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Existe Alguém Aí?

Wander Wildner lança álbum conceitual com visão crítica da sociedade

Ex-replicante, ex-punk-brega e ex-trovadorfolk encara a política em seu sentido mais amplo, priorizando pessoas a ideologias

Música  –  07/05/2015 19:05

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(Foto: Divulgação/Fernanda Chemale)

Wildner está calejado demais para dividir o mundo entre destros
e canhotos ou achar que tem a solução para os problemas urbanos
 

Wander Wildner já foi boy do subterrâneo, já teve uma camiseta escrita "eu te amo", já acreditou em milagres. Hoje, pergunta no título de seu oitavo disco: "Existe alguém aí?". Diz ele que é um álbum conceitual, com sua visão crítica da sociedade. Mas não espere panfletagem. O ex-replicante, ex-punk-brega e ex-trovadorfolk está calejado demais para dividir o mundo entre destros e canhotos ou achar que tem a solução para os problemas urbanos. Aos 55 anos, encara a política em seu sentido mais amplo, priorizando pessoas a ideologias. 

A inclinação estadista de Wander vem em boa hora. Em tempos de posições extremadas, de indignação seletiva e de apostas no quanto pior, melhor, o bardo comporta-se como um Pepe Mujica do rock. Com a simplicidade e a clareza do ex-presidente uruguaio, fala de solidão ("Sua própria companhia"), da metrópole caótica ("Réquiem para uma cidade"), de levar uma vida saudável ("Plantar, colher e depois dançar"). Ainda que aborde questões pontuais, como em "Naquela noite ela chorou", importa-se mais com a frustração do que com o resultado das urnas. 

Antes que o trecho "todos viram a democracia acontecer, mas com um resultado devastador" preste-se a interpretações oportunistas, ele explica que refere-se à eleição de Lasier Martins (PDT-RS) ao senado, em 2014. Ao perceber que "a maioria queria o que ela não queria", a moça da canção lamenta e vai em frente. Um futuro cheio de esperança a recebe em "Numa ilha qualquer" e em "Saudade", porque Wander pode até mudar o som para mais pesado ou a temática para menos romântica, nunca o tom. No fundo, é o mesmo querido de sempre. 

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"Existe alguém aí?" foi produzido por Wander, gravado e masterizado em Porto Alegre por Thomas Dreher, editado no Rio de Janeiro por Raoni Andrade e mixado por Alvaro Alencar em Nova York. A arte da capa é de Eloar Guazzelli. 

> YouTubeouça aqui.

Por Márcia Tunes  –  marciatunes@gmail.com

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