(Foto: Divulgação)
Nada ingênuo: Foco da obra está
no “sem sentido sofisticado” inserido
habilmente na trama
Publicada: 19/01/2017 (19:07:23)
Atualizada: 11/03/2017 (08:54:00)
Terminei esta semana de ler o encantador romance “A alma da festa”, de Alexandre Soares Silva.
Não me considero, dentre todos, um brilhante crítico literário, por isso, não o farei.
Mas esse texto, esse livro, devo dizer, fazia muito tempo que não lia algo tão delicado, divertido e delicioso: sim, tive momentos em que degustei a construção da narrativa como quem degusta um brigadeiro roubado dos deuses do chocolate.
O que denota um livro nada ingênuo, que falando sobre amizade, essencialmente, nos distrai com o acréscimo das personagens que não se encaixam socialmente.
A imaginação e o sentimento ficam mergulhados na trama fantástica em um tempo de não-leitura, mas de quase sonho onde desfilam o saudosismo da juventude perdida, das amizades que não conseguem mais ser as mesmas, das palavras de amor não proferidas, da descoberta da mediocridade, da dificuldade em se aceitar as coisas como elas são.
Por essas palavras poderíamos então dizer se tratar de literatura para adolescentes, com a diferença de ter uma escrita mais “cuidadosa”, mas aí está o pulo do gato, o foco da obra está no “sem sentido sofisticado” inserido habilmente na trama, o que dá o toque apimentado e delicioso de um humor, que em nenhum momento se espera. Como as situações de um personagem Hiroshi, um auxiliar que se mete em algumas roubadas, e de quando por grande genialidade, o autor insere uma parte do Livro de Sinufer, o deus Egípcio do Charme.
Fiquei absolutamente extasiado quando cheguei a essa parte, pois nos envolve numa nuvem inteiramente hilária, da qual é impossível escapar.
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Agradou-me tanto que lembrei de outro autor, o Barão de Itararé, que continha humor semelhante, humor sofisticado, cuidadoso. Faz rir sem precisar parecer bobo.
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Em resumo, a obra nos desperta para os momentos perdidos, em épocas ditas “felizes”, e nos mostra em contraponto a melancolia dos tempos atuais nos quais o personagem vive.
No entanto, o romance não deixa-nos tristes, pelo contrário: injeta-nos uma fé tremenda na "vida eterna".
Vida eterna onde poderemos ler todos os livros, ver os filmes e comparecer a todas as festas que ficamos impossibilitados aqui de usufruir. E onde poderemos ser jovens e felizes novamente.
(Foto: Divulgação)
Foco da obra está no “sem sentido sofisticado” inserido habilmente na trama
