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Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

O Quarto de Voar

O primeiro livro de Raquel Leal sai pela Editora Interagir

Obra abrigará poemas e prosas poéticas escritos em épocas diferentes, em fases distintas da vida da autora

Livros  –  06/04/2015 10:34

Publicada em: 16/03/2015 (18:02:48)
Atualizada em: 06/04/2015 (10:34:57)

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(Fotos: Divulgação)

"Escrevo porque escrever me completa; quando escrevo ganho vozes infinitas,
repletas de um eu fascinado pelos sentimentos, pelos pensamentos, pelo mundo"

Raquel Leal é poeta e escritora. Teve seu primeiro poema publicado em 2012 no blog Diários de Solidão. Antes disso, era tímida com seus poemas, os preservava de possíveis críticas. Mas depois dessa publicação percebeu o quanto as palavras podem voar pelo céu irrestrito da arte. Ela foi convidada pela Editora Interagir a lançar seu primeiro livro, "O quarto de voar", e, claro, está felicíssima com a concretização desse sonho. Essa obra abrigará poemas e prosas poéticas escritos em épocas diferentes, em fases diferentes da sua vida. O leitor, segundo Raquel, poderá acompanhar o amadurecimento e a evolução da sua escrita, mas observará desde o início seu amor pelas palavras. 

- Me percebo poeta desde sempre, pois sempre me espanto com as belezas espalhadas pelo mundo, vejo o novo com olhos de criança encantada e a poesia do dia a dia como um presente da vida. Escrevo porque escrever me completa. Quando escrevo ganho vozes infinitas, repletas de um eu fascinado pelos sentimentos, pelos pensamentos, pelo mundo. Não existe mais timidez, existe liberdade em minha poética - diz. 

Ela conta que a escrita amadurece a cada texto, a cada poema, a cada inspiração: 

- Percebo minha escrita como uma água constantemente renovada. Embora existam períodos de tensão, onde as palavras se recolhem, elas retornam. E quando isso acontece é motivo de festa em meu coração, porque elas retornam cheias do que as afetou, independente do motivo do recolhimento, retornam bailarinas, querem dançar sobre o papel. 

Confira a entrevista com Raquel Leal 

Como você classifica a sua obra e como é o seu processo criativo?

Meu processo criativo começa pela observação de mim ou do ambiente em que eu esteja. Observo sempre o meio, a paisagem, a música, gosto de ouvir o outro, gosto de me ouvir. Daí nasce o espanto. A mágica acontece. Muitas vezes os poemas nascem no plano mental e ganham corpo no papel, outras vezes navegando pela internet vejo algo que me surpreende, nascendo assim um texto. Sempre escrevo sobre o que me emociona. Às vezes em versos, às vezes em prosa poética. Minha escrita fica entre essas duas classificações. 

Em quanto tempo esse livro foi escrito, houve alguma motivação especial para começar a escrevê-lo? Foi pura inspiração? Ou disciplina e técnica também? 

Esse livro foi escrito despretensiosamente pelo período de um ano. Ter um livro publicado era um sonho que eu não sabia quando poderia realizá-lo, até que o jornalista Leonardo Pançardes, idealizador da Fliva (Feira Literária de Valença) e dono da Editora Interagir conheceu meu trabalho como poeta e me convidou a lançar meu livro pela sua editora. O "Quarto de voar" é um livro puramente inspirado no amor, na vida e nos sonhos que se tornam possíveis através da arte em constante evolução em nós. São poemas e prosas poéticas em estilo livre, nasceram assim. A técnica usada para escrevê-los foi puramente a do espanto pelo belo. 

Como se tornou integrante da Academia de Artes, Ciências e Letras de Volta Redonda? É uma Academia recente, certo? Fale um pouco sobre ela. 

Em novembro de 2014 fui diplomada e empossada pela Academia de Artes, Ciências e Letras de Volta Redonda. A Academia já existia, mas percebia a necessidade de renovação. Então abriu novas cadeiras e ampliou sua condição de Academia de Letras, para incluir as Artes e Ciências. Assim terá mais espaço para uma cultura diversificada. Foi um convite do presidente da Academia, Maestro Caaraüra e por indicação do poeta Jean Carlos Gomes, que conheceu meu trabalho literário nos saraus do Grêmio Barramansense de Letras. Me tornar integrante da Academia é motivo de grande orgulho para mim. É uma oportunidade de fazer algo concreto pela arte e cultura da cidade que me acolheu tão bem, pois resido em Volta Redonda, mas nasci em Valença. 

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Cíbila Farani (autora do livro "Das Terras de Salém"), Raquel e Helen Farina ("A Montanha Zoe")

Como foi o sarau que estreou em 14 de março, em Valença? Como surgiu essa ideia e como foi possível torná-la realidade? 

