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Rendimento dos Alunos

O que fazer para melhorar a educação em Volta Redonda

Escola deveria ser um espaço prazeroso e de parceria entre docentes e estudantes, mas vem se transformando em conflito

Artigos  –  01/10/2012 17:00

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(Foto Ilustrativa)

Grande parcela de responsabilidade está

nas famílias, que relegam a educação

de seus filhos à escola

É comum nos dias de hoje vermos professores, alunos, pais e pessoas em geral dizendo que a educação tem que mudar, que as escolas se tornaram obsoletas, que estão na contramão das inovações tecnológicas, que boas são as escolas que têm quadro digital, internet, alunos usando notebook. Dizem que sem isso os alunos não se sentem interessados em aprender, que só com acesso às novas mídias é que as aulas se tornam interessantes.

Tenho contato com alunos das mais diversas classes sociais e de idades variadas (ensino fundamental até ensino superior) e todos em geral reclamam de algum professor, seja nas escolas mais tecnológicas ou nas menos favorecidas. As reclamações passam por aulas ou matérias chatas, pouca liberdade ou até o excesso dela, disciplinas com provas ou que valorizam o trabalho em grupo. Enfim, reclamações que afetam diretamente o rendimento dos alunos.

Tenho alguns exemplos, como é o caso de um grande professor de história que, mesmo tendo mestrado, leciona para o segundo grau. Em uma de suas turmas resolveu trabalhar com vídeos, para que os alunos conseguissem melhor compreender o que estava sendo estudado. Depois de três vídeos apresentados ele desistiu, pois diversos alunos demonstravam total desinteresse, chegando a dormir durante as exibições. Cito ainda o caso de um professor que leva os alunos para atividades na sala de informática e boa parte da turma ou entra em sites de bate-papo ou em sites de jogos online.

Então, será mesmo que o problema está na falta de tecnologia? Por que os alunos não aproveitaram as oportunidades? O que gera essa falta de interesse dos alunos? A escola deveria ser um espaço prazeroso e de parceria entre docentes e estudantes. Porém, o que vem ocorrendo com o passar dos anos é que essa parceria tem se transformado em conflito. Existe quase que uma guerra velada entre alunos e professores, que não é benéfica para nenhum dos lados. E por que será que isso ocorre?

A meu ver uma grande parcela de responsabilidade está nas famílias, que relegam a educação de seus filhos à escola, muitos passam o dia inteiro fora de casa e quando chegam estão tão cansados que nem tem tempo de conversar com seus filhos. Não dão a atenção necessária para questões que influenciam diretamente o rendimento dos mesmos dentro de sala de aula. Situações que passam pelo famoso bulling, dever de casa não feito, valorização de um trabalho bem executado. A imagem passada para essas crianças e jovens por seus pais é de que a escola tem pouca importância e isso se reflete diretamente no comportamento deles nesse espaço.

Não adianta só querer que o filho aprenda a ler, escrever e passe no vestibular. Para que isso ocorra existe todo um processo que dura vários anos e que é desenvolvido por diversos professores. É muito importante para a aprendizagem do aluno que os pais sejam parceiros da escola, não adianta aparecer na escola só quando existe algum conflito. Quem sabe se os responsáveis estivessem mais atentos e mais presentes na vida escolar dos seus filhos boa parte dos conflitos nem existiria?

Se conseguíssemos firmar uma parceria entre escola, alunos, pais e comunidade, como, por exemplo, utilizando melhor os Conselhos Escola Comunidade, teríamos condições de ter muito mais aulas de qualidade, sem necessariamente precisar de aparatos tecnológicos. Esses passariam a ter a função para as quais foram criados: serem apoios para o processo de ensino aprendizagem e não a sua base. Fazendo com que os verdadeiros atores fiquem em foco, que são os alunos e os professores.

> Felipe Falcão é pedagogo formado pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), com pós-graduação em educação especial e orientação educacional

Por Felipe Falcão  –  fcarisio@uol.com.br

2 Comentários

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  • GALOCHA VR

    É a maior confusão: os professores achando que estão ensinando boas maneiras e os pais achando que os professores educam. Que tal lutar para defender e trocar o paradigma de que escola e professor educam? Escola deve ser somente um "centro de desenvolvimento profissional", já que são ministrados assuntos técnicos (português, matemática, biologia, história, etc.). Educar é tarefa dos pais ou tutores em direcioná-los e guiá-los para o comportamento pessoal e social adequados. Como e quando um professor vai cobrar um determinado comportamento de um aluno que não é seu filho? Essa exigência (inclusive na escola e com os professores) só pode ser feita pelo pai, ninguém mais. Como e quando um pai vai cobrar um assunto técnico do filho se ele não é um professor? Penso que isto deve ser bem claro para todos.

  • Erica pimentel

    Adorei o artigo,acho que nós da area da educação temos que refletir muito a respeito,temos que fazer de nossas aulas momentos prazerosos,muitas vezes vi professores antigos da rede depreciar novos professores por serem idealistas,promoverem novas ações e serem completamente criticados,como já vi professores antigos usarem o mesmo plano de aula por anos,nem na nossa vida pessoal apreciamos a rotina, então não vamos fazer de nossas aulas um momento ruim,me lembro até hoje de minhas aulas lúdicas,como construção de maquetes,peças teatrais,tribunal em sala de aula,tabela periódica de biscoito,isso não tem que ser feito somente para feiras de educação,isso tem que ser diário,temos que dar aula com prazer,e assim termos reciprocidade dos alunos.Muitos professores justificam não quererem inovar pelo simples fato de não ganharem bem,por estarem há anos atuando e não terem um plano de carreira,por não fazerem uma pós graduação,doutorado, por não terem incentivo,sei que todos esse motivos nos fazem desanimar,mas temos que pensar que os alunos não tem culpa disso,nós temos que lutar por isso na prefeitura,marcar assembléia ,promover greves, mas dentro de sala de aula temos que ser os melhores e não os inconformados,temos que fazer o diferencial,como é bom passarmos por alunos e eles lembrarem de nossas aulas e quererm vir falar conosco,dar um abraço,somos referências em sala de aula,e temos que dar o exemplo,temos que ser profissionais que amam o que fazem e fazer bem nosso papel.