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Olhar Pop

Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

O Sonho Não Acabou

Willian Stoduccor faz participação no show de Lorraine Queiroz, no Rio

Cantor e compositor de Volta Redonda vai lançar a música "Drawn to danger", de sua autoria, e o seu primeiro EP

Música  –  05/06/2013 15:11

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(Fotos: Divulgação)

"Eu amo cantar e isso significa muito pra mim, mas
eu estava deixando meus planos esfriarem demais"

"Quero fazer minha música e não vender a dos outros". É assim que Willian Stoduccor vem conquistando o seu espaço. E já está colhendo bons frutos. No mês passado, por exemplo, ele fez uma participação no show da cantora Lorraine Queiroz, na boate Pipper, no Centro do Rio de Janeiro. Vai lançar a música "Drawn to danger", de sua autoria, e vem aí o seu primeiro EP.

- Eu sempre tive um desejo incondicional, uma paixão ardente, dessas que o peito até queima, em relação à música, desde pequeno, desde meus 7 ou 8 anos. Eu cresci ouvindo músicas que minha mãe não parava de ouvir. Ela estava sempre com o rádio ligado, até mesmo na hora de dormir, eu ouvia muito mais música do que assistia à televisão. Passei grande parte da minha infância em contato com músicas tocando no rádio, não só pela minha mãe, mas pelos meus avós também - conta.

Willian cresceu ouvindo música romântica de todos os gêneros possíveis: moda de viola, sertaneja, pagode, pop nacional, rock nacional, jazz, bossa nova, blues, MPB. Mas se identificou mais com as "internacionais", mesmo não sabendo do que se tratavam literalmente. Ele lembra:

- Quando eu era pequeno, eu entendia o que era mais importante nelas, a transmissão de sentimentos e emoções. Na realidade, ninguém me influenciou. Venho fazendo aula de canto desde os meus 19 anos, porém, sempre sou interrompido, devido às necessidades de onde trabalho. Acredito que eu tenha me influenciado pelos meus próprios sonhos, pois nunca tive incentivo dos meus pais ou de alguém da família. Sei que meu avô já trabalhou com isso, acho que herdei isso dele. Música é algo que está em mim e eu não sei explicar. Sempre gostei muito de Andru Donalds, cresci ouvindo as músicas dele e do Seal. Sou fã desses caras, eles foram minhas inspirações. Eles são ícones de música de qualidade.

Confira a entrevista com o cantor

Quando e como conseguiu essa participação no show da Lorraine? 

O vídeo foi gravado na Pipper (Avenida 13 de Maio, nº 23), uma boate que fica exatamente no Centro do Rio de Janeiro, ao lado do Teatro Municipal. Tudo lá é muito bem organizado e limpo, muito bonita por dentro, além de ampla e com um público muito animado. Na segunda-feira, 20, após chegar em casa por volta das 21h, eu liguei meu computador e ao entrar no Facebook fui convidado pelo empresário da cantora para fazer a apresentação na sexta, 24. João Felipe Padilha, empresário da Lorraine, é um amigo meu, e pediu para que eu escrevesse um rap para a música inédita da cantora intitulada "Searching for". Então, escrevi, gravei em meu celular e enviei para análise. João gostou do que tinha sido apresentado e na terça-feira de manhã conversamos mais sobre como seria tudo.

Você já conhecia o trabalho da Lorraine? 

Eu já tinha assistido a um show da cantora, inclusive, foi onde tive a oportunidade de trocar algumas palavras com ela. Foi tudo muito breve, pois os fãs dela estavam enlouquecidos, tirando fotos com ela, pegando autógrafo, conversando. Não é devido à apresentação que fizemos juntos não, mas ela desde aquele primeiro contato foi muito simpática, atenciosa e comunicativa. A moça me cativou pela boa educação e pelo bom papo. Tive uma oportunidade de me comunicar melhor com ela na noite da apresentação, pois até então eu só tinha contato com o empresário dela. Lorraine é uma grande cantora dentro de seu estilo, ela tem presença de palco, carisma, sensualidade, esbanja simpatia, ela é natural, ela não é "mecânica"”, sabe?! Tipo, ela está muito longe de ser "forçada". A moça realmente me conquistou, virei fã. Ela mora no Rio de Janeiro, já tem uma carreira que está ficando cada vez mais consolidada, tem feito shows em vários lugares do país.

O que essa participação representa pra você, como foi a experiência? Outros convites em vista? 

