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Timing Cômico

"Ted": os ursos também ficam doidões

Diretor consegue transpor perfeitamente o seu humor ácido, às vezes politicamente incorreto, da TV para as telonas

Cinema  –  13/10/2012 18:00

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(Foto: Divulgação)

Urso de personalidade forte começa a atrapalhar

a vida de adulto de John (Mark Wahlberg)

São recorrentes na cinematografia mundial, de tempos em tempos, filmes que abordam a passagem da adolescência para a vida adulta. Fazendo um pequeno esforço aqui, já me vêm à mente dois clássicos dos anos 80: “De repente 30” e “Quero ser grande”. Confesso que gosto muito de ver filmes sobre amadurecimento no cinema, não apenas por causa da idade que tenho (quase 30), mas principalmente por sentir certo alívio quando vejo que algumas pessoas estão na tentativa de crescer, sejam elas de qual idade for. E a identificação que vi no cinema ao assistir “Ted” me fez mais uma vez acreditar na sétima arte como uma excelente ferramenta para se reduzir o número de sessões de terapia. O filme ganha muitos pontos quando entra nesse lugar, ao acompanharmos John e toda sua dificuldade de abandonar a adolescência. Por isso as piadas também ganham mais força, fazendo com que os mais soltinhos da plateia se deliciem com aquelas gargalhadas altas, que parecem que não terão fim.

Não sei com você, leitor, como funciona, mas comigo, se vejo em um filme alguma questão que está me atormentando, perco alguns minutos da obra olhando pra dentro de mim mesmo. E não é que aquele ursinho doidão conseguiu me colocar em estado de reflexão da vida? A trama fala de John, um cara normal (Mark Wahlberg) que na infância, por conta de sua dificuldade de inserção social, desejou que seu urso de pelúcia ganhasse vida e virasse seu grande companheiro. Não é que o desejo se realizou? Só que o problema é que depois de crescido o urso de personalidade forte começa a atrapalhar sua vida de adulto e ele, por outro lado, não consegue conciliar a realidade com os seus anseios infantis. Você já viu essa história antes, né? Eu também, o tempo todo...

Pode ir com fé

Eu sei que de início uma história que tem um urso de pelúcia falante pode parecer desagradável. Mas se esse filme for feito por Seth MacFarlane, o mesmo dos programas de TV “Family guy”, “American dad” e “Cleveland show”, pode ir com fé que vai valer a pena. No caso de “Ted”, o diretor consegue transpor perfeitamente o seu humor ácido, às vezes politicamente incorreto da TV para as telonas. Além disso, insere brilhantemente aquelas velhas máximas do universo masculino.

E os méritos do filme não ficam apenas em sua abordagem e suas piadas cheias de críticas. As comédias românticas em sua maioria são direcionadas ao público feminino, por isso vemos as mulheres da plateia um pouco mais alvoroçadas que seus respectivos companheiros do sexo oposto. No caso de “Ted”, me surpreendi, pois o filme parece ser voltado para o público masculino, mas não deixa de agradar ao público feminino. Foi um dos poucos filmes que vi na minha vida que os casais conseguem realmente rir das mesmas piadas. Por esse motivo, esse filme é indicado para você que sempre é arrastado por sua namorada pra ir ao cinema, acha que vai ver um novo filme da Marvel e acaba caindo na fila da Jennifer Aniston. Dessa vez, você e sua namorada sairão completamente realizados do cinema ao fim da projeção, ao ver uma comédia romântica, mas que não abandona o público masculino.

Fidelidade aos trabalhos anteriores

Ainda não te convenci? Não posso deixar de considerar as referências que MacFarlane encontrou ao desenhar essa história. Às vezes de forma tosca, mas com toda a fidelidade aos seus trabalhos anteriores, ele utiliza enquadramentos e efeitos que se dirigem diretamente para o imaginário do personagem e ainda puxa pro filme o público mais nerd: Star Wars, Hasbro e Flash Gordon, imagens que marcaram nossa infância e que respondem por grande parte dos compartilhamentos via Facebook estão no filme, e rendem algumas das melhores cenas. E no melhor estilo do diretor, o roteiro não poupa também as celebridades, como Adam Sandler, Norah Jones, Chris Brown, Katy Perry, Susan Boyle...

Vale a pena ver esse roteiro em seu perfeito timing cômico, às vezes surreal, às vezes escatológico, mas sempre válido como uma piada.

Quem é quem no filme

. Diretor: Seth MacFarlane
. Elenco: Aedin Mincks, Giovanni Ribisi, Jessica Barth, Jessica Stroup, Joel McHale, Laura Vandervoort, Mark Wahlberg, Melissa Ordway, Mila Kunis e Norah Jones
. Produção: Jason Clark, John Jacobs, Seth MacFarlane
. Roteiro: Seth MacFarlane, Alec Sulkin, Wellesley Wild
. Duração: 106 minutos
. Ano: 2012
. País: EUA
. Gênero: Comédia
. Cor: Colorido
. Distribuidora: Paramount Pictures

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Por Thiago Pimentel  –  thiagopim@gmail.com

1 Comentário

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  • Cynthia

    Boa crítica, como sempre! (que não se confunde com crítica positiva, essa nem sempre MESMO! rs) Deu vontade de ver! E de tomar chope pra falar/ouvir falar de cinema! =)
    Parabéns pelo trabalho!