(Fotos: Divulgação)
“Meu processo de criação é sempre de dentro pra fora. Ali coloco sangue, suor, lágrimas. A arte é pra mim um refúgio para meus momentos de autorreflexão, quando as sensações não têm nome certo, quando palavras se tornam difíceis”
Técnicas mistas de pintura, variando entre tinta aquarela, acrílica, tintas naturais, além de colagens e reutilização de materiais descartados. O resultado poderá ser conferido na exposição “Ventre Coração”, da Juliana Dias. A abertura será no dia 14 de abril (sexta-feira), às 19h, no Premium Café, em Volta Redonda. Visitação: de segunda-feira a sábado, das 11 às 20h, durante um mês. Mais de dez obras de variados tamanhos estarão expostas. A exposição faz parte do projeto Café & Arte, do Zaqueu Pedroza.
- Algumas das obras expostas começaram a ser criadas em 2018 e foram reeditadas recentemente. Outras são novas, pintadas a partir da época da pandemia (novo coronavírus/Covid-19). Meu processo de criação é sempre de dentro pra fora. Ali coloco sangue, suor, lágrimas. A arte é pra mim um refúgio para meus momentos de autorreflexão, quando as sensações não têm nome certo, quando palavras se tornam difíceis. Então uma obra às vezes demora anos pra ficar pronta, outra fica pronta em minutos. Tudo depende se ainda faz sentido - diz a artista visual.
A inspiração? Juliana conta que tem artistas na família que a inspiraram muito.
- Reencontrar meu avô e família de Paraty depois de velha me reconectou muito com a criança arteira que fui. Salve os assombrosos do morro! Minhas amizades também me deram força pra ser quem sou. Principalmente Thâmyra Ohara, que abriu meus olhos pra essa forma de se expressar e colocar pra fora as coisas que sinto.
E as outras inspirações? Influências?
- Nos estudos muita coisa abriu minha mente, o abstracionismo de Pollock, o movimento neoconcreto brasileiro com Hélio Oiticica e Lígia Clark, feministas da América Latina, como Ana Mendieta. Mas eu gosto de me inspirar pela arte que me rodeia agora, mesmo que ela seja um acontecimento inesperado diante dos nossos olhos - destaca.
Arte em movimento
O projeto Café & Arte, do Zaqueu Pedroza, leva arte a locais não necessariamente artísticos/culturais.
- Acho importantíssimo rackear os lugares, sinto que em nossa região não temos muitas iniciativas no sentido de fortalecer a cena das artes visuais, e o gosto se forma com contemplação. Nada melhor que observar arte enquanto toma um cafezinho - comenta a artista, bem-humorada.
Juliana enfatiza que acompanha bastante o trabalho dos colegas, mas sente que falta uma movimentação coletiva na área das artes visuais.
- Aqui é muito forte o design e muitos artistas acabam trabalhando mais em agências, pela falta de demanda. Acredito que temos muito ainda o que aprender para poder crescer juntos por aqui.
Quem é Juliana Dias
Juliana Vitorino da Silva Soares Dias, a Juliana Dias, é de Volta Redonda. Filha da dona Natália, lá da Volta Grande/Santo Agostinho.
- A que foi morar fora pra estudar e voltou maluca, de cabelo colorido, cheia de tatuagem, querendo viver de arte. Vivo num vai e vem com esse mundo da arte, agora eu acredito muito, às vezes acredito menos. Importante é não parar. Sigo sendo uma pessoa que lida com os altos e baixos da vida criando.
A artista tem formação em Produção Cultural pela UFF, onde teve contato com muitas aulas de filosofia da arte, performance, artes visuais, entre outras. Estudou desenho e se formou na primeira turma do curso de Arte Contemporânea da Casa de Cultura Bento Costa Jr, em Rio das Ostras (RJ).
- Ao final do curso, fiz minha primeira coletiva, intitulada “Inquietações” junto a outres alunes. Participei também do II Festival de Arte Contemporânea de Rio das Ostras e fiz diversas instalações em eventos como saraus, feiras, festivais de música. Esta é a primeira vez que exponho realmente individual.
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