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Puro Prazer

The Darma Lóvers: rock psicodélico, folk, pop e música brasileira

Banda vai lançar o CD "Espaço" em 2013, o fecho da psicodelia assumida, o disco mais up de todos

Música  –  24/10/2012 21:08

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(Fotos: Divulgação)

Som da banda tem uma pegada tibetana

The Darma Lóvers é uma banda que une folk, rock psicodélico, pop e música brasileira com uma pegada tibetana. Podia falar muito da banda, mas prefiro um papo com o Nenung, responsável não só pelos Lóvers, mas também por outras bandas e projetos interessantes. Bati um papo com ele e nele vocês ficam sabendo de tudo, confiram:

Márcia: Como, quando e onde você começou a tocar? 

Nenung: Comecei a compor aos 14/15 anos fazendo versões em português pra letras em inglês que não entendia. Quando encontrava as traduções achava minhas versões bem melhores (risos). Um dia assisti ao meu primeiro show de rock - a banda do guitarrista que depois iria convidar pra ser da Barata - e fiquei com uma música na cabeça, mas esqueci da letra. Daí, fiz minha própria letra e vi que era fácil pra mim. Aos 18 criei a Barata Oriental e a roda começou a girar. 

Márcia: Como você e Irínia se conheceram?

Nenung: Ela veio ser produtora da Barata na entrada dos 90. Mas daí começamos a namorar e a relação da produção não funcionou mais. Acabamos vivendo juntos muitos anos e só descobrimos que nossas vozes batiam depois de oito anos de convívio, quando então criamos os Darma Lóvers. Uma pororoca! 

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Márcia: O sucesso da canção “Seres extranhos”, dos Darma Lóvers, aconteceu de repente e sem que vocês esperassem. Como foi isso? 

Nenung: O Wander nos obrigou a abrir um show dele e em seguida nos empurrou pra dentro do estúdio Dreher pra fazermos uma demo, acho que gravamos seis músicas em duas horas. Daí larguei na Ipanema aquilo, só um violão, duas vozes e um martelo do vizinho que devia estar reformando a sala. Começou a rodar, fizemos um CD a mão que vendeu sei lá, umas 400 peças. Planejamento realmente nunca foi nosso forte (risos). 

Márcia: Quantos são e quais as principais mudanças entre os CDs lançados pelos Lóvers?

Nenung: São radicais a cada um. O primeiro era radicalmente acústico, produzido pelo Frank Jorge e tal. O segundo, “Básico” (2002), era eletrônico produzido pelo Flu, 4Nazzo e pelo Régis Sam, gravamos as bases e eles puseram o disco pra dançar. Esse que lançamos quando entrei em retiro. O “Laranjas do Céu”, de 2007, teve 12 (!) produtores de todo canto do Brasil, Kassin, Miranda, Irmãos Dreher, Fruet... Uma penca de gente, virou um patchwork musical e acabou lançado na Europa. O “Simplesmente”, lançado em 2009, foi produção do Kassin, com participação do Moreno Veloso, Domênico Lancellotti, Stephane San Juan. O mais clássico como finalização de um período. O “Espaço”, que vamos lançar em 2013, vai ser o fecho da psicodelia assumida, mais up de todos, com muito espaço pra viajar sem se preocupar com formatos e padrões. A gente faz por prazer em primeiro lugar, já que o mercado é caótico e imprevisível mesmo.

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Márcia: Vocês tiveram um convite pra tocar no Oriente Médio, Portugal e Espanha. Como foi essa viagem, tocaram onde? 

Nenung: Fomos pra França a convite do selo que lançou o “Laranjas do Céu” por lá e queria que a gente fizesse o lançamento rodando pela França. Estávamos em Paris quando um produtor Afegão ouviu a gente num programa de rádio e pôs na cabeça que devia nos levar pro Festival que ele queria realizar no Afeganistão. Mas essa acabou não rolando, é um lugar mais complicado da gente entrar com segurança de saber por onde sair. 

Márcia: E o CD “Simplesmente”?

Nenung: O “Simplesmente” já saiu em 2009. Foi esse com todas essas participações. O novo vai se chamar “Espaço” e é um exercício de psicodelia declarada sem muita preocupação com formatos e estruturas convencionais, com produção do 4Nazzo e do Th. Estamos fazendo o que nos deu na telha da forma mais interessante e divertida. Acreditando que as pessoas podem achar o mesmo, com direito a umas canções realmente interessantes, eu acho... 

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Márcia: O CD “Simplesmente” conta com participações de nomes como Dado Villa-Lobos, Moreno Veloso, Domenico Lancellotti, Jimi Joe e Stephane San Juan. Fala um pouco da importância de contar com grandes músicos num projeto.

Nenung: O principal de ter esses caras todos reunidos é a alegria de serem grandes amigos e junto disso caras super talentosos, com muita história nessa música atual. Dá pra aprender loucamente com eles, além de quebrar toda e qualquer mística em torno de caras “famosos” ou “descolados”. Eles são simples pacas, legais demais, longe de todos os estereótipos. E curtem muito tocar com a gente, o que mais? 

Márcia: Além dos ilustres convidados, quem faz parte da Lóvers hoje? 

Nenung: Os ilustres Lóvers de hoje são os Básicos: eu e a Irínia, o 4nazzo nas guitarras, O Thiago Heinrich no baixo e piano, o Sassá na bateria e o Jimi Joe nas violas sempre que possível, já que ele dirige uma rádio e ainda toca bastante com o Wander. 

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Márcia: Houve um hiato de quase dois anos, você deixou a banda para uma viagem pessoal de meditação. Como foi isso? 

Nenung: Foi um retiro tradicional que fiz a convite do meu professor tibetano, Chagdud Rinpoche, que faleceu enquanto eu estava retirado. Realmente não dá pra descrever a oportunidade, a intensidade e a preciosidade disso nessa vida. Entrei em retiro dois dias após lançar o “Básico” no Teatro São Pedro, uma loucura. 

Márcia: Além dos Lóvers, você está envolvido com outros projetos, pode falar um pouco da Barata do Dragão e da Cordabamba.

Nenung: A Barata digo que foi minha primeira vida na música, muito intensa, inconsciente e furiosa, uma banda que acredito ter feito diferença enquanto existiu. A Cordabamba veio como um ensaio de retorno a um universo de mais guitarras, punch e pegadas variadas, mas durou pouco. Na verdade foi o ensaio do que hoje é o Projeto Dragão, com mais radicalidade na proposta, muita variedade nos temas e um time que pega muito junto pra não ser só mais uma banda. Além de grandes músicos, tem uma riqueza e uma vontade de realizar coisas novas pra oferecer pras pessoas. Realmente é o que me entusiasma em termos de criação e desafio, de juntar muitas pontas criativas com uma mesma direção. Tá divertido.

Por Márcia Tunes  –  marciatunes@gmail.com

1 Comentário

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  • Xan

    Bom encontrar textos e entrevistas com foco no "underground" e nas bandas independentes, onde a criatividade e o prazer em se produzir música estão em primeiro lugar.
    Parabéns pela entrevista.