
(Foto: Divulgação)
Livro será lançado no dia 13 de junho (sexta-feira, feriado em Volta Redonda), às 15h, no estande “Escreva, Garota!”
O projeto cultural itinerante Elas Entre Linhas desdobrou-se no 1º Concurso Literário Regional, direcionado às mulheres poetas do Sul Fluminense. Houve a adesão de escritoras de nove cidades da região. O poema vencedor e mais 30 poemas selecionados compõem a 1ª “Antologia Elas Entre Linhas”, além do prefácio de Ana Malfacini, dos textos das organizadoras Camila Cabral e Lee Brasil e das julgadoras Elisa Andrade, Emiliana Magalhães e Raquel Leal. O projeto gráfico foi realizado por Elaine de Oliveira. Uma obra essencialmente feminina, da concepção à execução, que será lançada na Bienal do Livro Rio 2025, no dia 13 de junho (sexta-feira, feriado em Volta Redonda), às 15h. O espaço escolhido pelas organizadoras foi o estande “Escreva, Garota!”, reconhecido por sua proposta de divulgação da literatura feminina.
Poema vencedor: Mulher sem razão - Clarissa Plácido (Angra dos Reis)
Escritoras selecionadas:
Amanda Gomes
Ana Carolina Martins
Ana Clara
Andreia dos Santos
Bárbara Radanovic
Bianca Rosa
Carla Chaves
Clara Ribeiro
Débora Corsi
Elisa Fleming
Elizabeth Carolina
Elyane Lacerdda
Estélia Meg
Gabi Motta
Giulia Patitucci
Jéssica Regina
Jkely
Josi Vitorino
Kéllyda Casemiro
Leina Gardini
Leonor Vieira-Motta
Luciene Lima
Margot Ramalhete
Meire Defante
Mônica Melanie
Priscila Messias
Sara Jane
Solange Nascimento
Stella Tuttolomondo
Vanessa Proteu
Prefácio
Letras, signos, me iluminam qual candeia,
Impelem para a dança do versejar
Concretizando de versos o meu olhar,
Transformando por fim, minguante em lua cheia.
(Redondilha menor em dobro - Camila Cabral)
Há alguns anos, a saudosa escritora Elisa Carvalho promoveu uma iniciativa pioneira em Volta Redonda. Ela queria reunir autoras da região para, em uma foto simbólica, registrar um encontro dos principais nomes femininos atuantes na literatura do Sul Fluminense. Na época, outras autoras estavam fazendo o mesmo em todo o país, e Elisa, numa manhã não muito quente na Cidade do Aço, sabia que estava fazendo história, mesmo sentindo falta de alguns nomes que deveriam (merecidamente) também estar presentes.
Hoje, ficou nítido que o projeto deu frutos: o "Elas Entre Linhas" é uma iniciativa necessária, que visa fortalecer e divulgar a literatura feminina produzida na região. Criado pelas escritoras Camila Cabral e Lee Brasil, ambas pertencentes à Academia Volta-redondense de Letras (AVL), a iniciativa promove a valorização da literatura regional e possibilita o diálogo profícuo entre as escritoras e o público. Elisa é uma inspiração para Camila e Lee, que não se esquecem daquele domingo em que foram eternizadas na fotografia de "Um grande dia para as escritoras".
Agora, a ideia de reunir autoras locais - e contar a todos sobre sua jornada literária - vai tomando corpo, perpetuando-se na história do Sul do estado. Com temas variados, como o Dia da Poeta e a importância das livrarias, as edições do projeto "Elas Entre Linhas" incluem leitura de poesias, rodas de conversa e homenagens a mulheres importantes na comunidade literária. O projeto também inclui participações especiais de artistas locais, representantes de áreas como a música e o teatro.
Um dos pontos mais interessantes do projeto é a criação do 1º Concurso Literário Regional "Elas Entre Linhas", que visa promover a nossa produção literária feminina. O concurso, realizado no primeiro trimestre de 2025, teve como tema "Mulher: Vida e Poesia Entre Linhas", voltado às escritoras da região. A poesia vencedora e os 30 poemas com melhor classificação fazem parte da 1ª Antologia "Elas Entre Linhas", a ser lançada na Bienal do Rio - 2025. Ou seja: o livro que agora tenho a honra de apresentar é fruto de uma história escrita por muitas mãos femininas, todas muito potentes, que vêm caminhando juntas, lado a lado, na luta em prol da (boa) literatura escrita e produzida por mulheres na nossa região.
Durante muito tempo, o Brasil foi um país de mulheres iletradas: pouquíssimas eram alfabetizadas em casa e podiam ter acesso a livros; anos mais tarde, elas lutaram por seus direitos civis, mas, ainda assim, poucas podiam frequentar escolas e era raro ver suas presenças nas universidades. Hoje, pesquisas recentes já mostram que há mais mulheres produzindo trabalhos científicos do que homens, mas, paradoxalmente, ainda vemos que as mulheres têm seu espaço segregado no âmbito literário, não é à toa que vemos poucas mulheres escritoras na lista dos mais vendidos no país. Aliás, se perguntarmos a um leitor qualquer, nas ruas, quais são os nomes mais representativos da Literatura Brasileira, arrisco dizer que poucos se lembrarão de nomes femininos.
É na corrente desse raciocínio que o projeto de Camila e Lee tem ainda mais força por tudo que representa.
Retomando as palavras de Camila com as quais comecei esta apresentação, sinto-me muito feliz por ter a candeia da Literatura a abençoar minhas letras e signos, impelindo minha produção escrita a ecoar meus desejos e lamentos pelas páginas que tenho escrito por aqui e acolá. Sem dúvida, esta apresentação que ora escrevo traz comigo dezenas de mulheres que pensam como eu.
É inspirador ver mulheres apoiando mulheres e criando oportunidades para que suas vozes sejam ouvidas. Assim, não consigo achar outras palavras para fechar esta apresentação que não sejam as da organizadora Aline, a nossa querida Lee Brasil, uma das flores do aço que rompeu o asfalto duro do preconceito e que floriu em luta feminina para nos unir e representar. Que possamos todas desabrochar juntas nesse jardim.
Ana Malfacini
Professora adjunta de Língua Portuguesa - Uerj
Escritora da Academia Volta-redondense de Letras (AVL)
Flores de Aço
Lee Brasil
Forjadas pelo rijo aço são as pétalas suas
Edificam e sustentam, florescendo neste chão.
Pelas ruas da cidade, brilham e encantam olhares,
Formam jardins no coração de cada comunidade.
Têm a firmeza da raiz, embora frágeis como flores
Estas mulheres enfrentam dores, dissabores, lutas, lutos…
Ainda assim, semeiam frutos e sonhos de criança
Na esperança de colher um futuro mais feliz.
São guerreiras, meninas, são Rosa e Margarida
São vida, que poliniza o aço inanimado, docemente
São gente bonita, trazendo cor e graça a esta terra
Onde se encerra e renova, de forma infinita, o ciclo de amor