(Foto Ilustrativa)
A coisa mais aborrecida que existe
é a política em Volta Redonda
Renato Barozzi
Para começar, vou logo informando que este texto se assemelha ao que os políticos dizem, ou seja, dele se aproveita apenas a terça parte e o resto pode ser atirado à lixeira. Portanto, se quiserem começar a lê-lo da metade para o fim vocês não perderão nada.
Tentaram me ensinar a máxima: "Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos 40 anos de vida, aprender a ficar calado". Entretanto, ainda não a aprendi. Tampouco quem a escreveu praticou tal ensinamento, morreu sendo muito ouvido por todos nós.
Sou cobrado por alguns conhecidos e por meus dois únicos leitores para escrever sobre política. Na hora eu não digo nem que sim e nem que não. Tento mudar de assunto. Faço comentários pertinentes na tentativa de aplacar e saciar seus desejos em ouvir-me falar da coisa mais aborrecida que existe, que é a política em Volta Redonda.
É que fico doente com a política nesta cidade
Ela beira, literalmente, a morbidez de um coma profundo ou a incapacidade de um enfermo em abrir os olhos a fim de saudar aqueles que o visitam. Vivemos numa cidade em estado terminal que não renasce devido a um Ghost que insiste em não deixar o corpo e partir.
O tratamento, às vezes, oferece momentos menos tensos, portanto, lúdicos. Como o exemplo de um colega meu que chega até mesmo a assistir às sessões plenárias na Câmara Municipal a fim de curar-se de uma depressão. O ordinário momento lhe proporciona gargalhadas internas extraordinárias que lhe regeneram células e estimulam algumas reações físico-químicas em seu organismo, possibilitando-o sair do recinto transbordando o maior alto astral, proclamando com confiança e entusiasmo: há chaga pior do que a minha!
Parece que vivemos num "sus"
Além de não ter dado certo, não universaliza nenhum serviço, assim como tenta fazer o SUS (Sistema Único de Saúde) original. Esse "sus", assim mesmo, em minúsculas, é o: "sistema único de sustentação de interesses particulares". Dele derivam o "susto" e o "sustado". Outros dois sistemas que significam respectivamente: "sistema único sobremaneira tanigênio e oblíquo" e "sistema único sisudo, taciturno, anômalo e diluvianamente oneroso".
Escrevendo nesses termos encontro prazer ao abordar a política como tema. Minha mixórdia não diminui minha crítica, mas a sustenta no espaço-tempo de um quotidiano permeado de parasitas, onde, de acordo com especulações filosóficas contemporâneas, a moralidade voltará à moda no longo prazo. Oxalá não estejamos todos mortos como vaticinou Keynes. Portanto, me permito a galhofa, já que: "Viva o Brasil, onde o ano inteiro é primeiro de abril".
Palavras do novo Papa Francisco
Bom. Talvez eu até mesmo tenha vislumbrado alguns sinais deste "tempo vindouro" nas palavras do novo Papa Francisco. O eleito, quando de sua mensagem Urbi et Orbi, tocou numa ferida que repetidas vezes eu vi sangrar em minhas íntimas convicções: "O poder deve ser usado para o serviço voluntário, caridoso e justo".
Isso resume bem o que penso e sempre proclamei: a política está aí para servir e não os políticos para servirem-se dela em benefício próprio. Esse é o verdadeiro sentido. Sei que seria querer demais que os políticos se tornassem cardeais do dia para a noite, pensando bem, isto não mudaria muita coisa, mas, no mínimo, eles deveriam possuir a ficha limpa e não enriquecer no exercício de cargos eletivos. Isto já seria o suficiente para beatificá-los e canonizá-los, ou seja lá o que for que venha primeiro.
Enquanto a "era da moralidade" não acontece
Só quem tem credencial para entrar no céu é pai, mãe e quem morre trabalhando. Mas já pensaram no dia em que bastará ser vereador ou deputado para ter acesso privilegiado à terra que emana leite e mel? Encontrar um político que esteja nesta condição hoje é tão complicado e difícil quanto ler o pensamento da esposa e agradá-la sem que ela perceba nosso lado telepático.
Pelo menos uma coisa temos que reconhecer que os políticos sabem fazer muito bem, utilizam como ninguém de "estratagemas dialéticos". Quando o assunto os agrada, tomam para si a paternidade da ideia. Quando recebem críticas, elegem logo um novo inimigo. Quem elogia é aliado e companheiro, quem discorda está fazendo apenas "política de oposição", mesmo que tenham contribuições fundamentadas interessantes para dar. Preferem o "argumento sofístico", pois não se preocupam com a verdade, mas com a vitória do seu argumento contra o do opositor. Usam e abusam da "manipulação semântica".
Por fim, carregam como dogma ou princípio elementar à sua atividade, o estratagema da "negação da teoria na prática", que consta em proclamar sempre: "Isso pode ser verdade em teoria; mas na prática é falso".
Não podemos ignorar a política
Apesar de todo distanciamento por medo do contágio, não posso, ou melhor, não podemos ignorar a política como se ignora uma epidemia de dengue no município vizinho. Devemos estar atentos e contribuir para que o ambiente político se torne saudável e respirável.
O tom irônico do que acabo de escrever não prescinde de um comportamento responsável e justo em busca de uma representação confiável, honesta e austera. Se assim não for, "a terra esquecerá a humanidade e o jogo da vida seguirá sem estarmos presentes".
Depois de todo este diagnóstico, só resta desejar: "Paz na terra aos homens de boa vontade. Isto é, paz para muito poucos".
> Renato Barozzi não é médico, vidente ou curandeiro, mas busca diariamente a cura para a sua alma tentando tornar-se uma pessoa melhor
