(Fotos: Divulgação)

"A velha atriz e a legião estrangeira" levou a melhor, fechando com 73,52% dos votos 

A disputa pela liderança ficou entre dois indicados na categoria "melhor espetáculo teatral da região". "A velha atriz e a legião estrangeira", com Rita Procópio e dirigido por Lúcio Roriz, levou a melhor, fechando com 73,52% dos votos. Em segundo lugar ficou "Sete pecados", registrando 21,07% da preferência dos leitores do OLHO VIVO. Na terceira colocação aparece "Caravana dos sonhos", que conseguiu 1,91%. O resultado completo da votação está aqui.

Rita começou muito cedo nas artes cênicas. O primeiro curso foi na antiga e extinta Escola de Arte Dramática Professor Jaime Barcelos. Depois disso, iniciou sob a direção de Adair José Gonçalves, em Barra Mansa, com quem fez vários espetáculos infantis e adultos. Fora do Brasil, trabalhou com um produtor de vídeo, fazendo as entrevistas em eventos diversos e também, antes do advento das emissoras de TV brasileiras no mercado internacional, foi criada em Boston-MA/USA, uma emissora brasileira onde eram reproduzidas as novelas (que chegavam do Brasil no formato das antigas “fitas”), telejornais brasileiros etc. Ela fazia as entrevistas de rua sobre as notícias que se referiam às comunidades brasileiras, que eram o único quadro da TV Brasil Boston feito ali mesmo, pois os outros eram reproduções de fitas vindas do Brasil.

- A gente focava muito as necessidades dos brasileiros ali. Também fiz teatro para crianças de comunidades brasileiras que, na época, não tinham acesso a nada do país natal. A falta de material humano me obrigava a escrever meus próprios textos. No meu retorno ao Brasil, até tentei dar continuidade, mas as portas estavam todas fechadas para mim, até bem recentemente - conta.

Veja o bate-papo com a atriz Rita Procópio

Confira a entrevista com Rita Procópio

Rita começou muito cedo nas artes cênicas
e poderá ser vista no seriado "4 vidas"

Dois concorrentes foram muito bem votados. Você esperava ganhar o prêmio de melhor espetáculo por votação popular? Algumas pessoas não gostam de enquetes, e até ficam irritadas quando são indicadas. Qual a sua avaliação sobre um prêmio como esse?

Eu não esperava ganhar, justamente por estar participando com um esquete e não com uma peça teatral de maior duração. Eu gosto de enquetes, mas acho que, para que seja uma votação mais justa, os trabalhos deveriam ser mostrados em vídeo para que o público que não conhecesse todos eles, pudesse avaliá-los como um todo, de uma forma mais justa e não por conhecer os atores que atuam. Acho também que as enquetes deveriam exigir a digitação de um documento, para que não haja nenhuma espécie de desconfiança quanto ao resultado ter sido “forjado”.

Quando e onde foi apresentado o espetáculo? Quem é o autor, diretor... Quanto tempo levou para ficar pronto? Recebi algumas críticas, pelo fato de o seu espetáculo ser um esquete e não uma peça teatral. Expliquei a essas pessoas que esquete também é um espetáculo, só que de curta duração. Como você avalia essas críticas?

O espetáculo foi apresentado por ocasião do I Festival de Esquetes RioSulNet, realizado em 30 de novembro, no teatro de bolso do Gacemss (Grêmio Artístico e Cultural Edmundo de Macedo Soares e Silva), tendo conquistado o terceiro lugar. Nosso espetáculo é a junção de dois textos: “A velha atriz”, de autor desconhecido, e uma cena de “O último carro”, de João das Neves. A direção foi de Lúcio Roriz. Ser um esquete se deve ao fato de ter sido feito para o I Concurso de Esquetes da TV Rio Sul. Acho até que a crítica das pessoas nesse sentido há fundamento, porque seria mais justo a concorrência por categoria. Nesse caso, por ser um esquete e estar concorrendo com peças de maior duração, só faria por nos prejudicar no resultado final da votação, o que de fato acabou não acontecendo. 

