
(Fotos: Divulgação)
Home Studio: Edson numa foto de abril de 2009
Abrindo os trabalhos de 2013 com a deliciosa série “Loucos por Música”, aqui não tem ressaca, tem alegria e felicidade. Meu convidado de hoje é Edson D’Aquino, 53 anos, que se acha um cara comum, daqueles que não costumam chamar atenção, apesar de usar brinco de argola desde os 14 anos. Formado em desenho industrial, sem nunca ter exercido a profissão, pois à época ninguém sabia qual a serventia desse diploma, que sequer foi resgatar. Ele disse: “Por 18 anos fui músico e toquei com muita gente boa (mas as ruins foram em número um pouco mais expressivo) e já há algum tempo corretor de seguros, gerente de riscos e consultor para riscos diferenciados. E tenho alguns vícios, como mulheres, meu querido Botafogo, meu lindo filho aborrescente Rodrigo, música e... O maldito cigarro! Não necessariamente nessa ordem”. Edson fala do blog e de si com um delicioso bom humor, confiram!
Márcia: Edson, como e quando começou a escrever seu blog? Qual era o objetivo e esse objetivo permanece o mesmo ainda hoje?
Edson: Comecei timidamente, impulsionado pela descoberta do blog "Lágrimas Psicodélicas", do Johnny F - para o qual algum tempo depois cheguei a colaborar por alguns meses -, em julho de 2006, e de maneira mais efetiva, explorando mais os ainda parcos recursos blogger, a partir de agosto do mesmo ano. Até aquele momento, o máximo que conhecia do universo do compartilhamento restringia-se aos jurássicos P2P e Napster, Winmix, Audiogalaxy etc. e as informações ainda eram conseguidas a duras penas e conexões ridículas, apesar de em muito mais volume do que jamais havia absorvido em mais de 40 anos de vivência musical. Era apenas um colecionador - cheguei a ter em torno de 11.000 itens, entre bolachões e bolachinhas - à procura de reposição digital para minha coleção e para isso chegava a ripar de meus próprios discos por não encontrá-los em um universo cibernético que, sequer imaginava, apenas engatinhava. E foi assim que, de sanguessuga, passei a ser fornecedor de informação, colocando para fora minha veia verborrágica da maneira mais completa possível, pois além da escrita, ao mesmo tempo que o ferramental blogger me permitia diagramar e "ilustrar" aquelas mal traçadas linhas - mas sempre escritas com muito carinho - com o próprio assunto objeto da postagem: o tal do link para um supercomputador hospedado em alguma parte de nosso minúsculo e maltratado planetinha azul. Pura magia!
Márcia - Quando começou já era "Gravetos & Berlotas" e por que escolheu esse nome?
Edson: Sim, desde o início sempre pensei "Gravetos & Berlotas", nunca houve outro. A história por trás desse nome é bastante interessante, mas acho que não preciso explicar qual o significado desses termos, certo? Ou não? Bem, deixa pra lá (risos)... A verdade é que, ainda um moleque já apreciador de uma "marofa" socialmente e apenas um esforçado iniciante nas 6 cordas, sonhava em ter uma banda de sucesso. E toda banda precisa de um nome. Certa vez, estirado em meu quarto com a mente totalmente enfumaçada e ao som de "Sangue latino" - Secos & Molhados, o nome veio-me de estalo. Tinha tudo: sonoridade e subversão.
É claro que jamais consegui que nenhuma das trocentas bandas que toquei em meus 18 anos como músico adotasse esse nome - afinal, tratava-se um período difícil, ditadura militar e coisa e tal - mas ele sempre me perseguiu. Sendo assim, Gravetos & Berlotas me pareceu uma escolha óbvia para o blog, mesmo porque defendo a bandeira da legalização e, quer saber?.. A uma certa altura da vida chega-se à saudável conclusão de que não devemos satisfações a ninguém. Além de ser um belo "foda-se" ao politicamente correto que assola estes tempos globalizados.
