Racismo, homofobia, cultura de rua e por aí vai. Tudo isso está no clipe "Termine", da InabituaL, lançado recentemente. Gravado de maneira independente, com parceria da FractArts e apoio do estúdio Fred Dread. Foram apenas dois dias de trabalho. No primeiro, as gravações externas pelas ruas de Volta Redonda, em bairros diversos. No segundo, na garagem do Eduardo Henrique (vocalista da banda). O resultado você confere abaixo:
A InabituaL foi formada em 2004, em Volta Redonda. A musicalidade, segundo os integrantes da banda, bebe muito da relação da própria Cidade do Aço.
- Essa questão de uma cidade operária, trabalhadora. Todos os estilos musicais são combustível para a construção da nossa música. A arte é uma troca e fazemos questão de trocar com os diversos estilos. Em 2014 estamos completando dez anos de estrada e com isso lançando nosso novo clipe. Pra nós, estarmos dez anos juntos é motivo de vitória - diz o vocalista.
Quem é quem na banda
. Eduardo Henrique - vocalista
. Duílio Ferronatto - guitarra
. Vitor Morais - baixo
. Jeffei Estevão - bateria
Confira a entrevista com os integrantes da InabituaL
(Foto: Divulgação/Celso Bernal)
Banda InabituaL foi formada em 2004 e musicalidade bebe da relação com a própria Cidade do Aço
Onde e quando foi gravado o clipe? Quanto levou para gravar e finalizar? Quem dirigiu, quem fez o roteiro?
Eduardo Henrique: O clipe foi gravado em julho de 2014 e ficou finalizado 100% em dezembro. O roteiro foi feito pela banda de maneira coletiva, como tudo o que a gente costuma fazer, e contamos com ajuda dos amigos que aparecem durante o clipe todo. Todos esses amigos também são envolvidos com arte de Volta Redonda e região. Tivemos a honra de ter todos esses amigos, e pra nós, ídolos, em nosso trabalho. Uma honra! A edição, filmagem e edição foi feita pela FractArts.
Por que a escolha dessa canção para virar clipe?
Duílio Ferronatto: A "Termine" sempre foi nossa música de trabalho. Desde que lançamos o disco "Homem coletivo" em 2012, ela era a música que sempre pensamos em fazer um clipe. Porém, dentro do que pensávamos pra época, precisaríamos de muito tempo e recurso pra conseguir fazer. Por essa questão, lançamos primeiro o clipe da "Em massa". Com o tempo passando e a experiência de cada um crescendo, percebemos que podíamos fazer o clipe de maneira independente e com o pouco recurso que tínhamos contando com os amigos. E deu certo. A escolha da música tem muito a ver com a mensagem que ela passa, com o sentimento que ela tem. Uma vontade de dialogar com essa relação de trabalho, suor, exploração e vitória de cada dia do povo brasileiro.
Qual foi a estética e o conceito escolhidos como linha condutora do clipe?
Vitor Morais: Quando escrevemos o clipe, logo de primeira, pensamos em um clipe branco e preto. Usamos muito o clipe do Rappa "Minha alma" como exemplo. A ideia do clipe preto e branco era trazer algo mais tenso, mais pesado. Mas em diálogo com a Louyse da FractArts, chegamos à conclusão de que seria melhor um clipe com cor, nada muito forte, usando essa questão, pra poder usar melhor nas filmagens externas. Gostamos do resultado. Tentamos no clipe trazer a mensagem que acreditamos ser fundamental somada com os amigos, que pra gente também eram grandes exemplos da arte de Volta Redonda e juntar tudo isso. O conceito Homem Coletivo, que colocamos no disco é um pouco disso.
Houve uma preocupação de interligar letra e mensagem da canção com o visual do clipe? Ou isso não fez parte do foco principal ao criar o vídeo?
Jeffei Estevão: Houve sim. Tivemos essa preocupação. Não em fazer uma tradução; letra e imagem. Mas sim em pegar o que acreditávamos de central na mensagem da banda, nessa letra, e jogar esses conceitos no clipe. Além disso, colocamos discussões que achamos imprescindíveis hoje no Brasil: como racismo, homofobia, cultura de rua e por aí vai.
Qual a importância, hoje em dia, em tempos de internet, de uma canção ganhar um clipe?
Eduardo Henrique: Não sabemos mensurar ao certo o tamanho dessa importância. Mas o que vemos é que um clipe ajuda na divulgação do trabalho. Mas não é por esse motivo que fizemos o clipe, o fizemos porque sentimos a necessidade de uma expressão visual, para além da musical. Agora, o que vamos colher disso é algo que o tempo vai dizer. Mas o que nós queríamos está feito; expressão audiovisual de algo que acreditamos. O que pode ser usado de uma maneira didática, em dizer o que é a InabituaL e o que acreditamos.
De forma ainda tímida, vem aumentando o número de artistas locais que lançam clipes. Qual a maior dificuldade, além da questão grana, em se produzir um clipe na região?
Duílio Ferronatto: Todos esses artistas são independentes. A dificuldade bate na falta de apoio. Mas se tem algo que Volta Redonda vem ensinando é a questão que aprendemos que é o "faça você mesmo". E isso vamos fazendo, produzindo. Pra nós, Volta Redonda hoje é um dos maiores polos culturais do Brasil. Ainda falta olharem pra cá. Mas quando os holofotes estiverem aqui, vai sair muita coisa bacana. Só vermos quantas bandas talentosas, um teatro de qualidade, poetas de qualidade.
A banda curte quais clipes (locais/nacionais/internacionais) lançados que de alguma forma possa ter influenciado a criação do clipe?
Vitor Morais: Listar é sempre complexo, porque sempre acabamos esquecendo. Mas alguns são clássicos: "O que sobrou do céu", do Rappa. "Minha alma" - O Rappa. "Guerrilla radio" - Rage Against The Machine. "Latino América" - Calle 13. "Toxicity" - System Of A Down. Pearl Jam - do "The revolution"... E vários outros clipes.
Projetos. O que vem por aí?
Jeffei Estevão: Em 2015 vamos entrar em estúdio. Vem coisas novas aí, apresentando uma nova fase da banda, com novos conceitos e novos olhares. Então vai ser um ano de muito trabalho, de produção e além de tocarmos muito.
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Serviço
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