Publicada: 05/11/2016 (13:18:17) . Atualizada: 27/11/2016 (10:20:18)
(Fotos: Divulgação)
“Kuwait - Um deserto em chamas”: Retrato da guerra pelo poder; machucado deixado ao planeta
“Kuwait - Um deserto em chamas” é o mais recente trabalho lançado por Sebastião Salgado, considerado um dos maiores fotógrafos do mundo. Em sua nova obra fotográfica, relata por meio de imagens o cenário de guerra que assolava o Kuwait; invadido por tropas iraquianas em meados de 1990; comandadas pelo então presidente do Iraque Saddam Hussein.
O fotolivro conta com registros feitos pelo fotógrafo do vasto desastre não natural desencadeado pela Guerra do Golfo, documentado pelas lentes de Salgado durante o período de agosto de 1990 a fevereiro de 1991, no deserto do Kuwait, localizado na Ásia Ocidental.
Público também pode ver de perto 16 fotos expostas na galeria Mario Cohen, em São Paulo
Como questão principal do conflito, as imagens feitas pelo fotodocumentarista, algumas delas inéditas, mostram a luta de alguns homens para apagar as chamas e cessar o vazamento de petróleo provocado pelo bombardeio iraquiano. Em seu novo livro, Sebastião Salgado mostra uma janela imagética que vai além do fato de o deserto do Kuwait estar em chamas no começo dos anos 90, mas as fotos captadas por Salgado são um retrato da guerra pelo poder e também um imenso machucado deixado ao planeta, considerado como um dos grandes danos ambientais provocados pelo legado bélico protagonizado pelo Iraque e o Estado do Kuwait no início da década de 90.
Acostumado e consagrado por documentar grandes conflitos humanitários através de enquadramentos únicos, Sebastião Salgado tem trabalhos de grande importância documentados em livros como: “Trabalhadores” (1997), “Êxodos” (2000), “África” (2007) e “Gênesis” (2013).
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Os trabalhos de Sebastião Salgado são repletos de fotografias geniais de momentos difíceis pelos quais a humanidade passou e ainda enfrenta, com reflexos deixados por crises humanitárias e também mostrando lugares antes nunca explorados pela raça humana, compiladas ao longo de mais de 40 anos de carreira dedicados ao ofício de fotografar.
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Atacado por parte da crítica por trabalhos como “Retratos de Crianças do Êxodo” (2000) e “O Fim da Pólio” (2001), por “explorar a dor alheia” em suas fotografias, Sebastião Salgado mostra que o trabalho de fotografar e documentar pode ser mais complexo do que parece, já que o fotógrafo passa pelas mesmas situações adversas pelas quais os retratados estão vivenciando, em muitas das vezes o projeto fotográfico pode durar até oito anos, com pequenos intervalos, como ocorreu em seu penúltimo livro intitulado “Gênesis”, que reúne fotos fantásticas de animais e tribos isoladas do convívio social em plena era moderna. As fotos foram produzidas entre 2004 e 2012.
Além da nova publicação lançada pela Editora Taschen no fim de outubro, que conta com 208 páginas repletas de registros que mostram a luta pelo petróleo, o público também poderá ver de perto 16 fotos expostas na galeria Mario Cohen, em São Paulo. À venda nas melhores livrarias do país, “Kuwait - Um deserto em chamas” coloca mais uma vez o nome de Sebastião Salgado entre os melhores fotógrafos do século XXI.
> Para quem quiser conhecer mais a fundo a vida e a obra de Sebastião Salgado, recomendo dois documentários que mostram a trajetória profissional do fotógrafo. São eles: “Revelando Sebastião Salgado” (2012) e “O Sal da Terra” (2014).