Veja o vídeo do espetáculo vencedor

Qual (ou quais) o(s) seu(s) trabalho(s) mais significativo(s), o mais gratificante na sua carreira?

O mais significativo para mim foi “Madame Clotilde numa casa de pouco respeito”, encenado pela ultima vez nos idos anos 80. E o mais gratificante foi "Spectros - O palco no tempo", uma grande produção de autoria de Bruno Maia, onde eu fazia diversos personagens e que, infelizmente, não chegou aos palcos por motivos de problemas com registro e falta de patrocinadores, mas foi por mais de 12 meses de ensaios, com certeza, o espetáculo onde eu mais aprendi.

Dos espetáculos indicados na enquete, existe algum que você tenha um carinho especial, admiração? Por quê? Ou outro espetáculo da região?

Na verdade, eu não tive o prazer de ver nenhum deles. Por isso vou citar aqui o único que vi, que foi “Caravana dos sonhos”, embora o tenha visto em vídeo. Gostei muito da maneira como foi feito, embora acredite que a montagem para o palco seja diferente. Meu carinho especial vai para “Capitães de areia”, que, apesar de não ter tido o prazer de assisti-lo, acompanhei por fotos, comentários de pessoas que assistiram etc., além de conhecer alguns talentos que atuaram nele.

Como foi o ano em termos de artes cênicas? Faça um balanço de 2012.

2012 foi um marco na minha história com as artes cênicas, porque eu havia desistido de tudo há mais de 20 anos, quando fiquei altamente decepcionada com alguns “fazedores da arte teatral” da nossa região. Fiquei alguns anos longe da cidade também e quando voltei até tentei retornar, mas era então uma desconhecida e os grupos que eu tentei contato se fecharam para mim. Constatei então que nada havia mudado desde 20 anos atrás e resolvi continuar incógnita, até que apareceu o teste para o seriado "4 vidas", produzido por Felipe Simões, onde conheci o Lúcio Roriz, que acreditou no meu potencial. Posso dizer que foi aí que tudo recomeçou.

Qual o papel do artista hoje em dia na região? Como está o mercado de trabalho? Muitas dificuldades para sobreviver da arte?

Eu costumo dizer que o artista é um voluntário a serviço do belo, da transformação. O nosso é um trabalho de formiguinha, mas estamos conseguindo mudar algumas coisas. Estamos conseguindo trazer as pessoas até nós, mas daí a sobrevivermos da nossa arte, por enquanto ainda é praticamente impossível, mas, aos poucos, eu diria que estamos começando a "criar" esse mercado por aqui.

Rita Procópio, em cena do espetáculo "A velha atriz e a legião estrangeira"

E o público? As pessoas estão se habituando a ver espetáculos teatrais? Qual seria o caminho para facilitar o acesso da população às artes cênicas?

É muito difícil levar público a qualquer espetáculo por aqui, mas, como disse antes, nosso trabalho é de formiguinha, aos poucos estamos mudando isso.

Os grupos de teatro na região? O que mudou? Há quem diga que existe certa rivalidade entre eles? Você concorda? Ou não?

Existem muitos grupos de talento. Muitas pessoas de talento, mas infelizmente a mentalidade das pessoas não mudou muito, não. Parece que as pessoas ficam infelizes se alguém de outro grupo se destaca, quando deveria ser o contrário. Os grupos se fecham para os outros, quando na verdade deveríamos nos unir para nos fortalecermos. Em suma, deveríamos ser "equipes" e não "grupos". Não concordo muito com essa diversidade de grupos para as cidades tão pequenas que compõem nossa região. Tem dias que têm várias apresentações em diversos locais de nossa cidade, o que divide o público. Um grupo acaba prejudicando o outro com essa "disputa". Deveríamos ser um único e grande grupo, com diversos diretores, etc.

Projetos futuros? O que vem por aí?

Fui convidada para uma peça teatral, que, se tudo der certo, iniciaremos os ensaios agora em fevereiro. O que virá de mais imediato será o seriado "4 vidas", de Felipe Simões, sob a direção de Lúcio Roriz, na Band, onde eu faço a Valéria, chefe de um escritório de contabilidade.