(Fotos: Divulgação)

Pink Floyd: Uma das melhores bandas de sempre

 

Comecei a semana com um show do David Gilmour e na semana passada falei do livro do Nick Mason, isto é Pink Floyd na cabeça. Então, pra continuar no ritmo progressivo desta incrível banda que, mesmo fazendo um som ultra psicodélico, conseguiu ter fama mundial, falo hoje do meu primeiro "Disco Fundamental" do grupo. Primeiro porque são muitos os álbuns da banda que considero fundamentais, mas "Meddle" tem um sabor diferente pra mim. Além de ter sido o meu primeiro disco do Pink Floyd, comprei o álbum em 1972 e ouvi à exaustão e ainda ouço com certa frequência. Mesmo depois de 40 anos, ainda é um disco surpreendente. O álbum já começa com a capinha que pode mesmo depois de algum tempo de observação ser ainda algo estranho, levei muito tempo tentando entender a capa de "Meddle".

A capa de "Meddle": Você pode levar algum tempinho para entender a proposta

"One of these days", o vento sopra pra anunciar a chegada do poderoso instrumental. Esta abertura se destaca pelo uso de dois baixos costurados pelos teclados, a bateria esfuziante de Mason e o marcante solo de lap steel de David Gilmour. Embora a faixa seja instrumental, Nick Mason fala com voz metálica a frase: "One of these days I’m going to cut you into little pieces" (Num dia desses vou te fazer em pedacinhos).

"A pillow of winds" é a calmaria depois da tempestade de "One of these days", composição essencialmente acústica. Segundo Mason, o título é uma referência ao jogo chinês Mahjong. O clima de sonho e tranquilidade é dado pela slide guitar de David Gilmour, uma das grandes baladas do Pink Floyd.

"Fearless", outra grande balada da banda, tem o som dos torcedores do Liverpool em trechos no início, meio e no fim em destaque, a faixa segue o estilo acústico de "A pillow of winds". E a simplicidade faz a sofisticação dessa belíssima canção.

"San Tropez" lembra música de praia, cantada por Roger Waters. Foi durante anos uma das minhas preferidas em gravações de fita K-7 fazendo a trilha sonora de ótimas viagens, uma linda e agradável canção. Com o belo piano de Rick Wright no final.

"Seamus" é detestado por muitos fãs da banda. Dizem que a canção não adiciona nada ao álbum. Discordo da maioria, acho que "Seamus" dá um tom de leveza, de descontração e brincadeira ao disco, demonstrando a forma como os rapazes encaravam a música.

"Echoes" é o divisor de águas, para mim uma obra de arte, talvez a melhor canção de todos os tempos na carreira da banda, que é marcada por excelentes músicas. Um épico, um marco, uma verdadeira joia. Tudo nessa música é perfeito, cada acorde, cada solo, cada intervenção, cada andamento, o clima é marcado por tensão e descontração, por loucura e lucidez, por terror e alegria, por caos e calma, uma loucura! Adorava ouvir essa música no volume máximo, talvez provenha daí o meu entusiasmo pelo krautrock. O Ping de Richard Wright abriu caminho para que todos os outros integrantes do grupo criassem esta suíte de 23 minutos e 35 segundos com uma mistura de sons alucinante. Segundo Waters, o compositor Andrew Lloyd Weber roubou partes dela para fazer "The phantom of the opera". Bem provável.

> Lado 1:

1. "One of These Days" (David Gilmour, Nick Mason, Roger Waters, Richard Wright) 5:57
2. "A Pillow of Winds" (Gilmour, Waters) 5:10
3. "Fearless" (Gilmour, Waters) 6:08
4. "San Tropez" (Waters) 3:43
5. "Seamus" (Gilmour, Mason, Waters, Wright) 2:16

> Lado 2:

1. "Echoes" (Gilmour, Mason, Waters, Wright) 23:29

> Músicos:

. David Gilmour - Guitarra principal, baixo em "One Of These Days", vocal em "A Pillow Of Winds", "Fearless", "Seamus" e "Echoes", e gaita em "Seamus"
. Roger Waters - Baixo, guitarra rítmica em "Fearless", vocal e violão em "San Tropez"
. Nick Mason - Bateria, percussão e vocal em "One Of These Days"
. Richard Wright - Piano, órgão, órgão farfisa, vocal de apoio em "Echoes"

> Participações:

. Seamus (o cão de Steve Marriott) - Voz em "Seamus"
. Torcida do Liverpool - em "Fearless"

Se preferir ouvir o álbum na íntegra, ouça aqui: