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Blogueiros: Micael Melo detona no "Consultoria do Rock"

Do interior do RS (Pedro Osório), mora em Porto Alegre há quase 20 anos, onde trabalha como eletrotécnico

Música  –  08/01/2013 22:22

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(Fotos: Divulgação)

"No blog pode falar bem ou falar mal, desde

que o assunto não fuja do rock and roll"

 

Esta é a série "Loucos por Música", pra quem ainda não leu nenhum dos episódios já publicados, uma série dedicada a blogs, seus donos, administradores, colaboradores e colecionadores. Fala da paixão por música que move de forma diferente cada participante. Meu convidado de hoje é Micael Melo Machado, 38 anos, do interior do RS (Pedro Osório), mas mora em Porto Alegre há quase 20 anos, onde trabalha como eletrotécnico e faz licenciatura em inglês em uma faculdade da região metropolitana da capital.

Márcia: Como e quando começou a escrever seu blog? Qual era o objetivo e esse objetivo permanece o mesmo ainda hoje?

Micael: Olá, Márcia! Comecei a escrever no "Consultoria do Rock" logo no início do blog, em janeiro de 2012, dois meses depois da abertura do mesmo! Boa parte do pessoal que começou o blog escrevia em um outro, mas, por diversas razões (a maioria ligada à pessoa que se julgava "dono" desse outro blog), acabou migrando de lá para cá, onde a situação sempre foi mais democrática. Aliás, foram esses atritos que me fizeram criar um blog próprio, o Mica´s Mind, que funciona como uma espécie de backup das minhas postagens no "Consultoria", caso aconteça lá algo parecido com o que ocorreu com o outro blog, onde o "dono" apagou todas as nossas postagens depois que saímos para fundar o "Consultoria". O objetivo do "Consultoria do Rock" sempre foi divulgar o rock and roll nos seus diversos estilos, falando das bandas que os colaboradores gostam, muitas das quais são desconhecidas do grande público, apesar da qualidade que possuem.

Márcia: Quando começou já era "Consultoria do Rock" e por que escolheu esse nome?

Micael: Sim, já era. O nome foi escolhido por um dos fundadores, que fez essa escolha baseado no objetivo do blog, que era (e ainda é) prestar uma espécie de "consultoria" a quem quer aprender mais sobre as bandas de rock que existem por aí, não apenas os medalhões, mas também aquelas mais desconhecidas do grande público.

Márcia: Como escolhe os álbuns para postagem? Suas escolhas são aleatórias?

Micael: O único critério é que o assunto se encaixe no amplo rótulo "rock and roll" e que o colaborador sinta algo pela banda ou pelo disco tratado, seja admiração ou ódio. Pode falar bem ou falar mal, desde que o assunto não fuja do rock and roll. Agora, decidir o que é ou não rock já gerou alguns atritos entre os colaboradores, inclusive, a saída de alguns integrantes com a cabeça mais "fechada" para estilos fora do heavy metal...

Márcia: Já teve algum tipo de problema com gravadoras ou bandas ou teve álbuns deletados de provedores?

Micael: Nós não postamos álbuns para download, então os problemas foram mínimos. Teve um post que falou mal da apresentação de uma banda, e os integrantes do grupo e um fã mais exaltado deixaram comentários contrários no post, alguns bem ofensivos até. Já teve casos em que recebemos notificação do blogger sobre um link do YouTube ou sobre uma foto, e tivemos de trocar, sob pena de ter o blog fechado... Mas foram poucas as vezes em que isso ocorreu.

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CDs para ninguém botar defeito fazem parte da coleção de Micael

Márcia: Você acredita que de alguma forma esteja prejudicando alguém com suas postagens, falando de direitos autorais?

Micael: Não no nosso caso. Acho que estamos fazendo uma divulgação saudável das bandas e discos dos quais gostamos, sem jabá ou imposição de ninguém. É a opinião de um fã diretamente para outro, sem questões monetárias ou "rabo preso" de ninguém, sem obrigações de se dizer algo diferente daquilo em que se acredita. Isso é uma das prioridades do blog, falar sempre o que se pensa, ainda que a repercussão não seja positiva.

Márcia: Qual é a importância de um blog dedicado à música?

Micael: Hoje em dia quase ninguém compra discos, todo mundo baixa e fica contente com isso apenas. Mas quem gosta de um artista vai querer ter a coisa "física" nas mãos, não apenas um arquivo no computador. Então, é legal ter um local para descrever para ele o "produto" que ele quer comprar, se vale a pena investir naquilo, se a qualidade é boa... Além disso, pode servir de porta de entrada para muitas bandas que não têm divulgação na grande mídia, e das quais os leitores podem nem saber que existem, a não ser por blogs como o nosso. Essa é a melhor parte do nosso trabalho, apresentar uma banda da década de 70, por exemplo, a um garoto de 15 anos lá no interior do Rio Grande do Sul, que está começando a curtir música agora e não tem muita referência sobre o que já foi feito por aí em termos de rock and roll.

Márcia: A maioria dos internautas não deixa comentários de agradecimento, mas quando querem reclamar ou pedir sabem usar os comentários, isso te irrita?

Micael: Chateia, não dá para negar. Mas, felizmente, a maioria dos comentários são positivos, são poucos os que entram no blog para reclamar ou ofender. Mas existem, e é chato ver pessoas denegrindo algo que você fez com suor e prazer. Infelizmente, faz parte do negócio...

Márcia: Faz ideia de quantos álbuns já publicou no blog?

Micael: Segundo o blogger, temos 830 postagens em pouco mais de dois anos, e perto de um milhão de acessos. Nem todas as postagens tratam de um álbum específico, mas é um bom número! Além disso, tem as resenhas dos shows, que é algo de que poucos blogs tratam, e que eu sempre gostei de ler em revistas como a "Bizz" ou a "Rock Brigade", por isso é algo que faço com um enorme prazer.

Márcia: Acredita que haja competição entre certos blogs?

Micael: No ramo da música menos do que em outros ramos, mas existe sim. Tem gente que escuta trechos das músicas de um disco ou lê partes de um livro e já publica uma crítica tão superficial que você lê e não sabe se ele gostou ou não daquilo que está tratando, tudo para ser o primeiro a resenhar aquele lançamento. É uma atitude ridícula, que não leva a nada, muito menos a colaborar com o leitor que quer saber algo sobre aquele disco ou livro, e fica sem saber se o mesmo é bom ou ruim.

Márcia: Sua coleção aconteceu por acaso ou desde o início você já sabia que era um colecionador?

Micael: Eu nunca me considerei um colecionador de verdade. Apenas procuro ter o máximo de discos das bandas que eu gosto. O problema é que eu gosto de muitas bandas, então hoje tenho em torno de cinco mil CDs, uns mil vinis e uns 500 DVDs, fora as coleções de revistas, K7s e gigas e mais gigas de mp3s espalhados em dois HDs...

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DVDs também estão entre os itens colecionados por Micael

Márcia: Quando começou a colecionar?

Micael: Meu primeiro disco eu ganhei de minha mãe no Natal de 1986, aos 12 anos, uma coletânea de rock nacional chamada "Over Doze", com Camisa de Vênus, Barão Vermelho, Cazuza e outros. Desde então, não parei mais de comprar discos, e, com a chegada da internet, ficou ainda mais fácil conseguir os itens que eu queria, aí não tinha mais como segurar.

Márcia: Sua coleção é de LPs, CDs, mp3 ou tudo junto?

Micael: LPs, CDs e DVDs. Não considero os mp3s, apenas os itens originais, embora tenha muita coisa apenas nesse formato.

Márcia: Sua coleção é só de rock ou outros gêneros podem entrar?

