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Premiação 2026

"O Marinheiro"

Cia. da Ação! Teatro! Dança leva Fernando Pessoa para o Cena Papagoiaba

Grupo percebeu no texto do escritor possibilidade de celebrar a vida por meio da abordagem da iminência da morte

Teatro  –  18/05/2014 23:06

Postada em: 11/05/2014 (18:36:40)
Atualizada em: 18/05/2014 (23:06:13) 
 

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(Fotos: Divulgação/Marco Netto)

Cia. da Ação! Teatro! Dança encena o espetáculo "O Marinheiro", em 24 e 25 de maio,
às 20h, no Teatro 2 do Grêmio Artístico e Cultural Edmundo de Macedo Soares e Silva

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Maio é de Fernando Pessoa no projeto Cena Papagoiaba (parceria Gacemss + Sala Preta). A Cia. da Ação! Teatro! Dança encena o espetáculo "O Marinheiro", em 24 e 25 de maio, às 20h, no Teatro 2 do Grêmio Artístico e Cultural Edmundo de Macedo Soares e Silva, em Volta Redonda. A peça de Fernando Pessoa completou 100 anos em outubro de 2013 e é a mais importante representante do "teatro estático", movimento inventado pelo poeta, dentro da estética simbolista.

Três mulheres à beira-mar velam o corpo de uma quarta. Sem saber por quanto tempo estarão em vigília começam a contar histórias e a sonhar com um Marinheiro que teria vivido numa ilha ideal e construído uma sociedade ideal. Fantasia e realidade vão se misturando a tal ponto que elas já não sabem mais a quem pertence o sonho. Seria o Marinheiro a única coisa real e justamente elas o sonho daquele homem?

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Peça foi escrita/datada em 11 e 12 de outubro
de 1913 e nunca representada em vida do autor

A Cia. da Ação! Teatro! Dança, acostumada a levar à cena espetáculos de teatro-dança baseados em estética ritualista e mitologia, percebeu neste texto de Pessoa uma possibilidade de celebrar a vida por meio da abordagem da iminência da morte. A dualidade entre morte/vida, claro/escuro, sonho/realidade é o assunto primordial da dança butoh - pesquisada pela companhia - e da técnica afro-butoh, desenvolvida por Calé Miranda, diretor do espetáculo.

- A "não-ação" e a permanência estática contribuem para que a plateia perceba mais claramente o que chamamos em nossa pesquisa de a "dança do texto" - diz.

Fernando Pessoa 

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Peça de Fernando Pessoa completou 100 anos em outubro
de 2013 e é a mais importante representante do "teatro estático"

Nasceu no dia 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa. Levou uma vida anônima e solitária e morreu em 1935, vítima de cirrose hepática. Na poesia, porém, sua vida foi repleta de surpresas: foi o maior criador de heterônimos da literatura, objeto de maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra, e, por isso, é considerado um dos maiores nomes da literatura universal. 

Ao contrário dos pseudônimos, os heterônimos constituem uma personalidade fictícia, sobretudo de autores. Sendo assim, Fernando Pessoa não só criou outros nomes para assinar seus textos, mas, junto deles, criou suas respectivas biografias. Essa questão resulta de características pessoais referentes à personalidade do próprio Fernando Pessoa: o desdobramento do "eu", a multiplicação de identidades e a sinceridade do fingimento, uma condição que patenteou sua criação literária.

"Chamo teatro estático àquele cujo enredo dramático não constitui acção"...

- isto é, onde as figuras não só não agem, porque nem se deslocam nem dialogam sobre deslocarem-se, mas nem sequer têm sentidos capazes de produzir uma acção; onde não há conflito nem perfeito enredo. Dir-se-á que isto não é teatro. Creio que o é porque creio que o teatro tende a teatro meramente lírico e que o enredo do teatro é, não a acção nem a progressão e consequência da acção - mas, mais abrangentemente, a revelação das almas através das palavras trocadas e a criação de situações (...) Pode haver revelação de almas sem acção, e pode haver criação de situações de inércia, momentos de alma sem janelas ou portas para a realidade.

