(Foto Ilustrativa)
Foram punidas as funcionárias de terceiro
e quarto escalão, mas os "peixes grandes" não
apareceram e ninguém esclareceu nada sobre
o desvio de R$ 1 milhão
Sérgio Boechat
A secretária de Saúde de Volta Redonda, Suely Pinto, que estava no cargo desde o dia 1º de janeiro de 2009, pediu demissão, alegando problemas particulares. Ela tem algumas razões fortes para agir dessa forma, além do motivo alegado. Ela era a secretária de direito, mas o secretário de fato é o engenheiro elétrico Sebastião Faria, diretor do Hospital São João Batista. Ele é uma espécie de "interventor" do prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB) no setor de saúde e ele tem poder para vetar, mudar, impor e fazer o que achar melhor, de acordo com as ordens veladas do prefeito.
Essa é a terceira alteração feita no secretariado do Neto: a do secretário de Cultura, para fazer cumprir o acordo com o deputado Edson Albertassi, na campanha eleitoral de 2012; a da secretária de Esportes, que já estava há dez anos no cargo; e a da secretária de Saúde, que alegou problemas particulares. Ninguém foi exonerado por decisão pessoal do prefeito, porque ele não exonera ninguém, mesmo que o secretário demonstre total incompetência para o cargo ou haja denúncias graves na secretaria, como foi o caso da Cultura e da Saúde.
Prefeito trocou seis por meia dúzia
Na verdade, o prefeito trocou seis por meia dúzia, porque continuará tudo igual na Secretaria de Saúde:
> Os mesmos cargos comissionados,
> As mesmas funções de confiança,
> As mesmas "prioridades",
> A mesma falta de médicos,
> A mesma falta de leitos de UTI,
> A mesma demora na realização de exames,
> Os mesmos erros de gestão,
> A mesma estrutura arcaica,
> As mesmas improvisações,
> A mesma pressão sobre o Conselho Municipal de Saúde,
> A mesma falta de transparência,
> A mesma falta de profissionalismo na administração do setor, enfim, nada vai mudar, além do nome da secretária de Saúde, porque essa é a filosofia adotada pelo governo nos últimos cinco anos, pelo menos.
A secretária que saiu ficou devendo a apuração do escândalo da GID (Gratificação de Incentivo por Desempenho), tendo jogado tudo para debaixo do tapete. Foram punidas as funcionárias de terceiro e quarto escalão, mas os "peixes grandes" não apareceram e ninguém esclareceu nada sobre o desvio de R$ 1 milhão! Espero que pelo menos não aumente o nepotismo, porque até isso tinha na Saúde, ou melhor, está espalhado por todas as secretarias, autarquias e fundações.
Pura incompetência gerencial
O relatório divulgado pelo Banco Mundial a respeito do SUS (Sistema Único de Saúde) se encaixa como uma luva no Sistema de Saúde de Volta Redonda: O problema do município não é falta de recursos, mas ineficiência, ou usando um termo técnico, incompetência gerencial. No ano de 2013, a Prefeitura de Volta Redonda recebeu repasses, até novembro, só para a Saúde, em valor superior a R$ 60 milhões. Ainda está devendo a construção do Hospital da Criança, que foi prometido antes do segundo turno das eleições municipais de 2012, que ainda não saiu do papel, como todas as promessas feitas na campanha eleitoral.
Na reunião de despedida da secretária de Saúde o prefeito não estava, como sempre, já que ele é totalmente omisso e foi representado, como sempre, pelo vice prefeito Carlos Roberto Paiva (PT) que adora falar sobre o que não conhece. Segundo o vice, cassado pelo TRE juntamente com o prefeito, "fortalecer o SUS é a proposta do prefeito Antônio Francisco Neto e para concretizar esse objetivo, ao invés de 15%, conforme prevê a lei, Volta Redonda aplica 30% da receita em saúde".
A afirmação do vice não é verdadeira
Em 2012, o município de Volta Redonda gastou na saúde, R$ 163.663.000,00. Desse total, o SUS repassou R$ 76.038.000,00. O município recebeu, por meio de convênios, apenas na saúde, R$ 29.669.529,00, perfazendo um total de investimento do governo federal de R$ 105.707.000,00, sobrando para o governo municipal investir apenas R$ 57.956.000,00, isso é, menos de R$ 60 milhões. Dá para perceber que a prefeitura não investiu os 30% anunciados pelo vice!
As informações do governo são sempre truncadas e inverídicas, porque eles acham que ninguém conhece os números oficiais e que todo mundo vai acreditar no que eles falarem! Esses dados foram conseguidos no Portal VR, no Portal de Transparência do Governo Federal e na Secretaria de Tesouro Nacional, que são as fontes oficiais quando se trata de repasses para os municípios. A Saúde vai continuar igual, isto é, o mesmo caos, porque nada mais vai mudar porque o Faria e o prefeito não deixam!