(Fotos: Divulgação)

Dirigido por Pedro Henrique Reis, o filme revisita a trajetória de Clécio Penedo e mergulha em sua série mais emblemática, que denuncia o apagamento dos povos originários

Um artista que transformou denúncia em poesia e arte em resistência. Assim é lembrado Clécio Penedo, protagonista do documentário “Clécio Penedo: És Tupi do Brasil”, que será lançado na sexta-feira, 17 de outubro, no YouTube (canal da Fundação Cultura Barra Mansa). A produção revisita a trajetória do artista plástico mineiro, radicado desde a infância em Barra Mansa, cuja obra pulsava inquietação e compromisso social.

Ao longo de 32 minutos, o filme conduz o espectador por uma viagem que começa na chegada de Clécio Penedo à região, ainda menino, e segue até seus últimos anos de vida - em 2004. Sem recorrer à narração tradicional, o documentário aposta na força dos depoimentos: Amigos, familiares e admiradores que conviveram de perto com o criador revelam memórias íntimas e fragmentos de sua personalidade.

A série “És Tupi do Brasil”, uma das mais conhecidas de Clécio Penedo, ganha destaque especial. Nos desenhos, o artista expõe com sensibilidade e vigor o apagamento dos povos originários brasileiros, tema que continua atual e urgente.

A direção é de Pedro Henrique Reis, jornalista e produtor de televisão que faz sua estreia no cinema.

- Dirigir esse filme foi uma experiência transformadora. Conforme fui conhecendo a história de Clécio e o legado deixado por ele, fui compreendendo a responsabilidade que eu tinha em mãos. Clécio é uma referência para muita gente e tem um acervo de obras e desenhos muito rico, um verdadeiro tesouro para a cidade de Barra Mansa, não à toa ele carrega o nome de galeria, colégio e outros espaços da cidade. Queremos que mais pessoas conheçam esse legado, quando olharem uma obra dele pela cidade, reconheçam. Ao lado das pessoas certas, Antonieta Penedo e Ayrton Costa, professor de artes e curador do Instituto Clécio Penedo, entendi como essa história seria contada - enfatiza Pedro Henrique.

O projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo de Barra Mansa, na categoria voltada a novos produtores. Entre os entrevistados estão a artista visual Ana Letícia Penedo, filha de Clécio Penedo, e Antonieta Penedo, viúva do artista, que celebra a realização da obra.

- Quando fui chamada para ajudar no filme, senti como se uma linha imaginária estivesse separando os guardados de um artista que mantinha tudo muito bem preservado. Foi com amor e respeito que começamos a tornar públicos seus segredos e confidências - conta Antonieta.

Exceto por uma entrevista gravada em Volta Redonda, todas as filmagens foram realizadas em Barra Mansa, muitas delas no Instituto Clécio Penedo, espaço que mantém vivo o acervo do artista. Sob os cuidados de Antonieta, o Instituto abriu as portas e concedeu acesso integral às obras originais. Parte das cenas também foi registrada no Colégio Municipal Clécio Penedo, escola batizada em homenagem ao desenhista ainda em vida.

Após exibições exclusivas em Barra Mansa e Volta Redonda - além de sessões especiais para alunos e professores do colégio que leva seu nome -, o documentário agora chega à internet, ampliando o alcance da história de Clécio.

- Este filme deve ser muito visto, principalmente pelas pessoas da região, que poderão reconhecer e valorizar o magnífico trabalho do nosso conterrâneo - reforça Antonieta Penedo.

Um tributo sensível e necessário à memória de um artista que fez da arte uma forma de gritar - com beleza e coragem - sobre o que muitos preferem calar.