Show realizado no Circo Voador, em 1983
Márcia - Visito com certa frequência seu blog, que considero um dos melhores que conheço. Como escolhe os álbuns para postagem? Suas escolhas são aleatórias?
Edson: Putz! Valeu! Totalmente excelente demais saber disso, Márcia. Também passo no "Contramão" prum cafezinho e algumas vezes deixo um "oi" por lá, além de pescar muitas coisas interessantes, apesar de não partilhar do seu entusiasmo pelo krautrock (risos).
Quanto às postagens, sim, são aleatórias - para não dizer um tanto caóticas - e em muito devido ao meu (moderado!) ecletismo, resultado de meu precoce interesse por música. Minha mãe costuma dizer que meu parto foi um tanto difícil porque eu fazia questão de trazer a guitarra (risos). Mas a verdade é que grande parte de minha educação musical devo a ela e seus bolachões que cobriam de boleros ao rocknroll mórmon de Pat Boone, de Big Bands à série "As 14 mais", mas, acima de tudo, Roberto Carlos - ainda hoje sua maior paixão. O certo é que tudo que se referisse a música tinha minha total atenção (dos grandes festivais e a jovem guarda ao "2 na bossa", assistia de tudo na TV) e por isso a variedade de gêneros de minhas postagens, abrangendo da MPB ao heavy, do jazz ao latin rock, do blues ao prog, do fusion ao indie, do soul ao pop (com neurônios). Daí eu refutar veementemente o termo "roqueiro", apesar de o rock ter sido um precoce divisor de águas em minha vida musical. Para mim, o termo é sinônimo de limitação e mesmo sendo uma condição inerente a todo ser humano, sempre procurei estender minha fronteira musical o máximo possível.
E foi assim que, em meio a Hendrix, Beck, Led Zepp, Purple, Tull, Santana (os boleros da discoteca de minha "véia" foram fundamentais na minha profunda admiração por esse chicano arretado), Yes, Genesis, Gentle Giant, The Who, Rolling Stones, Beatles (que a princípio demorei a assimilar por considerá-los pouco mais do que hoje classificamos como "boy band") e centenas de outros, misturaram-se nomes como Alceu Valença, Eumir Deodato, Luiz Melodia, Elis, Djavan, Velhos e Novos Baianos, Pepeu, Armandinho, Ruy Maurity, Milton Nascimento, Banda Black Rio, Simonal, e por aí vai.
Márcia: Já teve algum tipo de problema com gravadoras ou bandas ou teve álbuns deletados de provedores?
Edson: A Mrs. DMCA me gerou muitos problemas e por isto há mais de três anos passei a restringir as buscas através do Google e deu certo, apesar de ter reduzido drasticamente o volume de comentários como resultado da menor visibilidade. É um preço alto a ser pago quando se está acostumado a uma média de 50 comentários por postagem, com picos de mais de 200 em algumas. Mas a censura que realmente me deixou revoltado, apesar de feita de maneira extremamente polida, partiu de uma estupenda guitar band sueca, a Plankton. Posteriormente, resolvi repostá-la, mas tive problemas no navegador e perdi todo o conteúdo e me deu preguiça de refazê-la. Hoje sequer ouve-se notícias da banda, talvez mesmo pela postura antipática adotada.
Em contrapartida, recebi diversos agradecimentos, como no caso da Caldera, uma tremenda banda latin fusion dos 70, em que o irmão do percussionista da banda, o baiano Mike (Miguel) Azevedo, deixou um tremendo depoimento nos comentários agradecendo a postagem, pois estava incumbido pelo irmão de conseguir todo e qualquer material em que tivesse tocado e que os mais raros seriam esses trabalhos; ou o André Águia, vocalista da excelente banda mineira O Verso, agradecendo a postagem de seu único e fantástico trabalho, "Teto de sol", de 2006; ou a One Hand Free, que me envia notícias e material inédito pra divulgar etc. Além de Chris Bickley, guitarrista da Thunderhead, que elogiou publicamente minha iniciativa de disponibilizar o álbum de demos produzidas por Johnny Winter e posteriormente enviou-me um link com o lançamento digital do disco oficial da banda.
