(Fotos Ilustrativas)
Manifesto, com mais de seis mil adesões, sugere que o tatu-bola se chame... Tatu-bola
Primeiro foi a logomarca. Depois, os pouco inspirados nomes para a bola oficial. Quando ninguém mais esperava por outra surpresa negativa, a organização Copa do Mundo de 2014 resolveu apresentar os concorrentes para nomear o mascote da competição: Amijubi, Fuleco e Zuzeco. E nem é preciso dizer que, de norte a sul, se não há consenso entre qual das três palavras dar nome ao simpático tatu-bola representante do mundial, uma unanimidade já existe: mais uma vez, a Fifa errou.
Todas as regiões brasileiras estão envolvidas na organização do mundial. São nada menos que 12 cidades-sedes (o maior número entre todas as edições da competição), além das inúmeras cidades que devem abrigar seleções de todo o mundo no período de aclimatação e treinamento antes da Copa propriamente dita. Brasil a fora, não são poucas as obras em andamento e as promessas de legados de infraestrutura para a população.
Não são poucas as obras em andamento e as promessas de legados de infraestrutura
Seria natural que fossem essas obras, muitas com atraso considerável, que estivessem em foco a menos de dois anos do mundial e a apenas alguns meses do evento-teste do campeonato, a Copa das Confederações. Entretanto, como já virou recorrente quando o assunto é Copa do Mundo, são as trapalhadas da área de comunicação e marketing do Comitê Organizador que lotam o noticiário nessas últimas semanas.
Operação controversa
Segundo a Fifa, os três nomes escolhidos são inéditos, constavam de uma lista de mais de 450 sugestões, e foram formados a partir da junção de palavras que sintetizam o espírito do evento. A operação é controversa: para formar a palavra Amijubi, por exemplo, os organizadores fundiram “amizade” e “júbilo”; Fuleco seria uma mistura de futebol e ecologia; já Zuzeco é um misto de “azul” com “ecologia”. E dessa sopa de letrinhas surgiram as opções que o internauta deve escolher no site oficial da Fifa até o mês de novembro. “Como todo dono de animal de estimação sabe, escolher um nome adequado não é fácil”, apelou a entidade maior do futebol, em comunicado oficial.
Na mesma nota, a federação explica que, na escolha dos nomes, pesaram questões jurídicas e também aspectos técnicos. O documento cita textualmente a legislação de propriedade intelectual e tenta justificar a lambança: “A denominação precisa ser totalmente nova e inovadora, e nós simplesmente não podemos evitar essas exigências jurídicas. O nome também precisa ser relevante e pronunciável não apenas em um país, mas no mundo todo”.
Mas pelo visto, mesmo com as restrições, os brasileiros acreditam que os organizadores poderiam ser mais criativos.
Muito estranhos
Esta semana, uma réplica ampliada do mascote está em Brasília, iniciando um roteiro que deve passar por diversas cidades brasileiras. Na capital federal, a polêmica sobre a escolha dos nomes deu o tom logo no primeiro dia da visita. “Gostei do mascote. Os nomes é que estão devagar. Lembro de dois, mas sinceramente não gostei de nenhum. Os nomes são estranhos, poderiam ser mais simples”, comentou o segurança Marcos Silva, em entrevista à Agência Brasil.
- Fiquei imaginando minha filha de 6 anos falando Amijubi. É muito estranho - criticou a brasiliense Bruna Santos.
Já pela rede virtual, pipocam abaixo-assinados criticando a votação. O mais popular, intitulado “Queremos um nome decente para o mascote da Copa 2014”, já reuniu mais de 33 mil assinaturas. O texto do manifesto pede que o comitê organizador inclua, além dos três nomes sugeridos, um campo em branco para que os próprios internautas possam indicar suas sugestões: “Repudiamos esses nomes”, acentua o texto. Outro manifesto, com mais de seis mil adesões, sugere que o tatu-bola se chame... Tatu-bola.
Pouca autonomia local
Mais um ponto imposto, como a proibição da venda de bebidas alcoólicas em arenas esportivas
O certo é que, mesmo sob vaias, protestos e manifestos, este será mais um ponto imposto pela Fifa ao Brasil para realização do mundial. O que parece apenas um detalhe insignificante frente a tudo que envolve um evento de proporções gigantescas como a Copa do Mundo, denuncia um cenário em que há pouca autonomia local para a tomada de decisões: assim foi com os estádios e com a Lei Geral da Copa, que atropelou legislações em vigor no país, como o estatuto do idoso, a lei da meia-entrada e a proibição da venda de bebidas alcoólicas em arenas esportivas, entre outros.
A permanecer assim, prevalecerá a máxima do deputado federal e ex-goleador Romário, um dos maiores críticos das preparações brasileiras para o mundial: “A copa será no Brasil, mas não do Brasil”.