma evolução na poeta que gosta do que tem lido.

> Se você fosse obrigada a escolher um poema de sua autoria que represente o seu estilo, a sua voz poética, qual escolheria?

Voo

Na incessante descoberta,
Jogo com a linguagem
Descubro coisas escondidas.
Descrevo o invisível.
Deslumbro-me.
Palavras misteriosas se fundem
e desvendam mistérios;
O que vejo através das nuvens
Foge a todo entendimento.
Nesta saga, sei que não devo
Privar-me de nada.
Desprendo-me.
Vou de encontro ao infinito...
Sinto que meu corpo flutua,
Metamorfoseio-me.   
Transo livremente com as palavras
Volto para dentro de mim.
Agasalho-me, ao frio do inverno;
Escrevo, leio, deixo-me guiar...
A poesia flui, livre, eficiente.
Na proposta de criar asas,
Transcendo!

> Que conselho daria para os novos poetas?

Não deixe que a sua inspiração lhe escape, escreva. Leia, principalmente outros poetas; leia os seus textos, após escrevê-los; procure participar de oficinas literárias, sempre que puder - a insistência pode levar à excelência.

> Quais são os projetos para o segundo semestre de 2025?

Estou finalizando meu quarto livro, intitulado “Maré de Vênus” (Ed. Donizela), com lançamento previsto ainda para este ano, e tenho, também, compilado algumas crônicas para uma futura publicação. 

> Confira todas as crônicas e entrevistas da Isabel Furini 

 

Por Isabel Furini  –  isabelfurini@hotmail.com

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