Uma imagem da Contrabanda, registro de 88
Márcia: Você acredita que de alguma forma esteja prejudicando alguém com suas postagens, falando de direitos autorais?
Edson: Não, em hipótese alguma! Na verdade, considero que muitas bandas/músicos e artistas de qualquer natureza devem o prestígio do qual hoje desfrutam ao compartilhamento. E não estou sequer citando os inúmeros ídolos pop (geralmente, muito aquém do medíocre) que surgiram e ainda surgirão pela própria internet e foram e serão absorvidos pela indústria musical.
Márcia: Qual é a importância de um blog dedicado à musica?
Edson: Acho que a essência de qualquer blog é ser o espelho da alma de seu criador e, para que isso aconteça, a cumplicidade entre criador e criatura deve ser total. Por isso não curto blogs administrados a zilhentas mãos e, na maioria das vezes, sem um textinho que seja. Esses são meros cabides de links e costumam viver da receita de banners. É claro que pesco muita coisa nesses blogs, mesmo porque estão sempre na corrida para ver quem disponibiliza primeiro o último álbum da melhor banda de todos os tempos da última semana - compromisso que o G&B jamais buscou -, mas a impessoalidade não me cria empatia e sequer deixo comentários.
Márcia: A maioria dos internautas não deixa comentários de agradecimento, mas quando querem reclamar ou pedir sabem usar os comentários, isso te irrita?
Edson: Já irritou mais. Hoje, só lamento pois essa atitude mesquinha está provocando o fechamento de diversos bons espaços. O G&B é, antes de mais nada, uma necessidade minha e quando cessar essa necessidade será bye bye, so long, farewell. A única coisa que poderia me impedir de fazê-lo seria sentir que o G&B é tão necessário para outros também. E hoje não percebo isso. Portanto...
As mini-bolachas que fazem parte da coleção de Edson
Márcia: Você acha que existe concorrência entre os blogs ou o espírito de camaradagem impera?
Edson: Rola os dois, a "brodagem" e a "trollagem". Entre os bons, a concorrência é saudável e convive em harmonia com a "brodagem", gerando até alguns eventos "brenfoetílicomusicais" como alguns dos relatados nas "Colunas Anti-Sociais" do G&B, sempre um sucesso. Já entre os de índole duvidosa, a "trollagem" impera e acontecem de simples "agulhadas" a - acredite se quiser - denúncias para retirada de links, forçando o encerramento de contas em hospedeiros.
Márcia: Faz ideia de quantos álbuns já publicou no Gravetos & Berlotas?
Edson: Não faço ideia. Até o momento, foram 451 postagens. Parece pouco, no entanto, como a enorme maioria envolve discografias - algumas com mais de 30 discos - e atualizações de conteúdo (quando acrescento novos discos a uma postagem antiga), acredito que seja algo em torno de 2.000 álbuns. E tem muita coisa ainda por vir! E não se esqueça de que posto em média apenas uma vez por semana (às segundas-feiras e, eventualmente, às quintas-feiras ou sextas-feiras), pois a elaboração de grande parte dos textos, um diferencial do blog, toma tempo e sem eles o G&B não faria sentido. Ao menos pra mim.
Márcia: Sua coleção aconteceu por acaso ou desde o início você já sabia que era um colecionador? Quando começou a colecionar?
Edson: Aconteceu naturalmente. Como disse antes, minha mãe tinha por hábito comprar discos e a ideia de poder escutar o que quisesse na hora que mais me aprouvesse sempre me fascinou. Junte a isso um pai que adorava construir "diversões eletrônicas" - criou nossos primeiros toca-discos e amplificadores, inclusive estéreos! - através de manuais encartados em revistinhas de eletrônica muito comuns na época, e a cama para que me tornasse um adicto em música estava feita. Já com meus 6/7 anos de idade saía com minha mãe para comprar discos e logo comecei a ditar o que deveria ser comprado (e pode ter certeza que não eram discos de contos de fada - risos) e a pequena coleção dela inchou rápido. Grande parte de minha primeira mesada ao completar 10 anos foi gasta em compactos (como chamávamos os singles) e o primeiro da lista foi "Elenore"/"Surfer Dan", da The Turtles, por ser o tema do personagem Beto Rockfeller, da novela de mesmo nome e um tremendo sucesso à época, e o tenho até hoje.
