(Foto: Divulgação/Jeane Bordignon)
"Fiquei emocionado com a escolha e me senti útil, afinal,
minha música ajudou a prestar um serviço social e humano"
Rita Procópio, autora do primeiro documentário feito para a Cruz Vermelha de Volta Redonda, precisava de uma trilha sonora para o vídeo e descobriu, na internet, "A valsa da contestação", que tem tudo a ver com o filme "Um olhar sobre a pobreza". A ideia inicial era fazer um mapeamento dessa situação extrema na Cidade do Aço, mas foi ampliada, focando a pobreza de um modo geral em Volta Redonda e seu entorno. Fabrício Fortes, autor e intérprete da canção, ficou emocionado com a escolha e se sentiu útil, afinal, sua música ajudou a prestar um serviço social e humano.
- Não pode haver um uso melhor para o meu trabalho - enfatiza o artista de Porto Alegre que lançou recentemente o EP "Cinco sentidos" e se mudou para a cidade do Rio de Janeiro.
Ele conta que começou a estudar violão como autodidata, e em pouco tempo passou a compor e interpretar suas canções. O disco é seu primeiro trabalho, que traz uma pequena amostra da variedade de gêneros musicais com os quais suas composições flertam.
O compacto foi gravado em estúdio da Grande Porto Alegre. São cinco músicas, uma produção própria, com parceria de Jeane Bordignon e Rafael Sanzio na parte gráfica. As faixas estão todas no formato voz e violão, que é a forma como geralmente ele se apresenta. "Baião pra dois" é a música de trabalho.
- É uma canção irreverente. Escolhi essa faixa devido à empatia instantânea do público, e por ela trazer elementos universais como xote, reggae, jazz e o genuíno balanço brasileiro. Essa canção, assim como a maioria das minhas composições, surge de uma vivência pessoal. "Baião pra dois", no caso, surgiu de uma conversa com um amigo, onde ambos estávamos com problemas de relacionamento, cada qual com sua parceira na época - conta.
Veja uma interpretação ao vivo
Confira a entrevista com Fabrício Fortes
(Foto: Divulgação/Hamilton Fialho)
"O compacto está servindo como um ótimo cartão de visitas do meu
trabalho, mas confesso que sou um homem de palco e de criação"
O disco é independente ou saiu por uma gravadora? Como está essa questão de gravar um CD? Melhorou, está mais complicado? Faça uma análise do atual cenário.
O "Cinco sentidos" é totalmente independente, fruto de muito trabalho, colaborações espontâneas de diversas pessoas e muitas renúncias pessoais. A situação para música séria (não exclusivamente comercial) no Brasil é caótica, pois o mercado só existe para o que é medíocre, afinal, a música nos moldes comerciais é um dos maiores instrumentos de alienação. Vivemos o tempo de megashows e micro músicas. Muito volume, muita pirotecnia, muita sensualidade sobre os 3 ou 4 acordes consonantes de sempre, compasso 4/4 e cabelos extravagantes.
Vai ter clipe? Você curte esse lance, já fez outros?
Pretendo, pois a imagem é uma grande ferramenta. Mas como tudo em minha carreira, tem que ser muito planejado e à custa de muito suor.
Que tal fazer um faixa a faixa do disco?
Faixa 1 - "Um raio de sol, Bemol": É uma homenagem à bossa nova e a João Gilberto, e das razões pelas quais componho para ver as pessoas melhores. Esse nome é também uma declaração de amor à delicadeza.
Faixa 2 - "A valsa da contestação": Compus essa ao me deparar com inúmeras intervenções mais do que negativas do cristianismo na sociedade e como o monoteísmo é o pai do racismo, do egoísmo, da intolerância e do ego na sociedade judaico-cristã-ocidental.
Faixa 3 - "Não te abala, moreno": Traz uma mensagem ao povo que luta para não se deixar abater, pois a fé é pessoal, vem de dentro pra fora e não de fora pra dentro. Religião, pra mim, é algo interno, pessoal.
Faixa 4 - "Baião pra dois": É a conversa entre dois amigos sobre a futilidade das relações humanas.
Faixa 5 - "Molha as palavras": O nome surgiu de uma brincadeira do meu pai, uma expressão usada por ele. Mas a música se desenvolve citando situações na vida onde se deve substituir palavras rudes (secas), por um gole qualquer.
Faça um balanço do CD, no sentido mercadológico da coisa e de experiência musical mesmo.
Ele está servindo como um ótimo cartão de visitas do meu trabalho. Mas confesso que sou um homem de palco e de criação. A dimensão real as pessoas só têm ao vivo, olho no olho.
A sua mudança para o Rio foi pensada no sentido de buscar mercado? Ou era um desejo antigo? Como estão as coisas até agora?
Minha mudança é motivada pelas duas coisas, mercado e vontade pessoal. Ainda estou explorando o terreno, mas a receptividade tem sido muito boa.
Confira o bate-papo de Rita Procópio com Fabrício Fortes
_______________________________________________________
Serviço
(Foto: Divulgação)
Disco foi gravado em estúdio da Grande Porto Alegre;
são cinco músicas, uma produção própria, voz e violão
> Fabrício Fortes - O compacto "Cinco sentidos" está sendo vendido por R$ 10 e acompanha um marcador de páginas com um aforismo. Pode ser adquirido nos shows ou pelo e-mail (fabriciofortes.contato@hotmail.com). Acompanhe as novidades sobre o cantor no site e na página no Facebook, onde além das cinco faixas do compacto se encontram disponíveis outras canções e textos do artista. Telefone para shows: (21) 9-6888-3333, com Ana Paula.