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Neto assina decreto para Fórum de Cultura e gera polêmica entre artistas de Volta Redonda

Documento foi assinado dia 8; evento será em 1º de dezembro, mas não atende necessidades da classe; saiba o motivo

Artigos  –  09/11/2012 17:25

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(Foto Ilustrativa)

Fórum seria um “cala a boca”

em quem luta pela realização

da Conferência Extraordinária

Priscila Cristine

A cidade de Volta Redonda possui algumas especificidades que podem explicar, grosso modo, a sua realidade sociocultural. A cidade fora criada ao redor de uma fábrica de aço, planejada num modelo de cidade companhia. Mesmo tendo características de uma cidade desenvolvida, mantém uma mentalidade tradicional e conservadora. Com a privatização dessa CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) na década de 1990 e sua demissão em massa gerou um processo de favelização na cidade, alargando a desigualdade social entre a população, delimitando os espaços, com as divisões entre os bairros de classe média e baixa renda. Numa cidade industrial é “comum” encarar a cultura como mero entretenimento, uma mercadoria que pode ser consumida apenas por uma minoria privilegiada e também essa cultura “comercial” beneficia os grandes artistas, deixando à margem os artistas locais. As salas de cinemas da cidade, por exemplo, ficam dentro do shopping, localizado no Centro da cidade. Não há aqui políticas públicas de Cultura.

O maior projeto deles na cidade é o chamado “Cultura Para Todos”, que consiste em apresentações de artistas do grande mercado, como Maria Gadu, por exemplo, dentro do teatro fechado, portanto, já deixa de ser “para todos”. Ademais, esse projeto não fortalece e nem mobiliza a cultura local, o que gera grande descontentamento por parte dos fazedores de cultura da cidade, uma vez que os projetos culturais de grupos, ONGs, não contam e nem podem contar com o apoio e patrocínio da Prefeitura Municipal de Volta Redonda.

Muitos são os movimentos livres que trabalham pelo fazer cultural fomentando oficinas artísticas e culturais permanentes e inteiramente gratuitas. Shows abertos independentes, movimentos dos mais variados estilos e para diversas faixas etárias, além das oficinas de produção audiovisual, saraus de poesia, e assim vai. Todos com força própria. Para tanto, precisamos abrir o canal de comunicação com a gestão, aderirmos de fato ao Sistema Nacional de Cultura. É imprescindível que o poder público dialogue com a sociedade civil e crie o Sistema Municipal de Cultura. O caminho a se percorrer é longo e se faz necessário que a classe esteja realmente unida e mobilizada.

Começamos com o movimento pela Conferência Extraordinária - a lei que regulamentará o SNC estabelece que as Conferências Nacionais de Cultura sejam realizadas pelo menos a cada quatro anos, sendo antecedidas pelas Conferências Estaduais e Municipais. A Conferência é um evento que exige muita preparação e envolve custos. E como ela estabelece diretrizes de política cultural e avalia o cumprimento dos compromissos pactuados, é bom que haja um tempo entre uma e outra, para que o órgão gestor da Cultura possa atuar e ser avaliado. Por esse motivo, e para que haja compatibilidade com o calendário nacional, é recomendável que os municípios realizem suas Conferências de dois em dois anos. Nada impede que sejam convocadas Conferências Extraordinárias, quando houver uma forte justificativa.

O documento assinado pelo prefeito Antônio Francisco Neto

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Conforme orientação, temos motivos de sobra para a realização dessa Conferência, a fim de aparar as arestas, as diretrizes traçadas na Conferência de 2009 que não foram atendidas. Ademais não existe transparência nos gastos com a cultura. Cabe ressaltar também que não há Conselho de Cultura instituído, tampouco, que seja paritário. Nesse sentido, se faz necessário e urgente buscarmos o apoio de todos os gestores, produtores, fazedores de cultura, bem como os artistas locais. Para tanto, estamos nos mobilizando para a organização de uma Conferência Municipal de Cultura e do cumprimento da Lei Orgânica, que prevê o Fundo Municipal de Cultura, mas ambos estão sendo obstacularizados pelo poder público local.

A cultura é vista pelo poder público da cidade como mero entretenimento, já para os agentes culturais atuantes dessa cidade a cultura é uma importante ferramenta de transformação social, estratégia para o fomento da reflexão crítica, dentre outras. Quiçá, por isso, a “cultura comercial e de massa” tenha sido alvo dos interesses da prefeitura e não a cultura que visa a transformação e qualificação do indivíduo. 

Pela Conferência de Cultura já!

> Priscila Cristine é especialista em gênero e sexualidade, historiadora e gestora de Cultura

Por Redação do OLHO VIVO  –  contato@olhovivoca.com.br

7 Comentários

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  • Artista Local

    Márcia Fernanndes , Marinêz Fernandes e cias nao desistam.
    Nao deixem calar a voz de vocês. Ela tem poder. Quem conhece, sabe.
    Somem forças de total relevância com aqueles que morreriam se não fizesse ARTE.
    Quem luta tem poder!

    E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
    Brilhou no céu da pátria nesse instante...

    A hora e agora. Olho Vivo.

  • Artista Local

    Volta Redonda necessita de um dlúvio cultural.
    Tá tudo errado.
    Volta Redonda cidade atrasada em políticas culturais.
    Volta Redonda é uma ameaça para classe artística.
    Volta Redonda urgentemente precisa de uma reviravolta em sua cultura.
    O povo de Volta Redonda, os artistas de Volta Redonda merecem respeito.
    A arte não pode ser tratada com descaso.
    A arte transforma o espaço em que ela está inserida. Alegria!
    Volta Redonda já tá rodada.
    Fora GLOBO! Viva POVO!





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