E foi nesse primeiro lote que conheci a primeira banda que cultuei na vida, Creedence Clearwater Revival, através do EP (ou compacto duplo) "Down on the corner". Se uma certa bandinha inglesa com nome estranho que remetia a um dirigível e também conhecida pela alcunha de Fant4 não tivesse lançado seu disco de estreia poucos meses depois, muito provavelmente aqueles quatro caipiras liderados pela genialidade de John Fogerty seriam ainda hoje meus prediletaços. E foi assim que tudo começou. Hoje, de mais de 11.000 LPs e singles, sobraram-me apenas três LPs (um deles, o álbum triplo "Lotus", do Santana, em tiragem limitada da Sony Japan) e uns 20 e poucos singles. Em compensação, hoje tenho em torno daquele mesmo número em CDs. A diferença é que a grande maioria (acredito que em torno de 70%) é de "genéricos".
Márcia: Sua coleção é só de rock ou outros gêneros podem entrar?
Edson: Cabe (quase) tudo no meu coraçãozão, mas a esmagadora maioria é rock em todas as suas diversas manifestações, com uma leve predileção para os que têm mais blues na veia. O rock exageradamente "wasp" não faz minha cabeça.
Márcia: Qual o LP que considera o mais raro de sua coleção?
Edson: Hoje, como disse antes, não tenho nada raro, pois me sobrou muito pouco. Mas tive diversos itens de valor e com o diferencial de sempre em estado de novo. Muitos só descobri serem raros após o advento da internet. Aliás, raridade em música segue critérios os mais esdrúxulos e a qualidade do conteúdo é o que menos importa. O mais importante, geralmente, é a quantidade de cópias prensadas; quanto menor, melhor. Na verdade, nunca comprei um disco raro, pois geralmente os adquiria na época de seus lançamentos, ou seja, eram novidades. E se gostava, ia pra prateleira; se não, vendia para o primeiro disposto a pagar o valor mais próximo do que gastei. Por falar nisso, sei que sou uma voz dissonante quanto à questão das "joias perdidas" das décadas de 60/70, mas a verdade é que a esmagadora maioria dessas mereceu o seu destino, seja pela baixa qualidade do material, dos músicos, da gravação etc. A Grande Rede está fazendo com que muitos - geralmente aqueles que não viveram a época, no máximo começaram a ouvir rock em meados dos 80 e depois descobriram que havia vida inteligente 1 ou 2 décadas antes - acreditem que tudo que foi lançado em private presses (ou em pequenas fornadas independentes ou por majors) é o supra-sumo da música da época, "fabricando" assim milhares de músicos/bandas "injustiçados". E, convenhamos, isso está muito longe de ser verdade, apesar de existir muito material que mereceria um destino melhor.
Mas acho que o item mais raro que tive foi um bootleg italiano embalado em papelão vagabundo, com o título carimbado em azul e o verso com o track-list colado datado de 1969 de uma bandinha xexelanta conhecida por Led Zeppelin. Conhece? (risos). Mas a bagaça era tão mal gravada, lá do meio da muvuca, que tive vontade de quebrá-lo. Foi meu primeiro e último bootleg! Mas com esse pelo menos deu pra ganhar um dindin bacana, o que só corrobora minha tese de que o colecionador muitas vezes tá se lixando pra qualidade do material (risos).
Márcia: Qual deles seria o mais estranho dentro da coleção?
