(Foto Ilustrativa)
Com a proposta da prefeitura, a população
vai sair de casa, mas não vai saber como vai
voltar; isso é realmente ultrajante
Giglio
Foi tudo tranquilo, bonito e bacana, ontem, 27. Um ato bem conduzido por uma molecada muito bacana e responsável. Tudo tranquilo, boas palavras de ordem, como deve ser num ato político. Micaretagens ficaram para trás. Uma batucada bem brasileira deu o tom festivo acompanhando as palavras de ordem! Organizado, um grupo de segurança, fomos abrindo o ato com um cordão de isolamento entre o grupo (umas mil pessoas para mais) e a polícia (muitos e em ao menos três pontos da avenida). Chegando ao Colégio João XXIII, os credenciados entraram e os outros foram para a quadra - devidamente revistados. Só encontraram as latas e paus... Da batucada!
Lá dentro, El Rey (o prefeito Antônio Francisco Neto - PMDB) não apareceu e enviou seu vice, Carlos Roberto Paiva (PT), para dar a notícia de implementação do Bilhete Único daqui a um ano e com condições, ao meu ver, que não atendem às reivindicações. A galera se recusou a ouvir o vice. Queriam El Rey. Mais palavras de ordem e o que seria uma audiência pública virou uma apresentação pública da pauta de reivindicações para o vice prefeito.
Alguns governistas tentaram bater boca...
Mas conseguimos conter nossos animados companheiros que quase embarcaram e continuamos, até terminar a leitura, por Dayana Rosa e Arthur Barcelos, do documento elaborado por uma frente suprapartidária e movimentos sociais. Tudo correu bonito, com anarquistas e punks também engrossando as fileiras. Nada quebrado, nada queimado, trânsito parado durante a passeata. E como o prefeito não apareceu, dia 2, às 18h, será realizada mais uma plenária para dar rumos ao movimento. Plenária popular, participativa, suprapartidária. Ninguém preso. Aliás, quem deveria ser preso não compareceu! Se a passagem não baixar, Volta Redonda, vai parar!
Pauta apresentada
> Imediata redução da tarifa
> Passe livre irrestrito para estudantes (da educação infantil ao ensino universitário)
> Redução da tarifa
> Criação de ciclovias
> Criação de uma empresa pública de transporte
> Pela revogação da lei que estende em 30 anos a concessão para empresas de ônibus
Pior do que baixar o preço da passagem em R$ 0,10, é oferecer Bilhete Único com validade de uma hora e, ainda por cima, não dar direito de ir e vir com o mesmo bilhete
Anielli Carraro
Quando começamos a caminhar, tudo ia bem. Na metade do caminho, a PM estava em peso na nossa frente, visivelmente em posição de aguarde. Fizemos um cordão de isolamento humano na frente do carro de som que guiava os manifestantes. Depois desse, os ciclistas ocupavam a frente, em um novo cordão, andando lentamente e enfileirados. À frente deles, algumas pessoas tentavam organizar as calçadas, para que ninguém viesse para frente. Nosso medo, era pela quantidade de PMs à frente. Se não houvesse uma mínima organização, o confronte poderia ser inevitável. Acho que estávamos há uns oito ou dez metros deles, bem próximos. Nos acompanharam até a entrada do João XXIII.
Organizadamente, alguns se inscreveram para entrar no auditório e outros ocupariam a quadra ao lado. Todos os que estavam de mochila foram revistados na entrada e não encontraram sequer uma única arma, garrafa ou pedra, como propagava o boato de mais cedo, tenho certeza que para minar o movimento. Já dentro do teatro, Paiva se apresentou à população e disse que representaria o prefeito nessa negociação. Imediatamente, o povo que estava sentado se levantou e, aos gritos de "Dignidade" "Neto, cadê você, ei vim aqui só pra te ver", se recusou a dialogar com o vice-prefeito. Ainda havia muita movimentação dentro do teatro. No fim, decidiu-se por uma plenária, terça-feira, às 18h, na praça da prefeitura, para decidir os próximos passos. Saímos todos com tranquilidade e, o mais importante: sem violência.
