(Fotos: Divulgação)
Luiz Fernando Rodrigues é um colecionador de CDs à moda antiga
“Loucos por Música” é uma série com enfoque em blogs, blogueiros e colecionadores de música em qualquer formato, LP, CD, mp3. Meu convidado de hoje é o Luiz Fernando Rodrigues, estudante de análise e desenvolvimento de sistemas. Trabalha com internet e para a internet. É cofundador da “Mosh Creative”, e escreve por paixão para os blogs “Envoyez-la” como criador e administrador e “Eu Escuto” como colaborador.
Márcia: Como e quando começou a escrever seu blog? Qual era o objetivo e esse objetivo permanece o mesmo ainda hoje?
Luiz Fernando: Primeiramente tive um blog com dicas de assuntos em geral, lá por 2007, que durou quatro anos. Nessa mesma época já comecei a escrever pro Eu Escuto, blog especialmente dedicado ao compartilhamento de álbuns. E o meu projeto mais recente eu iniciei em abril deste ano, porém, ainda não consegui dar frequência de posts pra ele. Comecei a escrever pela vontade de compartilhar músicas que eu gosto com outras pessoas. A ideia surgiu disso, de compartilhar algo que outras pessoas poderiam compartilhar com as pessoas que as fazem bem, ou não.
Márcia: Quando começou já era Envoyez-la e por que escolheu esse nome?
Luiz Fernando: Sim, o nome sempre foi esse. Escolhi esse nome porque eu queria algo com “envie isso”, “send it”, mas em francês foi o que achei que soou mais legal, envoyez-la (envie isso)!
Márcia: Visitei seu blog e percebi que não compartilha álbuns e sim ideias, pensamentos, coisas legais? Suas escolhas são aleatórias?
Luiz Fernando: Exatamente. A ideia do blog é compartilhar obras que possam ser usadas para expressar algo a alguém, seja algo bom ou ruim.
Márcia: Mas você é colaborador de outro blog, lá compartilha links, por quê?
Luiz Fernando: Porque eu acho que coisas boas devem ser divididas e mostradas pra todo mundo. A ferramenta de maior abrangência, ou seja, que posso atingir mais gente é a internet. Compartilho álbuns no Eu Escuto porque eu quero que todos ouçam e descubram coisas legais além das bandas mais conhecidas. Aliás, é esse o propósito do Eu Escuto, compartilhar música de bandas desconhecidas ou algo desconhecido de bandas “famosas”.
Márcia: Você acredita que de alguma forma ao compartilhar um álbum esteja prejudicando alguém com suas postagens, falando de direitos autorais?
Luiz Fernando: De forma alguma. O download, compartilhamento de músicas ou qualquer outra forma que possam chamar isso, nunca irá desrespeitar os direitos autorais. Os artistas que se preocupam com isso estão atrasados demais. A música veio antes da indústria. A única restrição que vejo sobre essa nova forma de consumir músicas é justamente a falta de interesse dos fãs por um álbum. Penso no trabalho que dá para fazer um álbum, a capa, a ordem das músicas etc. Mas direitos autorais, no problem!
Márcia: Qual é a importância de um blog dedicado à musica na internet, independente de ter links para download ou não?
Luiz Fernando: Acredito que esse tipo de blog é tão importante para os fãs quanto para as bandas. A facilidade de se ter um álbum hoje é muito menos custoso do que antes. A facilidade de se divulgar um álbum hoje é muito mais barata do que antes. Acho que isso é a maior importância: o compartilhamento.
"O que eu tenho de bizarro é o Florentina, do Tiririca.
Claro que não ouço, mas tenho desde criança"
Márcia: A maioria dos internautas não deixa comentários de agradecimento, mas quando querem reclamar ou pedir sabem usar os comentários, isso te irrita?
Luiz Fernando: Irrita. Vejo pelo Eu Escuto, que tem uma maior abrangência de público. O acervo dele é gigante, tem muito conteúdo. Aí às vezes aparece alguém dizendo que o link está off e vem para reclamar e xingar. Mas, felizmente, esses são a minoria por lá, e isso é o que importa.
Márcia: Sua coleção aconteceu por acaso ou desde o início você já sabia que era um colecionador?
Luiz Fernando: Sou colecionador de CDs à moda antiga. Na verdade, quando comecei a gostar de música de verdade, o mp3 já estava com tudo, mas continuei comprando álbuns. Hoje a forma de consumir CDs mudou. Antes eu comprava para conhecer a banda, hoje compro pra ter obra de algo que já tenho ouvido há tempos através do mp3.
Márcia: Quando começou a colecionar?
Luiz Fernando: Como tenho só 20 anos, posso dizer que comecei a comprar CDs há uns oito anos. Porém, minha coleção começou quando eu nem existia ainda, pois herdei minha coleção da minha mãe, que tem muita coisa boa, Legião Urbana, Paralamas, Titãs, e por aí vai.