Edson: Essa é fácil: uma compilação dupla dos maiores executores de guitarra portuguesa, um instrumento que sempre me fascinou. Aliás, me amarro em fado instrumental; o mesmo vale pra bossa nova: com vocal, não rola! (risos). Por isso meu gosto por samba jazz, geralmente instrumental.
Márcia: Qual álbum deu mais trabalho para encontrar?
Edson: Como disse, nunca procurei por raridades. Minha especialidade era "descobrir" bandas que só fariam sucesso muito depois. Algumas que peguei ainda no colo, quando não ajudei no parto: Queen (comprei seu primeiro disco importadão assim que foi lançado, bastando uma simples audição de "Keep yourself slive"; Supertramp (aconteceu o mesmo com "Surely", de seu primeiro álbum); Be-Bop Deluxe (quando vi a capa de "Axe victim", chapei; quando o ouvi, surtei); Esperanto Rock Orchestra; Rush (pra mim, aquele primeiro álbum ainda é the best e a primeira audição de "Finding my way" foi uma porrada nos tímpanos), Bang (ainda tenho o single com "Keep on"/"Redman") e por aí vai até Dire Straits, cujo primeiro LP só estourou por aqui quando meu exemplar já estava gasto. Meu irmão caçula, com quem dividi o quarto por toda minha infância e parte da adolescência, costumava dizer que essas bandas venderam apenas uma cópia de seus discos... Pra mim (risos). Quanta falta de visão da parte dele!
Márcia: Ainda tem uma lista grande de discos que procura?
Edson: Não tenho mais nenhuma lista, pois já repus digitalmente, através de downloads ou compra, minha coleção e muito mais. Eu quero mais é descobrir novas velhidades e velhas novidades! Ser surpreendido sempre foi meu maior barato. Mas a voracidade por downloads já reduziu bastante.
Márcia: Como costuma achar seus objetos de desejo?
Edson: Hoje, é pela Grande Rede, mas quando ainda um moleque gastando quase toda sua suada mesada em bolachinhas e bolachões, eram as lojas de importados ou os setores de discos de lojas de departamentos como Sear’s e Mesbla (me divertia garfando uns exemplares depois das aulas) e algumas tardes enfumaçadas nos sebos da vida, do Lgo. Do Machado/Catete à Rua dos Inválidos. Não havia buraco cheio de poeira e teias de aranha que eu não conhecesse, mas raramente adquiria algo.
Edson no Parque Guinle, foto de 1979
Márcia: Sua coleção é compartilhada no seu blog?
Edson: Começou com esse propósito, mas o universo cibernético hoje é tão rico que o que tenho, todos tem. Mas lembro-me bem de minhas primeiras postagens com coisas como Esperanto e Be-Bop Deluxe causando um susto nos ainda poucos visitantes. E quando postei a discog completa da Moody Blues? Putz! Fui classificado como louco. Afinal, além da enorme quantidade de itens, estamos falando de conexões ainda extremamente lentas à época. Mas ainda hoje compartilho material de meu acervo pessoal, só que em menores doses.
Márcia: Pode citar algumas das raridades que tem em sua coleção?
Edson: Acho que, de alguma forma, já respondi esta pergunta em outros tópicos. Mas uma coisa é certa: só fui saber tratar-se de raridades, muito tempo depois.
Márcia: Agora poderia, por gentileza, fazer uma pequena lista com os dez álbuns que considera fundamentais em uma coleção, lista comentada por favor!