Dia 14 de março estreou o primeiro sarau Poetizar. Somos um grupo de quatro escritores: Cíbila Farani (autora do livro "Das Terras de Salém"), Helen Farina (autora do livro "A Montanha Zoe"), eu e Rabib Floriano (professor da FAA). Nos conhecemos há muito tempo, sempre tivemos vontade de fazer alguma coisa pela valorização da cultura de nossa cidade natal, sempre conversamos muito sobre isso, então, a Cíbila Farani, minha amiga há 20 anos, teve a ideia de criarmos um sarau denominado Poetizar, mesmo nome da página do Facebook da qual somos também escritores. 

Nosso grupo começou no sarau Solidões Coletivas, idealizado pelo poeta Carlos Brunno S. Barbosa, em Valença. Mas percebemos a necessidade de ampliar o movimento artístico da cidade, que é berço de grandes nomes da música, da poesia e do jornalismo brasileiros. Crescer se faz necessário sempre e quanto mais eventos divulgadores da arte tivermos mais ricos culturalmente seremos. Estamos construindo arte para sempre... Nosso sarau tem entrada gratuita e foi realizado na Rua Duque de Caxias, 78, Monte D´ouro, com início às 19h30, tendo como tema principal uma homenagem aos 40 anos do álbum "Dark side of the moon" (O lado escuro da lua) do grupo Pink Floyd. Todos tiveram a liberdade para ler poemas com o tema de sua preferência. Contamos com a participação dos músicos Cláudio Morgado, Fred Ielpo e Felipe Martins. Trabalhamos unicamente em benefício da arte sem visar fins lucrativos, é o amor pelo amor. 

Você acompanha a produção literária na região? Temos talentos promissores nessa área? 

Temos muitos talentos promissores na nossa região, autores maravilhosos com livros lançados recentemente, como a Elayne Amorim com seu livro "Enquanto os homens dormem"; Carlos Brunno S. Barbosa, com seu premiado livro "Bebendo Beatles e silêncios"; Pit Lara e seu "Da tribo do amor"; Eliane Lacerda; Victor S. Gomez... Enfim, nossa região cresce infinitamente na produção literária. 

É difícil para um autor iniciante lançar sua obra. O caminho, geralmente, é a produção independente. Quais os prós e contras (se é que existem) desse tipo de iniciativa? 

É sempre difícil para um novo autor lançar suas primeiras obras, conheço vários deles que tiveram que bancar suas primeiras publicações, mas percebo um movimento muito importante das editoras pequenas interessadas nesses novos escritores. Os talentos regionais existem e têm tido um espaço maior em nossa região, graças às iniciativas de editoras como a Interagir, que abriu suas portas pra mim e pra outros autores do Sul Fluminense. Lançar uma obra independente tem custo alto e nem sempre é viável para um escritor iniciante. 

O que poderia ser feito para facilitar a publicação dos trabalhos dos escritores? Temos a internet, com a opção de e-books, por exemplo. Qual a sua avaliação sobre isso?

As novas modalidades de livros, como os e-books, facilitam muito a vida de novos autores, a qualidade é muito boa, mas uma das desvantagens que percebo é o fato do conteúdo estar de uma certa forma mais vulnerável quanto à autoria. Pode-se ter um conteúdo compartilhado mais facilmente com a autoria distorcida. Mesmo assim acho uma ótima ferramenta que podemos dispor. Na minha opinião, o ideal mesmo é essa parceria com editoras. Ter o livro físico em mãos é fascinante, pelo acesso, que pode ser transportado a qualquer lugar e também pela beleza das palavras impressas, pelo cheiro das folhas... Acho mágico. 

A preocupação mercadológica é uma realidade, e muitos autores criam suas obras pensando nisso. Até que ponto escrever, tendo como um dos objetivos vender, é aceitável? 

Atualmente, dentro do mundo literário, é inegável a autoria de livros visando o lucro. Temos vários autores conceituados com muito sucesso nesse segmento, escrevem o que realmente vai vender. Eu não conseguiria escrever assim, pondo preço em minhas palavras, vendendo o que me chega como presente. Minha escrita está à disposição da arte pura e simplesmente. Escrevo porque amo. Isso para mim não tem preço. 

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Serviço
 

> Raquel Leal - Estudante de letras no Cederj/UFF, integrante da Academia de Artes, Ciências e Letras de Volta Redonda, do Grêmio Barramansense de Letras, escritora da página Poetizar, uma das idealizadoras do sarau Poetizar. Telefone: (24) 9-9293-1429. E-mail: leal-raquel@hotmail.com

Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

1 Comentário

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  • Henrique

    Muito construtiva e abrangente entrevista, gostei. Parabéns.