Micael: Eu costumo dizer que sou um radical, só ouço rock. Mas, dentro do estilo, sou bastante liberal, indo de Legião Urbana a Sepultura, de A-Ha a Slayer. Comecei a ouvir música através do rádio, lá nos anos 80, então esse lado mais "pop" sempre foi muito forte em mim. Posso tranquilamente estar ouvindo um The Cure, colocar um Possessed depois, trocar por um Ramones e acabar com um Yes. Meu espectro musical é muito amplo, mas sempre dentro do rock and roll.

Márcia: Qual o LP/CD ou mp3 que considera o mais raro de sua coleção?

Micael: Hoje em dia, com o e-bay e os sites internacionais, nada mais é raro de verdade, desde que você se disponha a pagar o preço que pedem. Mas tenho um vinil com uma coletânea de lados B de singles do Iron Maiden chamada "Singles + Live", prensada, ao que eu sei, pelo fã clube brasileiro da banda em São Paulo, que é bem difícil de se achar por aí, e que comprei há muitos anos, por um precinho bem camarada.

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Micael tem algumas raridades do Iron em sua coleção

Márcia: E qual deles seria o mais estranho dentro da coleção?

Micael: Pouca coisa foge à regra "só rock". Alguns itens de música clássica ("Carmina Burana", "Pictures" do Mussorgsky), um ou outro Paco de Lucia, o primeiro disco da banda Enigma... acho que só isso!

Márcia: Qual álbum deu mais trabalho para encontrar?

Micael: Muitos demoraram bastante, não por causa da dificuldade para encontrar, mas sim pelo preço cobrado por eles, extremamente alto para os meus padrões e condições financeiras. Um que me deu um trabalhão para conseguir foi o vinil do "Concerto for Group and Orchestra" do Deep Purple, que levei anos para achar a um preço justo. O terceiro disco dessa banda, autointitulado, ainda tenho apenas em CD, porque em vinil custa um absurdo, e eu não pago o que querem.

Márcia: Ainda tem uma lista grande de discos que procura?

Micael: Sempre. Para quem é colecionador, essa lista nunca tem fim. Você quer aquele bootleg, aquele disco que conta com a participação do artista que você gosta em apenas uma música, aquele single raro com música inédita, aquela versão com uma capa diferente... Tem sempre algo que existe por aí e desperta o seu desejo.

Márcia: Como costuma achar seus objetos de desejo?

Micael: Hoje em dia, a maioria está na internet, em lojas e sites de negociação. Mas também frequento bastante os sebos de Porto Alegre e das cidades aonde vou a passeio ou trabalho, sempre à procura de alguma "raridade" esquecida em algum canto.

Márcia: Sua coleção é compartilhada no seu blog?

Micael: Falo de muitos discos que possuo, mas não de tudo. De certa forma, quem lê meus artigos sabe das bandas e estilos que gosto, e pode ter uma noção maior sobre mim e meus pensamentos. Mas nem tudo está lá, ainda há muita coisa a descobrir.

Márcia: Pode citar algumas das raridades que tem em sua coleção?

Micael: Não tenho tanta coisa rara assim. Esse Iron que citei antes, outro vinil com a apresentação completa da banda no primeiro Rock in Rio (e o Eddie com a camiseta do Flamengo na capa), o "British Thunder" da mesma banda, que parece é bem difícil de conseguir, um outro bootleg do Iron Maiden em CD com a capa feita em veludo preto, que ao que li é bem difícil de conseguir, o primeiro EP do REM em vinil, alguns itens da série official bootlegs do Dream Theater e alguns bootlegs da mesma banda, vários itens da série collectors club do King Crimson, alguns box sets, nada tão difícil assim de conseguir.

Márcia: Sei que é uma sacanagem pedir uma listinha de álbuns favoritos, mas poderia fazer uma pequena lista com os dez álbuns que considera fundamentais em uma coleção. Lista comentada álbum a álbum, por favor!