Essa apresentação representou muito pra mim. Eu nem acreditei quando fui chamado, confesso que me deu um frio na barriga, mas Lorraine e sua equipe me deixaram "solto", sabe?! Fizeram com que eu me sentisse em casa. A experiência em si me revigorou por dentro de uma maneira inexplicável. Isso me deu gás, me deu força, pois eu já havia feito algumas apresentações por aqui em Volta Redonda e Barra do Piraí. Já cantei numa festa na boate Porão, a convite de um outro cantor, amigo meu na época. Eu tive um grupo chamado Blacky Sin, no qual eu cantava e havia B-Boys comigo, nos apresentamos em diversos lugares, inclusive, no Concurso de Beleza Negra I, Memorial Zumbi, Umuarama, algumas festas de bairro, Royal Sport Club em Barra do Piraí. O que eu quero dizer com isso é que experiência de palco não me faltou, porém, estava parado há pouco mais de cinco anos. E mesmo assim senti um frio na barriga, como se fosse a minha primeira vez.

Eu amo cantar e isso significa muito pra mim, mas eu estava deixando meus planos esfriarem demais, eu gostei muito desse convite de "supetão". Isso me acordou e me colocou de volta nos trilhos de onde eu não deveria ter saído. Tenho outros convites sim, mas quero focar em meu projeto neste momento. Estou com várias ideias em mente, buscando por patrocínio, buscando por um empresário, fazendo coisas que não tinha feito antes, estou tentando focar em mim, no que tenho em mente, nos meus planos e consequentemente conciliar tudo com o meu trabalho, afinal de contas, eu não vivo de música, embora esse seja o meu sonho. Se os futuros convites derem para eu unir o útil ao agradável, acho que seria o encaixe perfeito.

Veja a participação de William no show da Lorraine

Vai gravar uma música... É de sua autoria, que estilo, fala sobre o quê? Tem previsão de lançamento? 

Sim, sim. Estarei gravando minha música em breve, estou buscando por profissionais capacitados para me darem a estrutura da qual preciso. Estou evitando me comunicar com "produtores abutres", aqueles que só querem o seu dinheiro, te jogam dentro de um estúdio e fazem um trabalho porco, pois acham que artistas aqui da região não chegarão a lugar algum, e acabam brincando de ganhar dinheiro com os sonhos alheios. Acredite, conheço muita gente assim aqui em Volta Redonda, alguns bem "famosinhos" e de nome. Enfim, as coisas irão funcionar como eu quero desta vez.

Voltando à minha música, sim, sim, é de minha autoria. Eu componho também. Tenho várias, tanto em português quanto em inglês. Eu escrevi uma em particular que tenho certeza de sua grandeza. Tudo começou em 2010, e até hoje eu não a lancei por não encontrar profissionais que façam o que essa música merece, me incluo nisso, pois estou estudando canto para melhorar muita coisa nela. É uma música gigante, sabe?! É o tipo de música que quando se escuta você é intrigado e instigado a ouvi-la de novo, seja por uma boa razão ou não, você apenas sente uma vontade de viver no "repeat" nem que seja por umas duas vezes consecutivas. Ainda não tenho previsão de quando a lançarei, pois ainda trabalho em cima da batida, e não acredito em apenas produzir uma música e deixá-la "solta" na internet. Eu quero finalizá-la e trabalhá-la. Não quero fazer por fazer. Eu tenho o roteiro do clipe inteiro já escrito, apenas esperando encontrar alguém certo para o feature nessa música. Tem uma rapper jamaicana que já gravou a parte dela, e, sinceramente, está de deixar qualquer um de queixo caído. Eu estou amando cada vez mais essa música. 

"Eu quero que meu trabalho
tenha a minha marca, minha alma,
meu sonho, meu esforço"

Eu só posso adiantar que a música se chama "Drawn to danger" (Atraído para o perigo), a música é pura diversão, tem um swing muito gostoso, tem também seu swag na medida certa. "Drawn to danger" fala de como um cara quer sair desse mundo regrado, rotineiro e perturbador, onde ele se vê preso durante a semana, preso em seu trabalho, preso em seus medos, e ele quer sair pra curtir o lado da vida que a nossa região não tem a oferecer de segunda a quinta à noite (risos). Ele quer se divertir, fazer algo diferente, ele passa os dias da semana contando as horas para a tão sonhada "sexta-feira à noite" e realmente viver até sábado, pois o domingo é um pesadelo breve do que a semana será novamente. 

"Drawn to danger" aborda um tema de diversão visto de uma maneira um tanto que diferente, onde um cara que vive nas mentiras que a noite reserva para seus anfitriões e convidados não tem medo de dizer quem realmente é, e ao que veio, porém tudo o que esse cara faz é como se ele fosse atraído para as situações mais perigosas possíveis. É uma faixa muito interessante, tem muita letra e um vocabulário rico, diferenciado. A única certeza que tenho é de que a faixa será lançada ainda este ano. Promessa feita, promessa cumprida.

Lançada a música, o próximo passo é a gravação de um EP? Ou você já pensa direto em um CD? 

