(Fotos: Divulgação)
“A minha intenção é me fazer entender ao leitor da maneira mais simples possível; procuro colocar os textos claramente para quem tem o hábito de leitura ou não”
A história se passa em Volta Redonda. Marly Ferreira utiliza a sua arte literária para discutir sobre as mazelas da sociedade, desde a época do Brasil Colonial aos tempos pós-modernos, incluindo a avalanche da discriminação de gênero, étnico-social e religiosa no país. O livro é "Escrito na pedra", que ganhou lançamento em 2 de abril, às 14h, na Câmara Municipal.
Marly Ferreira nasceu em Volta Redonda e cresceu lendo romances. Ela conta que aprendeu a amar a leitura quando ainda era criança.
- A carreira de escritora, compositora e cantora começou após ver meus filhos criados e encaminhados na vida. Apaixonada por livros desde pequena, não tive dificuldade de escrever a trajetória de vida de minha mãe.
Casada com José Antonio Medeiro da Silva desde 1979, mãe de cinco filhos, tem em seu currículo licenciatura plena em ciências físicas e biológica pela Fundação Rosemar Pimentel (Ferp), teologia seminário unido, especialização em ciências da religião, pela Faculdade de São Bento - RJ.
Confira a entrevista com Marly Ferreira
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“Estamos caminhando a passos miúdos na área literária, faltam incentivo/investimento, tanto para quem escreve quanto para quem lê”
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Como foi o processo de criação do livro “Escrito na pedra”?
“Escrito na pedra” fala da artista plástica que expressa nas telas a sua maneira de ver o mundo, e, além disso, a pintora chega a desempenhar o papel de investigadora em um caso de mistério. Monalisa é uma artista plástica que através de sua arte retrata a vida de forma nua e crua, o que nada a impede de em certos momentos recrie a história através de seu imaginário. É incrível a sua intuição e percepção, pois ao mesmo tempo em que dialoga com a existência de maneira descontraída, desenvolve o seu dom natural erguendo a bandeira da justiça em prol da causa do fraco e oprimido.
O livro é um romance que aborda questões sociais. Por que a escolha de temas como etnia, gênero e a representação social do futebol? E de que forma esses temas foram inseridos na história, sem parecer didático?
A arte é a forma utilizada para discutir sobre as diversas mazelas da sociedade, desde a época do Brasil Colonial aos tempos pós-modernos. Isso inclui a terrível avalanche da discriminação de gênero, étnico-social e religiosa no país.
Os personagens principais são os irmãos Luna, Lisa, Lázaro, os trabalhadores Marcelina e João. Quem são esses personagens e o que eles têm a oferecer aos leitores?
Os irmãos Luna, Lisa, Lázaro, representam a hierarquia patronal, enquanto Marcelina, sua filha e João são os empregados e acompanham a família por vários anos e nos ajudam a contar a trajetória da abastada família do bairro Laranjal.
A sua opção pelo drama (“o livro arranca lágrimas”) para fazer o leitor pensar sobre o Brasil reflete o histórico dramático do país? Ou não foi essa a sua intenção?
Quanto ao drama, na verdade nós escritores somos dramáticos por natureza, com ou sem intenção colocamos emoção em tudo, basta tocarmos as mãos.
A história se passa em Volta Redonda. Os fatos contados no livro são reais? De que forma você misturou ficção e realidade?
Sem ignorar os conflitos pessoais, a artista consegue colocar em pauta os fatos reais, mesclados à sua criação, e como se diz: de toda ficção há muito de realidade e vice-versa.
Como você define o seu estilo e a sua construção textual? É uma opção mercadológica? Ou você não pensa nisso quando escreve?
Na verdade, a minha intenção é me fazer entender ao leitor da maneira mais simples possível. Procuro colocar os textos claramente para quem tem o hábito de leitura ou não, fico feliz quando alguém que me encontra na rua e diz: não gosto de ler, mas o seu livro li em poucos dias. Isso acontece muito com quem adquire o livro “Recordar trazendo de volta ao coração”.
Como você analisa o cenário literário na região?
Digo no geral, não somente na nossa região, estamos caminhando a passos miúdos nesta área, faltam incentivo/investimento, tanto para quem escreve quanto para quem lê. Um investimento arrojado em educação se faz necessário para que o hábito para leitura seja priorizado em toda camada social. Mas sou otimista, senão não seria professora. Acredite: nada é definitivo e a situação tende a melhorar.
Novos projetos e novos trabalhos. O que vem por aí?
Agora é a vez do conto, nesse novo trabalho falo sobre o nosso querido Rio Paraíba do Sul. Aguarde.
> Escrito na pedra - Autora: Marly Ferreira. Capa: Caíque Nunes. Revisão: Editora Conexão 7. Editora: Editora Conexão 7. Prefácio: Autora. N° de páginas: 183. Preço: R$ 45. Onde comprar: Livraria Veredas, Vila Santa Cecília, Volta Redonda.