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"Totalmente inocentes": na favela, também se faz comédia

Em sua terceira semana de exibição, filme já atingiu mais de 300 mil espectadores; isso para descontentamento da crítica

Cinema  –  27/09/2012 18:59

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(Foto: Divulgação)

Destaque para Fabio Porchat,

que oferece seu ácido humor ao

personagem Dono do Morro

Uma das tarefas mais divertidas que fiz nessa semana foi acompanhar as críticas publicadas do filme “Totalmente inocentes”. Achei bem engraçado, surpreendente até, ver que um filme com tão pouca pretensão artística pudesse chegar a incomodar de tal forma o nosso jornalismo. Não entendam “pouca pretensão artística” como algo de pouco valor, muito pelo contrário. Na verdade, estamos falando de um filme com um objetivo simples que conseguiu chegar no gosto popular, e que está representando a atual zebra do cinema nacional.

“Totalmente inocentes” conta a história de DaFé (Lucas D’Jesus), um menino que mora na fictícia favela DDC, e que, como toda criança da sua idade, tem seus amores platônicos, seus sonhos e seu ideal de felicidade. O problema é que Dafé vive em um universo de valores invertidos, onde o que é considerado sucesso, por exemplo, pode ser interpretado como crime no mundo politicamente correto. Parte então para uma aventura na tentativa de virar o chefe do morro, e, então, conquistar o coração de Gildinha (Mariana Rios). Mas DaFé e seus amigos não têm nenhum talento para violência...

Novo público consumidor de cinema

Ouvi em determinado momento de um espectador, morador de uma favela do Rio de Janeiro, que o filme foi a primeira vez que ele se viu representado na tela, e que não foi com tiros, mortes etc. Entre outros, esse representante do novo público consumidor de cinema que agora possui poder aquisitivo e acesso às obras cinematográficas está fazendo de “Totalmente inocentes” um dos sucessos da bilheteria nacional: Em sua terceira semana de exibição, o filme já atingiu mais de 300 mil espectadores, isso para descontentamento da crítica.

O filme tem sim suas escorregadas de roteiro, direção e montagem, mas levando em consideração que ele é obra do estreante diretor Rodrigo Bittencourt, passo por cima dos problemas, pois nem Quentin Tarantino estabeleceu seu estilo e maestria em seu primeiro longa. Vemos na película algumas referências aos efeitos gráficos de “Scott Pilgrim”, e o mais legal, diversas homenagens ao gênero “Favela Movie”, se é que podemos chamar de gênero, representado por “Cidade de Deus”, “Cidade dos homens”, “Tropa de Elite” etc. Muito bom ver que o cinema brasileiro já ganha força ao ponto de ser referenciado em outros filmes. E o público reconhece todas as referências, desde a famosa corrida atrás da galinha ao Bope subindo o morro.

Os destaques do longa

Destaque para Fabio Porchat, que oferece seu ácido humor ao personagem Dono do Morro, uma espécie de traficante com complexo de Dinamarca (difere dos outros pela pele branca). Pra quem viu as diversas performances de Kiko Mascarenhas ao longo de sua carreira, não vai acreditar que o ator dá corpo ao personagem Diaba Loira, um travesti modernoso, diria até com uma pitada de preconceito embutida, mas que faz a galera cair na gargalhada. Assim como Ingrid Guimarães, que encara uma chefe com um “tipão” bem diferente do que costumamos ver da atriz comediante.

Indico esse filme para os descompromissados, para o pessoal que vai ao cinema pra ter uma boa curtição, que adora uma boa companhia e uma excelente pipoca. Quem curte os famosos espetáculos de stand up comedy, vai adorar o desempenho do Fabio Porchat e pra quem é ligadão na rede e nos sucessos do YouTube vai poder ter uma palinha de Felipe Neto como ator. Bem, nem sempre os críticos têm razão, às vezes o público dá uma rasteira nos distribuidores e exibidores, e transforma o filme de um diretor estreante que desagradou completamente à crítica em uma das maiores bilheterias do ano do cinema nacional.

Quem é quem no filme

. Diretor: Rodrigo Bittencourt
. Elenco: Fabio Porchat, Mariana Rios, Fabio Assunção, Kiko Mascarenhas, Viviane Pasmanter e Ingrid Guimarães
. Produção: Mariza Leão e Iafa Britz
. Roteiro: Rodrigo Bittencourt, Rafael Dragoud e Carolina Castro
. Fotografia: Fabio Burtin
. Trilha sonora: Marcos Kuzka
. Duração: 94 minutos
. Ano: 2012
. País: Brasil
. Gênero: Comédia
. Cor: Colorido
. Distribuidora: Paris Filmes e Downtown Filmes

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Por Thiago Pimentel  –  thiagopim@gmail.com

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