O meu maior intuito é um EP, não me vejo gravando um CD no momento, pois eu não teria tempo e nem dinheiro para divulgá-lo, então quero abraçar o que posso e não deixar nada a desejar, me cobro muito, sou muito crítico comigo mesmo. Preciso ser severo antes que as outras pessoas sejam mais ainda. Eu quero trabalhar com profissionais do Rio de Janeiro e São Paulo, eu já tenho a ideia completa, letras e melodias prontas. Eu só preciso me conectar com profissionais que me emocionem com o que eu ouvir de suas produções, eu não quero lançar um EP "falso" com as ideias, desejos e anseios de alguém. Se meu EP vier comercial, que ele venha, porém será da maneira que eu quero. Eu não quero investir meu dinheiro em algo que alguém não me deixe respirar e me diga o que tenho que fazer. Eu quero que meu trabalho tenha a minha marca, minha alma, meu sonho, meu esforço, minhas ideias, pois, mesmo que as pessoas não comprem aquela ideia, eu terei a certeza absoluta de que eu fracassei para os demais, mas me superei e venci a mim mesmo, fiz algo que foi coerente com o que sempre pensei. Quero fazer minha música e não vender a dos outros.

Postei no site semana passada um clipe de uma banda feito com celular e ao custo de apenas R$ 50. O resultado ficou bem legal. Você pensa em fazer um clipe? 

Eu vi o clipe, e realmente achei a ideia muito bacana. Se eu pudesse lançar um clipe hoje, eu lançaria, pois registro tudo o que penso, seja escrevendo em meu caderno, minhas agendas, notebook, celular... Não importa, eu sempre registro minhas ideias. E tento mantê-las a salvo. Como eu disse, a ideia de "Drawn to danger" já está toda registrada, se eu tivesse o dinheiro que isso exige, eu já teria produzido o que tanto quero, mas busco por patrocínio e por aqui na região as oportunidades são sempre "contadas e indicadas".

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"As casas de show em Volta Redonda sempre abrigam
os mesmos artistas, às vezes dão oportunidades para
pessoas de fora, e deixam seus filhos de lado"

São poucos os artistas da região que conseguem viver apenas de sua arte. Você trabalha como professor de inglês. Pretende manter as duas coisas? 

Sim, sim, sou professor de inglês e todo o meu sustento vem disso. Eu só tenho gasto dinheiro com música, pois é meu sonho, não me importo com o retorno, sinceramente não, eu só quero subir aos palcos e fazer o que eu amo fazer, cantar, entreter, performar, levar uma mensagem positiva às pessoas, me envolver com a arte. Se algum dia Deus me abençoar com a oportunidade que tanto peço, eu não poderei conciliar as duas coisas, sei que sentirei muita falta de todos os meus alunos, mas eles me amam e entenderão os meus motivos. Eu tenho uma mensagem a passar, uma voz a projetar para o mundo, não haveria como manter as duas coisas, infelizmente.

Alguns artistas reclamam da falta de espaço na região para se apresentar. Faça uma análise do atual cenário. 

Alguns?! (risos) Eu diria que a grande maioria. Eu sinceramente não tenho nada contra nenhum artista de nossa região. Acho que somos todos guerreiros, independentemente de estilo musical. Eu acredito num espaço amplo pra todos nós, porém não vejo coerência nessa cidade chamada Volta Redonda. Acho que somos muito mais limitados nesse cenário devido alguns fatores que não mudam e ninguém tenta mudar isso.

 Falarei sobre Volta Redonda, pois nasci e fui criado aqui, vivi uma parte de minha infância no Rio de Janeiro, mas antes de minha adolescência voltamos. A cidade não oferece opções de lazer durante a semana, e muito mal oferece as sextas e sábados. São sempre os mesmo lugares, com as mesmas pessoas, não que isso seja ruim, porém não vejo investimento nessa área, claro que em outras também, nem se fala, porém a conversa está direcionada ao lazer em meu ponto de vista. Então, como são os mesmos lugares sempre, não há como mudar muita coisa, não vejo incentivo algum da prefeitura para com todas os gêneros musicais. Eu vejo pagode no Memorial Zumbi e rock and roll embaixo da Biblioteca, no Memorial Getúlio Vargas, quadros e trabalhos artísticos na galeria logo em frente/ao lado. E só.

A prefeitura deveria investir em shows de artistas não só de Volta Redonda, mas investir na cultura dos artistas da cidade e região. Cultura vai bem além de show de famosos e/ou sub celebridades no palco da Ilha São João, eu não falo isso por mim, mas por existirem muitas pessoas só aguardando uma oportunidade, mesmo que pequena. Outros vivendo apenas de sonho, buscando por mais e vivendo no menos. As casas de show sempre abrigam os mesmos artistas, às vezes dão oportunidades para pessoas de fora, e deixam seus "filhos" de lado. Eu realmente não entendo essa cidade, é uma mistura de "indicações" e "seleções pessoais" muito confusa pra minha cabeça.

> Contatos - Facebook, Twitter. E-mail: willianstoduccor@hotmail.com. Telefone: (21) 7911-5059.

Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

1 Comentário

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  • Juliana

    É isso aí Will!Tudo de bom pra você.Sucesso nessa nova fase,beijos.