(1914 - Páginas de Estética e de Teoria Literárias. Fernando Pessoa. Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa: Ática, 1966)

A peça "O Marinheiro"

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Cia. da Ação! Teatro! Dança está acostumada a levar à cena
espetáculos de teatro-dança baseados em estética ritualista e mitologia

Escrita/datada de 11 e 12 de outubro de 1913 e nunca representada em vida do autor, foi a primeira obra que Fernando Pessoa publicou na "Orpheu", a mítica revista do movimento modernista português. Ao condensar todas as obsessões Pessoanas, "O Marinheiro" representa uma das mais fascinantes e menos exploradas máscaras da torrencial produção do autor e, apesar de ser um dos mais importantes e belos textos da história do teatro e literatura portuguesa, raramente é representado. Essa obra que na teatralidade da obra heterónima ocupa um lugar único foi, de entre mais de 20 projetos teatrais, o único texto dramático que Fernando Pessoa completou e editou em vida e acompanhou-o ao longo da sua singular e breve existência, adaptando-o até perto da morte.

Este drama estático, teatro do êxtase, corresponde na babel Pessoana à primeira fase da sua obra e à ligação aos simbolistas e ao movimento saudosista português. Inspirado manifestamente em Maeterlinck cumpre as principais coordenadas estéticas do mentor do movimento, mas propõe-se, nas palavras de Pessoa, "fazer muito melhor".

Numa dimensão para além do espaço e tempo três mulheres velam um corpo e contam-se histórias. Uma dela conta a de um marinheiro que, náufrago numa ilha deserta, constrói para si uma realidade ficcional mais poderosa e real do que a realidade. Presas nas teias da ficção, suspensas entre passado e futuro nessa vida maior do que a vida que é a arte, estes espectros cujas vozes se sucedem e encadeiam como numa missa coral vão tecendo um longo mantra onírico e hipnótico e construindo um rigoroso poema visual.

Na sua recusa de todas as regras básicas teatrais (ação, conflito, personagens) "O Marinheiro" é uma obra limite e provocatória e, como verdadeira vanguarda, permanece atual. A sua complexidade e jogo de espelhos meta-teatral e o modo como subverte e condensa as regras teatrais e poéticas permanece um fascinante desafio para qualquer criador contemporâneo.

A Cia. da Ação! Teatro! Dança

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Dualidade entre morte/vida, claro/escuro, sonho/realidade é o assunto primordial da dança butoh

A Cia. da Ação! Teatro! Dança participou de festivais nacionais e Internacionais - na Tunísia, na Croácia e na Rússia - e ganhou prêmios. A companhia de teatro e dança criada em 1997 em Resende, desenvolve há seis anos uma pesquisa de linguagem cênica que mistura dança butoh japonesa e mitologia afro-brasileira, o afro-butoh. A companhia multidisciplinar é formada por atores, bailarinos e artistas visuais, que criam seus trabalhos a partir de investigações propostas pelos seus integrantes. A companhia produz espetáculos em site-specific, environment performances e palcos convencionais.

Com base no afro-butoh, a companhia ganhou o prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz em 2007, para a montagem de "Orelha e cogumelos", que estreou em 2008, ficou em cartaz por seis meses em Penedo. "Orelha e cogumelos" foi convidada para se apresentar no Filbleue, importante festival de teatro físico no Togo (África) e participou de festivais no Brasil.

Também ganhou em 2009 o prêmio Funarte Artes Cênicas na Rua para a produção em 2010 de "Orixás urbanos", série de performances e workshops para artistas em diferentes cidades do Rio. Atualmente a companhia dedica-se ao projeto "Experimento afro-butoh", onde investiga as possibilidades de environment performance, performances em ambientes naturais. Com este experimento criou os espetáculos "Orum-Ayê-Orum", estreado em 30 de junho de 2011 no XI Fester- Festival de Teatro de Resende e no Festival de Inverno da Mantiqueira; e a performance "Na encruza". 