Micael: Fundamentais em uma coleção é complicado de eu dizer, pois cada um tem o seu gosto e o seu estilo, então é difícil indicar algo assim. Mas posso fazer a lista dos meus dez discos favoritos de todos os tempos, pois já fiz essa lista muitas vezes, então não é problema nenhum para mim. Vamos lá:

1) Appetite for Destruction - Guns and Roses: Álbum que me colocou no caminho do rock pesado, e o qual considero quase perfeito, apesar de "Anything Goes", que é muito fraca perto das outras. Mas as demais compensam essa falha.

2) Chaos AD - Sepultura: Grande disco, o melhor da banda, e ao lado de "Theatre Of Fate", do Viper, o melhor disco de heavy metal já lançado por uma banda nacional. Tudo nesse disco é bom, até a cover do New Model Army, outra banda da qual gosto muito!

3) Live After Death - Iron Maiden: Iron é Iron, difícil explicar a paixão que essa banda desperta em tanta gente. E foi a primeira banda de heavy metal que eu ouvi, então, no meu caso, é paixão antiga. Essa é uma das melhores épocas da banda, e, embora eu considere o "Seventh Son" o melhor disco de estúdio, esse álbum aqui é matador, só clássicos tocados por um grupo no melhor de sua forma. Muito recomendável!

4) Thick As A Brick - Jethro Tull: O melhor disco progressivo que já ouvi, uma música só com mais de 40 minutos, mas que parecem cinco devido à qualidade da mesma. Uma pérola rara!

5) London Calling - The Clash: Um excelente disco, provando que não precisa ser tosco para ser punk. E abrange vários estilos (rockabilly, jazz, reggae), não tem como ficar entediado ouvindo essa maravilha!

6) At Fillmore East - Allman Brothers: O melhor disco ao vivo já lançado (embora na minha lista esteja atrás do disco do Iron, vá entender), uma aula de southern rock. A versão dupla em CD (com mais músicas, chamada The Fillmore Concerts) é ainda melhor. Confiram!

7) Fresh Fruit For Rotten Vegetables - Dead Kennedys: Se punk não sabe tocar, esses caras tocam que estilo? Hardcore preciso, letras inteligentes, música excelente. Não precisa mais nada para ser perfeito!

8) Layla and Other Assorted Love Songs - Derek And The Dominoes: Se toda dor de cotovelo gerasse um álbum fantástico como esse, ninguém mais iria amar, só sofrer. Discaço, e olha que eu nem gosto muito de blues! Ma o que Clapton e seus comparas fazem aqui é de outro mundo!

9) Disintegration - The Cure: uma das minhas bandas favoritas. Um disco excelente, apesar da tristeza que emana de suas faixas. Em certos momentos em que a alegria não é tanta assim, é um disco perfeito para ouvir!

10) Live at Brixton Academy - Faith no More: The Real Thing é um grande disco, e gerou este ao vivo, que ainda tem momentos dos primeiros álbuns, o que só abrilhanta o seu track list. Pena que não tem "Woodpeckers From Mars" (presente no vídeo), mas, ainda assim, é um grande disco.

Caso queira acompanhar a série "Loucos por Música", os já publicados são:

> Luciana Aum do blog ProgRockVintage > Cristian Farias do blog Eu Escuto

> Luiz Fernando Rodrigues dos blogs Envoyez-la e Eu Escuto > Bruno Costa do blog Eu Ovo

> Marcello “Maddy Lee” do blog Pântano Elétrico > Renato Menez do blog Stay Rock

> Romeu Corsino do blog Prog Resenhas > Tiê Passos do blog Difusor de som

> Eduardo Marins do blog Planeta Progressivo > Homem Traça do blog Criatura do Sebo

> Heldon Brazil do blog Progressivo-Vivo > Os seis meninos do blog Valvulado

> Dugabowski do blog Melofilia > Alex sala do blog Muro do Classic Rock

> David Marques do blog Bordel do Rock > Outran Borges Jr. do Octopusland e Contramão

> Edson D´Aquino do Gravetos & Berlotas > Menegon do Venenos do Rock

Por Márcia Tunes  –  marciatunes@gmail.com

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