(Fotos: Divulgação)
Cia. trabalha com espetáculos infantis, estando por três anos no projeto do
Colégio Radeane de Contação de História em conjunto com o Sider Shopping
A Intervalo Cia. Teatral prepara-se para levar o público a três novos mundos: duas comédias e uma peça infantil. Antes disso, realiza em 20 de setembro, às 13h, no Clube Foto Filatélico, em Volta Redonda, um bingo, para arrecadar fundos com a finalidade de transformar a companhia de teatro em empresa.
- Assim, poderemos ampliar nossos trabalhos e formas de arrecadação, conseguindo o nosso CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). E atingir a sociedade, as empresas e a comunidade em geral, saindo do amadorismo e partindo para o lado profissional - explica o ator, autor, diretor e produtor Paulo Cesar Rabello.
A Cia. foi formada em março de 2008, uma ideia de Paulo César, em parceria com Danilo Cardoso e Leon Ferreira. Todos eram atores da Fundação CSN. O objetivo, segundo PC, como é conhecido, foi fazer parte do cenário cultural da região, colocando as próprias peças e ideias artísticas em prática.
Os trabalhos mais recentes do grupo foram uma releitura da peça "O doente imaginário", de Molière; "Últimos minutos" (drama), em que um minuto pode mudar tudo na vida; e "Liberta-me" (comedia romântica), que mostra um casal que não consegue ficar longe e ao mesmo tempo não se dá bem, presos em um apartamento, obrigado a sentar e conversar.
O que vem por aí...
> Elas por elas - Peça onde os atores se colocam de forma "evoluída". PC adianta algumas coisas sobre o espetáculo: "Não somos homens nem mesmo mulheres. Somos a evolução da espécie. De uma forma descontraída, brincamos com o preconceito que as evoluídas têm com o jeito primitivo dos homens e ultrapassado das mulheres. Nós somos a evolução".
> Homens! Sexo frágil - Em cena mulheres tentam provar que ser homem é muito mais fácil. Que qualquer uma poderia ser um homem por um dia. "Divertido e envolvente. Mas durante esse dia percebem que ser homem requer uma prática e um cérebro extra. Urinar em pé, ter de mexer com qualquer mulher na rua, ser meio desleixado e porco. Não suportar dores e ter de se fazer de macho, mesmo quando quer chorar. Ser homem não é fácil. Ser mulher é ser de outro planeta", diz.
> Navegando pelo mar de sete cores! - PC define o espetáculo como colorido, divertido, envolvente, cheio de música. "Um universo diferente do mundo dos adultos. Quatro crianças navegam pelas cores do arco-íris para descobrir o que perderam, o que falta. O que é ser criança realmente. Deixando assim um mundo adulto, cinza e chato pra enfrentar um deliciosa aventura", resume.
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Quem é quem na Intervalo Cia. Teatral
. Paulo Cesar Rabello - Ator, autor, diretor e produtor
. Monica Melanie - Atriz, codiretora, secretária e produtora
. Caio Moraes - Ator
. Raphaela Natalino - Atriz
. Gabriel Lancaster - Ator e produtor
. Detley Martins - Ator
. Lucas Andrade - Ator
. Marcos Andrade - Ator
. Brieny Gabriela - Atriz
. Inês Andrade - Cenógrafa
. Igor Rudolf - Colaborador
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Confira a entrevista com Paulo Cesar Rabello
A Intervalo tem no currículo dramas e comédias, sendo quase todas de autoria da própria Cia.
Qual a proposta de trabalho da Cia.?
A Cia. vem há anos encontrando sua própria linguagem artística. Trabalhando sempre para poder estar em forma e de forma mais completa em sua essência. Trabalhamos com infantil, estando por três anos no projeto do Colégio Radeane de Contação de História em conjunto com o Sider Shopping. Projetos de teatro na escola, com peças adolescentes (apresentando em várias escolas da cidade de Volta Redonda). Peças adultas. Tendo no currículo dramas, comédias. Sendo quase todas de autoria da própria Cia.
A Cia. nasceu com a proposta principal de dar acesso a quem desconhece o que é assistir a uma peça de teatro. E levar espetáculos teatrais de forma fácil para esse publico. Viemos para sermos formadores de público. Para somar. O teatro é uma arte incrível. Porém, pouco usada como entretenimento, momento cultural em nossa região. Fazemos um teatro próximo ao público. Em nossa linguagem. Falamos de forma com que o jovem, a criança e aqueles que acham o teatro chato possam mudar sua opinião. Trazendo sua realidade para o palco. E o teatro próximo e de fácil acesso a todos. Em valores e forma de se fazer.
Quais os trabalhos mais marcantes ou de maior destaque da Cia.?