Quem é quem no espetáculo 

. Autor: Fernando Pessoa, 1913
. Direção, cenografia e iluminação: Calé Miranda
. Elenco: Carla Biolchini, Fátima Colin e Mônica Izidoro
. Figurino: Carla Biolchini
. Assistente de figurino: Saulo Gomes
. Design gráfico: Gisele Ferreira
. Fotografia: Marco Netto
. Produção executiva: Calé Miranda e Carla Biolchini
. Assistente de produção: Saulo Gomes
. Realização: Cia. da Ação! Teatro! Dança 

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Serviço
 

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"O Marinheiro" representa uma das mais fascinantes e
menos exploradas máscaras da torrencial produção do autor

> O Marinheiro - Cia. da Ação! Teatro! Dança. Atração do projeto Cena Papagoiaba. Dias 24 e 25 de maio, às 20h, no Gacemss 2. Mais informações no Facebook. Rua 14, nº 315, Vila Santa Cecília, Volta Redonda. Telefones: (24) 3342-4202 / (24) 3343-3033 / (24) 3343-1770 / (24) 3342-0547.

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O Cena Papagoiaba, segundo o Sala Preta
 

"O projeto Cena Papagoiaba inaugura um novo momento para o Gacemss. Em parceria com o Coletivo Teatral Sala Preta, de Barra Mansa, o Gacemss abre as portas para artistas e grupos artísticos regionais em horário nobre, todo último fim de semana de cada mês, para dar visibilidade aos trabalhos autorais e promover o encontro do artista com seu público".

"Quem nasce na capital do Estado do Rio de Janeiro é chamado de carioca, já quem nasce em qualquer outra cidade do estado é chamado de fluminense, ou popularmente Papa Goiaba. Os papa goiabas são protagonistas de um cenário cultural de inúmeras cenas, que nem sempre encontram audiência e acesso aos espaços de difusão cultural e artística da região, reduzindo suas possibilidades de profissionalização. Esta é uma iniciativa que visa, sobretudo, um fortalecimento desta rede regional de coletivos de criação, permitindo arar um território fértil. Um lugar para brotar novas parcerias entre os setores de produção que pertencem ao ciclo: criação, produção, distribuição, circulação, difusão, consumo e fruição de bens e serviços originários dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica".

"O projeto visa romper com a distância entre investidores e projetos regionais, a partir de um forte apelo nos veículos de comunicação regional".

"Parceiros em ações culturais, como o Tomada Urbana e o Festival Gacemss da Criança, o Sala Preta e o Gacemss agora se reúnem para empreender um projeto de democratização do acesso ao bem cultural e de estímulo à produção artística autoral".

"O Gacemss foi criado em 17 de novembro de 1945. É uma entidade única, pois, com seus próprios recursos, promove a arte e a cultura em Volta Redonda e na região sul fluminense. Este ano completa 69 anos de atividades ininterruptas".

"O Coletivo Teatral Sala Preta foi fundado em 2009 em Barra Mansa. São 5 anos de dedicação ao teatro e a movimentos culturais. Desde sua criação tem o foco no estímulo à profissionalização dos artistas regionais, na produção de espetáculos com qualidade de pesquisa, na valorização do território e na história da Região do Médio Paraíba Fluminense". 

"O Gacemss é responsável pela infraestrutura oferecida aos grupos e artistas, bem como pela comunicação da programação do projeto, já o Sala Preta é responsável pela curadoria e contato com os artistas e grupos. Serão dez meses de atrações artísticas, autorais, de artistas residentes e/ou nascidos em cidades da Região do Médio Paraíba, que serão convidados pela curadoria".

Por Assessoria de Comunicação  –  contato@olhovivoca.com.br

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