Edson: Aqui, vou mudar um pouco o foco do seu pedido pois teria que relacionar todos os discos da minha grande paixão, Led Zeppelin (aka Fant4), e sobraria muito pouco para encaixar tudo de Jimi Hendrix, Creedence e Gentle Giant e, pelo menos, metade da discografia do Zappa, só para citar alguns. Então, optei por relacionar pérolas indispensáveis de bandas não tão massificadas:
1. At The Mountains Of Madness (1971) - Blackfeather. Talvez a maior descoberta que fiz através da Grande Rede. Um trabalho muitíssimo à frente de seu tempo. Meu filho chegou a achar que se tratava de um novo disco da System Of A Down, tamanha a atualidade deste trabalho;
2. Sunburst Finish (1976) - Be-Bop Deluxe. Acompanhei a carreira da banda desde seu início e esse álbum é uma autêntica obra-prima, a síntese perfeita da proposta da banda, e o melhor de sua carreira. Clássico!;
3. Last Tango (1975) - Esperanto. Outra banda que peguei no colo. E a excelência desse trabalho (o terceiro e último da banda) é absolutamente à prova de desgaste do tempo, além de conter a versão mais fodástica de "Eleanor Rigby" que já escutei;
4. Every Good Boy Deserves Favour (1971) - The Moody Blues. Essa banda é uma grande paixão desde que escutei "Nights in white satin" pela primeira vez em meu rádio de pilha sempre sintonizado na Rádio Mundial AM e estrategicamente colocado debaixo de meu travesseiro a embalar meu sono e, entre tantas obras-primas que lançaram, considero este o supra-sumo. A audição de "Procession"/"The story in your eyes" ainda hoje me emociona. Se tivesse de indicar a alguém uma faixa que descrevesse com perfeição a história da música universal, certamente seria esta sequência, pois funciona como uma única faixa;
5. First Base (1973) - Babe Ruth. Primeiro e melhor trabalho da banda liderada pelo craque Allan Shacklock e que contava com a sensacional vocalista Janita Haan. Gerou pelo menos dois clássicos, "The Mexican" e "Wells Fargo", além de uma versão matadora para "King Kong", do Zappa;
6. Message From A Drum (1972) - Redbone. Um discaço! Desde sua introdução com a arrepiante faixa-título até o final apoteótico com "One monkey". E no meio, ainda temos a contagiante "The witch Queen of New Orleans", "Niji trance" etc. Tudo embalado por uma miscelânea de cajun, r&b, música indígena, fusion, free jazz e rock, tudo ao mesmo tempo agora;
7. The Original Soundtrack (1975) - 10cc. Uma joia do art rock por uma banda das mais subestimadas, apesar de contar em suas fileiras com um quarteto criativa e musicalmente irrepreensível que revezava-se em todos os instrumentos, alguns inusitados, além de criativos produtores e engenheiros de som;
8. Pathfinder (1972) - Beggar’s Opera. Já em seu trabalho anterior, "Waters of change", essa banda escocesa provava sua enorme capacidade, mas em "Pathfinder" tudo se encaixou em uma produção caprichadíssima;
9. Made In England (1972) - Atomic Rooster. Acho que esse foi um dos discos (incluindo também "Truth", do Jeff Beck Group) mais relançados em terras tupiniquins. Só eu tive três versões de anos diferentes (a última quase dez anos após seu lançamento original) e sempre com a clássica capa "jeans". E para quem conhece seu conteúdo, tais relançamentos foram plenamente justificados;
10. Remember The Future (1973) - Nektar. Aqui, a cultuada banda anglo/germânica tira o pé do acelerador e compõe um belo álbum conceitual sobre um garoto cego que tem a capacidade de comunicar-se com extra-terrestres e conseguindo a incrível façanha de manter o interesse do ouvinte por pouco mais de 35 minutos distribuídos em apenas uma única faixa e, em momento algum, deixá-lo entediado.
Caso queira acompanhar a série “Loucos por Música”, os já publicados são:
> Luciana Aum do blog ProgRockVintage
> Cristian Farias do blog Eu Escuto
> Luiz Fernando Rodrigues dos blogs Envoyez-la e Eu Escuto
> Marcello “Maddy Lee” do blog Pântano Elétrico
> Renato Menez do blog Stay Rock
> Romeu Corsino do blog Prog Resenhas
> Tiê Passos do blog Difusor de som
> Eduardo Marins do blog Planeta Progressivo
> Homem Traça do blog Criatura do Sebo
> Heldon Brazil do blog Progressivo-Vivo
> Os seis meninos do blog Valvulado
> Dugabowski do blog Melofilia
> Alex sala do blog Muro do Classic Rock