"Penso logo existo", peça que em nosso primeiro ano já nos levou para o Festival de Esquetes de Cabo Frio. "Luxúria", espetáculo que fala dos pecados capitais, colocando todos os sete misturados a apenas um, o da luxúria, pois todos podem passar pela vida sem falar muitas coisas, ma não sem pecar. "Últimos minutos". "O doente imaginário". Veja aqui um dos trabalhos.
Como a Cia. analisa o atual cenário teatral na região e na cidade onde vocês moram ou mais atuam?
O grupo se mistura com integrantes de Volta Redonda e Barra Mansa. Vemos como um momento carente. A cultura local está meio que sem pai ou mãe. Os grupos quase não apresentam e vivem em uma busca de apoio que parece que não vem, deixando assim o público sem conhecer os talentos que temos, que não são poucos. É uma região rica na arte e com enorme variedade. Mas que parece estar cada vez mais vivendo do passado, que mesmo os mais antigos trabalham pouco. Em nossa visão temos sim público. Temos como atingi-los e mostrar tudo o que temos. Mas faltam espaços, incentivos. E com isso os grupos, ou vivem em rotatividade com elencos, ou de artistas mais antigos na área que lutam pela cultura local.
Mas também vejo um brilho nos olhos de quem quer ser. De quem assiste. Dizem que viver de arte é difícil. Difícil é viver. Pois qualquer profissão tem sua dificuldade. Nossa profissão tem uma magia rara que poucas têm. Um brilho, encanto. Onde levamos sorrisos e sonhos.
Vocês vivem de teatro ou os integrantes têm profissões paralelas?
Eu vivo. Dou aulas em projetos do grupo e em uma ONG. Outros integrantes alguns têm essa sorte de estar e viver apenas da arte. Mas a grande maioria ainda luta para estar e fazer teatro. Tendo estudantes e outros profissionais.
A quantas anda a relação entre os grupos de teatro?
Eu vejo uma certa distância entre os grupos, até mesmo para apresentações há pouco prestígio pelos colegas. Temos contatos com alguns grupos. E esse contato vejo como chave para essa evolução cultural. Um falha entre os grupos e diretores. Mas, tendo o lado bom, pois não se vê uma competição desleal. Vejo um território tranquilo e que apenas falta uma linha que una a todos.
Há facilidade para se apresentar ou é preciso buscar locais alternativos?
Facilidade? De forma alguma. Poucos espaços para tais apresentações. Poucos? Ou quase nenhum. Com valores acima da realidade dos grupos. Pessoalmente não temos tanto a reclamar em valores, pois sempre acabamos tendo uma certa empatia. Mas não é algo que favoreça para que tenham várias apresentações. Para ter continuidade dos grupos. Acabamos por demorar para preparar algo com qualidade. E fazemos apenas umas poucas apresentações.
Valores incompatíveis. Falta de apoio da nossa Secretaria de Cultura, falta de entendimento dos espaços. Onde acabamos apresentando em dias horríveis, como terças, quartas, deixando quase inviáveis a presença do público que poderia se interessar.
E a questão da relação com o poder público de Volta Redonda? Houve avanço ou isso ainda está estagnado?
Foi falado muito. Propostas, ideias, sonhos. Apenas sonhos. E tudo que tinha de errado continuou. Repetindo e repetindo. Seguindo a mesmo linha errada de que já estavam. Esse tal poder público veio a conhecer os grupos e escutar suas dificuldades, prometendo mudanças. E o que vejo é cada vez menos apoio e quando tem são para profissionais que já eram beneficiados pelo antigo comando desse tal poder. É preciso que olhem para quem realmente faz a cultura local. Pois uma cidade, um país sem cultura é uma país sem evolução. Temos muito entretenimento. E pouca arte. Muito pão e circo.
Projetos. O que vem por aí?
Temos uma parceria muito legal com o Clube Foto Filatélico, onde nos preparamos e damos uma oficina de teatro. Lá, trabalhamos a arte de se fazer teatro. Como a arte de evoluir. Voz, corpo, improvisação, leitura dramática, postura, construção de cenas, peças... Estamos em preparação para as três peças que falamos. E um projeto de teatro na escola. Para dar acesso ao estudante de ver e se deliciar com o teatro. Estamos todos os sábados no Clube Foto Filatélico, das 10h ao meio-dia, com um curso no valor de R$ 50 por mês.
Serviço
> Intervalo Cia. Teatral - Bingo, dia 20 de setembro, às 13h, no Clube Foto Filatélico. Cartelas: R$ 7. Contatos: (24) 9-9944-9969, (24) 9-9940-7012, (24) 9-9824-1022, (24) 9-9989-5203. Facebook. E-mail: Pc_arte@hotmail.com