Publicada: 29/10/2016 (17:53:48) . Atualizada: 07/11/2016 (09:46:11)
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Os instrumentos são os responsáveis pela emissão dos sons artificiais. Eles são de várias qualidades: os de corda, sopro, percussão e outras variedades. Os de corda podem ser tocados com os dedos ou palhetas, ou com arcos. São deste tipo, o violão, a guitarra, bandolim etc. São os de corda tocados com o arco: o violino, a viola, violoncelo etc. Os de sopro podem ser de madeira e de metal etc. Até de plástico existem, como as flautas doces, para a musicalização, nas escolas. A percussão possui nos seus instrumentos infinitas formas: os tambores com peles, pratos em metal, artefatos percussivos de madeira etc.
Os fabricantes dos instrumentos vão deste a indústria, com produção de larga escala, até Luthiers famosos como, por exemplo, Stradivarius.
Aqui começa nossa investigação estética. Por que o homem deseja aperfeiçoar seus instrumentos? Por que o homem refina seu modo de fabricação? Por que existem instrumentos de valor comercial muito elevado? Alguns violinos custam milhões, algumas flautas são confeccionadas em ouro. Existem flautas do período barroco feitas em cristal.
Cordas com fio de prata para instrumentos de corda são as preferidas dos grandes concertistas.
Seria a música tocada em instrumentos valiosos de altíssima sonoridade, por conseguinte, qualidade, o quesito primordial para que se obtenha boa música? Onde estaria a beleza da performance, no modo de tocar, ou na qualidade do instrumento? A corrida para o aprimoramento dos instrumentos nunca vai se estagnar. Se considerarmos essa afirmativa, o que se fez no passado, aos olhos de hoje, as performances sempre serão melhores. Isso poderia não ser uma verdade. Músicos do passado com suas interpretações, dificilmente seriam ultrapassadas, na média, comparadas a alguns músicos de hoje. O próprio Franz Liszt, grande pianista poderia ter tocado em um instrumento com qualidades diferentes da nossa época, porém seria indiscutível que mesmo tocando em um piano sem tanta tecnologia, dificilmente teríamos hoje muitos pianistas com a sua qualidade.
O que vemos hoje, nas salas de concerto são verdadeiras mostras de grandes qualidades artesanais dos instrumentos artificiais.Também no cotidiano de qualquer músico existe a vontade de possuir um instrumento top, como se diz. Muitos guardam economias e se privam de muitas coisas para obter aquela tão sonhada guitarra, ou aquela bateria, com seus pratos importados. Seria luxo, vaidade ou status em possuir um exemplar talvez raro ou valioso?
Não deveríamos ver por este lado. A tecnologia e a ciência estão a serviço do homem, contudo, elas são escravas e não senhoras de nossas vidas. Deveríamos aproveitar a oportunidade de tocarmos em instrumentos melhores, com tecnologia de ponta, sempre que tivermos condições. Porém, isso não vai garantir uma bela performance, todavia, pode ajudar na sonoridade de quem estuda bastante. O estudo sim é primordial para se tocar bem em um instrumento, pelo menos regular. Consegue-se extrair sonoridade de um instrumento de média qualidade se formos bons músicos, porém, não o impossível.
Frequentemente, todavia, encontramos verdadeiras qualidades e raridades em instrumentos bons nas mãos de músicos desinteressados pelo estudo da música.
Finalmente, o que interessa a nós não seria uma corrida científica e laboratorial, com o único objetivo de criar instrumentos perfeitos e de sonoridades perfeitas. Na verdade, se o homem não tocá-lo não existirá a música. Os instrumentos são feitos pelo homem, mas definitivamente, “para o homem”. Não importa o “pelo homem”, mas sim, para que alguma geração possa extrair sonoridades e interpretações que outras não conseguiram. Esta será a maior conquista e objetivo do “por que” dos instrumentos e não o “para quem”, alimentando apenas a vaidade de se ter um instrumento valioso e guardá-lo em um armário como um troféu. Instrumento que não é tocado perde o seu som. Instrumentos não são como o dinheiro que serve para ser armazenado como símbolo de riqueza, porém, para ser usado como símbolo da ação humana artística.