(Fotos: Divulgação)

Livro é uma produção independente; lançado com o apoio
dos amigos, desde a revisão, passando pela produção

Música e poesia. Vida e arte. "Cinema pessoal" resume a trajetória de Julinho dos Palmares, desde a infância, em Barra do Piraí, até a vida adulta, em Volta Redonda. As dificuldades enfrentadas para se tornar o que é hoje. O livro foi lançado em 13 de dezembro, na Cidade do Aço.

- Tento passar para os leitores uma mensagem de que a luta pela cultura, pela igualdade entre os seres e a solidariedade valem a pena. Têm força para desabrochar em um menino que tinha tudo para se perder no vazio social, os valores que trazia em minha alma - diz.

A noite de lançamento, não poderia ser de outra forma, foi com muita música, "canja" de grandes companheiros de roda de viola e um bocado de MPB.

Júlio Camilo é poeta e músico comprometido com as causas sociais e a cultura da região sul fluminense. A autobiografia, uma iniciativa de Julinho que recebeu o apoio de amigos para ser produzida, é dividia em capítulos nos quais o filho de descendente de escravos fala sobre família, política, música, poesia e amor. 

"Cinema pessoal" mergulha na história do movimento negro e da cultura da região, enquanto passeia pela vida do autor. Desde os tempos em que ajudava o pai, famoso líder espiritual em Santanésia, distrito de Piraí, até sua carreira como cantor e compositor. A apresentação do trio formado por Julinho, Jorge Preguiça e Bené no programa do Chacrinha ganhou um capítulo à parte e dá à obra um toque de frescor. 

Confira a entrevista com Julinho dos Palmares 

"A ideia do livro surgiu numa roda de bate-papo com amigos; 
então, desde o início, o processo foi bastante prazeroso"

Quanto tempo levou para escrever o livro? É uma produção independente ou está saindo por uma editora? Quantos exemplares, qual o preço e onde comprar? 

O livro é uma produção independente. Conto, sobretudo, com o apoio dos meus amigos. Desde a revisão, passando pela produção e o evento de lançamento. Ele é, de fato, um resumo de mim. Sempre tive grandes e fiéis amigos e faço questão de preservá-los. Isso me faz forte e alimenta o meu caminhar. 

Como foi o processo de criação do livro? Foi tranquilo, prazeroso, ou alguma dificuldade que você tenha enfrentado?

A ideia do livro surgiu numa roda de bate-papo com amigos. Então, desde o início, o processo foi bastante prazeroso. Claro que, como nunca havia escrito um livro, encontrei dificuldade em organizar a sequência de fatos no papel. No bate-papo é muito mais fácil, você contar a história de sua vida de maneira aleatória. Organizar, isso já requer um pouco mais de trato e para isso contei, como disse antes, com a ajuda dos meus amigos. Gente sempre disposta a me apoiar. 

Escrever uma autobiografia é mais complicado do que escrever poemas que viram canções? Quais as diferenças básicas entre esses trabalhos?

Basicamente o processo é o mesmo. Você tem que organizar seus pensamentos, dar uma sequência lógica à história que você está contando. A diferença talvez esteja no fato de a autobiografia tratar sempre de você mesmo com seus segredos, medos e atos de rebeldia. Então é uma exposição da sua própria carne, viva. 

Autobiografia do poeta e músico foi lançada em 13 de dezembro

Adiante para os leitores um dos destaques do seu livro, por favor...

Um fato que marcou bastante a minha vida, quando ainda era adolescente. Eu tinha apenas 14 anos quando me apresentei com outros dois amigos no programa do Chacrinha. Aconteceu algo inusitado e nós levamos uma estrondosa buzinada do Velho Guerreiro. Ele nos deu uma nova chance, mas o estrago já estava feito. Quando cheguei em minha cidade, fui vítima de todo o tipo de preconceito e de atitudes racistas. Então, isso me marcou, me entristeceu, mas também me fortaleceu. 

Como você avalia o cenário artístico atual em Volta Redonda?

Penso que está meio frio, sem a efervescência de tempos atrás. 

Música e literatura andam juntas em sua vida? Ou há como separar uma da outra?

Sou compositor e gosto de compor. As letras das músicas são histórias contadas em um livro de poucas páginas, que se lê cantando. 

E a nova geração de artistas da cidade? Você acompanha? O que espera desses artistas?

Tem muita gente fazendo um trabalho legal com resgate da cultura. 

Projetos, o que vem por aí?

Estou preparando o lançamento do meu CD apenas com músicas infantis. Gosto de compor para crianças, então acho que será meu grande trabalho. 

Serviço

> Lançamento do livro de Julinho do Palmares foi no lugar que emprestou seu nome ao autor da obra literária. O Clube Palmares fica na Avenida Roma, Jardim Europa/Ponte Alta, Volta Redonda. Acompanhe as novidades sobre Julinho no Facebook do artista.

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