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Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

Teatro/Por Trás da Pele

Reviravoltas à moda Hitchcock com resultado nem sempre satisfatório

Cia. Pé Direito se arrisca em espetáculo que mistura suspense, ação, intriga e drama

Crítica  –  24/09/2014 11:37

Publicada em: 12/09/2014 (16:14:58)
Atualizada em: 24/09/2014 (11:37:49)
 

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(Foto: Divulgação)

Arthur Vinciprova interpreta Eliot, o jovem tímido que contrata
os serviços da prostituta decadente Sofia, a atriz Mônica Izidoro
 

Só conhecia Arthur Vinciprova das várias indicações que ele recebeu ao Prêmio OLHO VIVO. Não por falta de convite do ator, autor e diretor (sempre muito simpático). A oportunidade chegou em agosto. Finalmente consegui conferir um dos trabalhos da Cia. de Teatro Pé Direito. "Por trás da pele", que já havia sido encenada no Espaço Z, em Resende, esteve no Sesc (Serviço Social do Comércio), em Barra Mansa. É um espetáculo que mistura suspense, ação, intriga e drama - nunca comédia, não tem humor. Mas parece que algumas pessoas não entenderam isso. E riram muito em algumas cenas.

O que isso dignifica? Temos duas opções: 1 - As pessoas estão cada vez mais obstruindo seus olhares, vendo sempre as mesmas formas de manifestações artísticas, e, consequentemente, tendo dificuldades em compreender novas linguagens, novos gêneros, novas experimentações. 2 - O texto e a direção não estão devidamente bem construído e conduzida, transformando a peça, em alguns momentos, em humor involuntário.

Prefiro optar pelas duas alternativas anteriores. Sim, é preciso rever algumas cenas, aquelas que soam exageradamente deslocadas da proposta: o embate, psicológico e físico, entre as duas personagens. Vinciprova não esconde de ninguém que sua inspiração neste espetáculo é Alfred Hitchcock. E a estrutura básica está mesmo toda lá, com as reviravoltas e o fim surpreendente (nem tanto assim). Mas com as poucas cenas fora da proposta o todo acaba prejudicado.

"Por trás da pele", então, é uma porcaria? Não, de forma alguma. O quinto trabalho da Cia. Pé Direito é muito bem produzido, desde o cenário, figurino, a iluminação, o que já merece apoio e a presença do público. Mas quando um grupo se arrisca tanto a cobrança também é maior, e a expectativa aumenta na mesma proporção da proposta.

Transportar para o palco um texto que aborda o tormento e a perversidade, que mergulha no lado obscuro do ser humano, não é nada fácil. Não basta um suporte caprichado, porque está praticamente tudo na dependência dos dois atores em cena. Eles sabem disso.

Arthur Vinciprova interpreta Eliot, o jovem tímido que contrata os serviços da prostituta decadente Sofia, a atriz Mônica Izidoro. A Vinciprova faltou densidade dramática nas cenas cruciais, o que não significa que ele não seja um bom artista. Um diretor experiente conseguiria um ótimo resultado do jovem ator nesse mesmo papel. Mônica se destaca em cena, tem presença marcante, é uma atriz das antigas - não no sentido pejorativo da palavra. Ela sabe aproveitar cada nuance, valorizá-la da melhor maneira possível. E faz isso sem esforço algum, o que é muito agradável para o espectador.

"Por trás da pele" é aquele tipo de espetáculo que a gente vê e volta pra casa torcendo para que tudo dê certo. Dá pra sentir que foi feito da melhor forma possível por artistas talentosos. Mas requer ajustes, aparar arestas. Olhar por trás do olhar que ainda não foi visto.

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Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

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