Márcia: Sua coleção é de LPs, CDs, mp3 ou tudo junto?
Luiz Fernando: CDs e mp3. Aliás, mp3 é o que eu posso me gabar pela organização, pois tenho cerca de 12 de músicas, todas nomeadas corretamente e cada uma em seu álbum.
Márcia: Sua coleção é só de rock ou outros gêneros podem entrar?
Luiz Fernando: A maior é rock. Mas tenho bastante rap nacional (que pra mim é o que mais há de roqueiro na cena nacional, no momento), samba e alguma coisa de reggae roots.
Márcia: Qual o LP/CD ou mp3 que considera o mais raro de sua coleção?
Luiz Fernando: Em mp3 tenho Gerson King Combo, que posso dizer que é meio raro. Também em mp3 tenho shows do Aborto Elétrico (primeira banda do Renato Russo), alguns b-sides dos Ramones, Strokes, Clash, entre outras raridades. De CD o que eu tenho de raro são os álbuns da Legião Urbana lançados lá nos anos 80. Mas pra mim o que de mais raro que eu tenho são os primeiros EPs do Emicida, que são feitos na mão!
Márcia: E qual deles seria o mais estranho dentro da coleção?
Luiz Fernando: Mais estranho? Pergunta difícil (risos). Mas o que eu tenho de “bizarro” é o “Florentina”, do Tiririca. Claro que não ouço, mas tenho desde criança (risos).
Márcia: Qual álbum deu mais trabalho para encontrar?
Luiz Fernando: O mais difícil de encontrar foi o “Rocket to Russia”, dos Ramones, de 1977. Quando encontrei, comprei na hora.
Márcia: Ainda tem uma lista grande de discos que procura?
Luiz Fernando: Uma lista, assim, escrita não. Mas tenho os que tenho apenas em mp3. E cada vez que baixo algum e gosto de verdade, procuro pra comprar.
Márcia: Como costuma achar seus objetos de desejo?
Luiz Fernando: Geralmente compro em lojas na internet. Para download acho no Files Tube, fica a dica.
Márcia: Sua coleção é compartilhada no seu blog?
Luiz Fernando: Sim. Em relação aos mp3 sou muito democrático. Compartilho tudo que tenho de melhor. Porém, com os álbuns físicos sou chato. Não empresto pra ninguém!
Márcia: Pode citar algumas das raridades que tem em sua coleção?
Luiz Fernando: Dos físicos não tenho muita raridade. Até porque, o que eu tinha de mais raro hoje está sendo relançado, como, por exemplo, o “Racional”, do Tim Maia.
Márcia: Sei que pedir uma lista de dez álbuns que considere fundamentais é sacanagem, mas pode fazer uma listinha comentada.
Luiz Fernando: Pergunta difícil! Extremamente difícil! Mas vou tentar.
1. Preço Curto, Prazo Longo, por Charlie Brown Jr.
Início da banda. Álbum com lado A e lado B. Melhor álbum lançado no Brasil dos anos 90s.
2. (What’s the Story?) Morning Glory, por Oasis.
Um dos melhores álbuns da história. Nem preciso comentar só sonzeira.
3. The Color and The Shape, por Foo Fighters.
Segundo álbum do Foo Fighters gravado com Dave Grohl na bateria, que é meu baterista favorito. Isso já basta.
4. A Amarga Sinfonia do Superstar, por Superguidis.
Álbum dos gaúchos da Superguidis, uma das melhores bandas nacionais, em minha opinião. Esse é de ouvir da primeira à última sem pular.
5. Dois, por Legião Urbana.
Um dos melhores álbuns de rock’n’roll de todos os tempos.
6. Cabeça Dinossauro, por Titãs.
Esbanjo comentários. Poderia escrever um livro sobre o álbum. Melhor álbum de punk rock composto por brasileiros.
7. Em Boas Mãos, por Gulivers.
Álbum único de uma das bandas mais recentes que gostei e que, infelizmente, já acabou. É fantástico!
8. 4, por Los Hermanos.
Odiados por muitos, amado por mim. Tem canções como “O vento”, melhor época dos Hermanos.
9. In Utero, por Nirvana.
Nirvana já era bom com apenas uma guitarra. Primeiro álbum com dois guitarristas diferentes. Ficou demais.
10. Whasting Light, por Foo Fighters.
Comprei semana passada e já é um dos meus favoritos. Ouço pra estourar os ouvidos. Gravado analogicamente, com fita e tudo. Mesmo produtor do “Nevermind”, do Nirvana. Tem todos os motivos pra não deixar de comprar.
Caso queira acompanhar a série “Loucos por Música”, que é sobre blogueiros e colecionadores, os já publicados são: