Publicada: 18/09/2017 (20:07:40) . Atualizada: 12/10/2017 (12:23:51)
(Fotos: Divulgação)
Vem aí: Músicas do disco ganharam versões acústicas para serem apresentadas em shows
Jonathan Meira Canella, o John MC, é cria da Roda de Cultural de Rima, em Volta Redonda. No ano passado, ele lançou o seu primeiro CD, “TVMONOJOGO”, que conta com participações especiais de artistas da região. Algumas faixas do disco ganharam destaque, sendo tocadas em rádios de outras cidades, o foi importante para o MC participar de alguns programas de TV. O projeto inicial, conta John, era apenas um EP e não um álbum.
- Mas a coisa foi fluindo e acabou virando um CD com 17 faixas, sendo umas delas uma faixa bônus. O disco conta com a participações de diversos músicos da região e de um MC e produtor espanhol, que atualmente mora em Volta Redonda e me ajudou na parte de produção do álbum. O CD foi feito de forma independente com ajudas e parcerias, até conseguirmos chegar ao resultado.
Na produção do álbum o MC teve grandes nomes que proporcionaram beats fantásticos, como David Beatmaker (SP), LVKS (VR), Jheik Beats (VR), Filemon (VR) Beto Beats (EUA), Cripla (EUA) e Incomodo (SC). Já a masterização/mixagem/gravação foi feita por Filemon Vieira e Ramiro Mart, ambos incríveis, e deram todo suporte necessário para a criação do CD.
- Cada faixa é única! Queria fazer uma totalmente o oposto da outra, para ter uma variação e consegui isso. Temos faixa de protesto, como "Castelos de areia”, “Sexta-feira 13”, “99 problemas”; faixas conhecidas como love songs, que são mais românticas e suaves, entre elas, “Oitava maravilha part 1 e 2”, “Afrodite” e “Delírio”. Tem o reggae “Valendo a vinda”, ou seja, cada uma é uma composição única e com propostas bem diferentes - avalia.
John MC começou a carreira em meados de 2011, quando participou da Roda Cultural de Rima e eventualmente teve oportunidades de mostrar suas músicas. Foi indicado ao Prêmio OLHO VIVO - Categoria Revelação.
- Até então, eu apenas fazia a composição. Minhas influências são variadas costumo ser muito eclético, não me prendo somente ao hip-hop, embora ele seja um estilo musical único, ele se influencia muito de outros estilos, como jazz, rock, soul etc.
Confira a entrevista com John MC
“Meu CD só foi feito graças a ajuda de alguns amigos e com muita força de vontade”
Vamos falar especificamente da cena rap. Em Volta Redonda, região, no Brasil e no mundo.
Sou suspeito para falar da cena local, aprecio muito o que é nosso e devemos valorizar muito a cena local, que é riquíssima. E falo sério! É só pesquisar que com certeza vão conhecer trabalhos únicos, o que mais acho fantástico aqui é que não vejo a cena se espelhando em algo de fora ou da capital, em sua grande maioria vejo coisas novas, conceitos novos e locais, e tem uma variedade enorme. Quando comecei a frequentar a Roda de Rima no seu início, muito antes disso já havia grupos que representavam, e bem, a cena, como Ramiro Mart, 473 Crew, R93, Lekim, Thiago El Niño etc. Foram os primeiros caras locais que ouvi e que já levavam o nome de Volta Redonda e da cena daqui a outros lugares. Logo em seguida, alguns anos depois, veio a Roda de Rima, que foi um acontecimento épico para a nova geração do rap local. Dali surgiram grupos como Ello Crew, Zona Verde, Cazêro Rep, Ju Dorotea e grupos mais recentes como Nativa Rap, Vale 450 etc. São muitos, me desculpem se deixei de faltar algum. Depois da Roda Cultural houve uma explosão significativa no número de grupos e MCs locais.
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"Tenho a felicidade de dizer que peguei o início de muita coisa boa, vivenciei coisas fantásticas para a cena local, vi o surgimento de muitos, e mais bacana ainda: vi vários tendo esse espaço para poder mostrar seus trabalhos de forma ampla".
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A cena nacional hoje é vasta, o rap nacional hoje tem grande presença em eventos de expressão, nas rádios, na mídia, o que quando comecei era bem complicado. Não é que não tinha, sempre se teve MCs bons, grupos extremamente bons, apenas não tinham tal espaço e divulgação como hoje. A internet, sem dúvidas, ajudou, e muito! A pluralidade é enorme, o hip-hop é o gênero mais ouvido no mundo atualmente, isso influencia aqui também, mesmo que sejam realidades diferentes, visto que aqui no Brasil ainda há resistência e segregação com esse gênero. Diria até um grande preconceito por parte da mídia em geral, o que é lamentável, pois se trata de um gênero riquíssimo e muito original, coisa que falta em muitos outros.
Como você mesmo disse, é complicado para os artistas que não se enquadram no mercado comercial da região conseguir espaço para shows, mostrar seus trabalhos em emissoras de rádio etc. Qual seria o caminho para reverter esse cenário?
O caminho é os produtores e o público entenderem a importância da cena local, a riqueza, não valorizar apenas o que é de fora, parar com essa mitização de que santo de casa não faz milagre. Faz sim! Temos muitos milagres, artistas bons, produtores bons, cantores bons, compositores bons. Falta um olhar atento a isso, algumas cidades percebem a importância de seu cenário cultural e têm surgido grandes nomes. O cenário aqui hoje só existe porque muitos se mobilizam e fazem tudo na base do coletivo, muita das vezes de forma independente, com os próprios recursos, se disponibilizam e se doam em prol disso, como é o caso do Coletivo Imbica, Roda Cultural de Rima e tantos outros que se não existissem não haveria nenhum espaço pra dezenas de artistas locais. Pra vermos como é gritante essa segregação e preconceito por parte das mídias, basta observar: Quantos artistas locais ouvimos nas rádios locais? Nas TVs locais? Pra quais eventos são chamados? O número ainda é muito baixo, mas dá pra ser revertido, ainda estamos em tempo de valorizar o que é nosso! Apoiem mais, absorvam mais coisas locais, divulguem, sejamos mais presentes!
Além dos espaços alternativos (quais você destaca na região), qual o papel das secretarias de Cultura nesse processo de abrir espaço para os artistas independentes?
Quando se fala na cena é indiscutível não pensar no trabalho feito pela Roda Cultural de Rima e o Coletivo Imbica. São muito presentes e militantes com a nossa cultura, ajudam, e muito, nessa preservação com nossos artistas locais. Digo até que são engrenagens fundamentais para grande parte da cena. Claro que há outros projetos acontecendo, mas esses têm sido o braço forte da cultura. Confesso não saber bem o trabalho feito pela Secretaria de Cultura e em que sentido apoiam, ou se apoiam. Deve ter mudado muito coisa, tem uma nova gestão, ainda não conheço o trabalho deles, mas antes havia uma certa falta de apoio. Creio que não era nem culpa de quem era da cultura, sei que não depende apenas deles. É todo um conjunto. Torço pra que tenham cada vez mais recursos e possam apoiar de forma ativa nossa cena cultural, Volta Redonda precisa disso, assim como qualquer cidade. Investir em cultura é investir na preservação do que temos em grande escala e abundância, que é a cultura, para que grandes coisas possam ser feitas.
Você já tem em mente a gravação de um novo EP ou CD? Tem ou está em processo de composição de outras músicas?
Sempre é bom e importante fazer algo sólido como um CD, mas infelizmente faltam recursos, a produção de um disco não é barata e sem ajuda de custo para um artista independente é algo muito complicado. Atualmente possuo mais de 30 letras escritas e composições que precisam ser lapidadas, mas infelizmente tem que ser aos poucos. Meu CD só foi feito por ajuda de alguns amigos e muita força de vontade, faltam recursos para fazer coisas maiores.
E a internet? Tem, de alguma forma, contribuído para o surgimento e o desenvolvimento de artistas independentes? No seu caso, como você se relaciona com a era digital?
A internet é uma ferramenta fundamental para qualquer artista hoje em dia. Antigamente era tudo boca a boca mesmo, hoje com a internet você pode mostrar o que você faz pro mundo, sem sair de casa. Acho que a maioria dos artistas de 2000 pra cá teve sua carreira alavancada pela internet.
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"Confesso que ainda tenho algumas barreiras para uma melhor divulgação, porque hoje não basta apenas colocar na internet, é preciso todo um marketing, um investimento para impulsionar publicações, é necessário tempo para divulgar projetos na íntegra, é necessário manutenção das mídias digitais, não é assim tão fácil. Mas sempre que posso procuro divulgar nas minhas redes sociais os projetos".
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Projetos. O que vem por aí?
Atualmente ando elaborando alguns projetos acústicos com amigos, passamos algumas músicas do CD para o acústico e aguardamos possíveis propostas de apresentações no formato banda. Continuo escrevendo bastante, lancei um clipe no meio do ano pela Hxll Audiovisual, que me deu um grande suporte, tenho três clipes, 30 músicas gravadas e publicadas em plataformas, como YouTube, SoundClound, além da minha página pessoal que uso para divulgação dos projetos de músicas. Para quem quiser curtir ou conhecer deixo abaixo meus contatos para shows, parcerias ou projetos. Desde já agradeço o carinho e atenção de sempre de todo pessoal do OLHO VIVO, foi muito bacana ter participado em 2011 do Quinta Cult e poder mostrar um pouquinho do meu trabalho naquela oportunidade.
Faixa a faixa (por John MC)
. Foco - Temos a participação do André FX, amigo que já tem uma bela caminhada na cena cultural e fazia parte do Coletivo 473 Crew, um grupo fundamental na história do rap da região.
. Valendo a vinda - Temos a participação de quatro músicos locais: Welbert Beatbox, que foi quem fez a parte que contém beatbox na música; Rafael Garcêz (Garcêz) MC/compositor que fez parte da Cazêro Rep e atualmente, além de ser da equipe do Coletivo Imbica faz um trabalho ao lado de Molina no Grupo Intuiutu Rep; Juliano Amorim (Nano), cantor/compositor; e Filemon MC, compositor da Espanha e atualmente produtor em Volta Redonda.
. Rainha dos 7 mares - Participação novamente do músico e compositor Juliano Amorim e beat do também produtor local Jheik Beats.
. Castelos de areia e Afrodite - Participação de um grande amigo meu e um dos grandes responsáveis por hoje eu fazer o que faço. Foi um dos que mais pegaram no meu pé e me deu oportunidades de apresentar meu trabalho, um amigo que tenho muita admiração e gratidão. Trata-se do MC e compositor DC, que participava do grupo Ello Crew e atualmente faz carreira solo, além de participar de outros projetos musicais e culturais, como Calmob e a Roda Cultural de Rima.
. Banca 013 - Participação dos MCs Lyo, L!pe, Nano e Filemon.
. Delírio - Participação de um grupo forte e atuante na cena local: Zona Verde, que já vem há algum tempo levando o nome de Volta Redonda a outros estados e cidades, o que é fantástico!
. Na noite - Participação novamente do MC Lyo, um amigo e compositor incrível, que tive o prazer de promover sua estreia em um dos meus sons e está em três músicas do CD.
. Sexta-feira 13 - Participação do grande compositor MC Káká, um amigo que tenho grande apreço pelas letras de impacto e reflexão que ele produz, é algo direto e impactante. E Mc L!pe, que participa novamente de mais uma faixa.
. Oitava maravilha parte 1 e parte 2 - Novamente dois amigos. Um deles Juliano Amorim (Nano), um grande músico que tem feito grandes faixas, tanto aqui como no Rio de Janeiro, e que participou de diversas músicas do CD. Ele participou de quase toda produção junto com o MC Lyo e Filemon. Além de fazer carreira solo há algum tempo, ele participa do Grupo Zona Verde e já produziu um CD com eles, é um compositor único e considero ele um hitman, um excelente cantor, muito original! E novamente temos a participação do MC Lyo e do Welbert Beatbox, que fez todo o trabalho com beat-box em ambas as faixas e chegou a participar de programas televisivos comigo. Ele também é único e incrivelmente talentoso no que faz, vale ressaltar que ele é um dos poucos atuantes na cena local, e talvez regional, voltado apenas para o beat-box.
. TVMONOJOGO/REMIX - Faixa bônus. Participação do DJ residente da Roda Cultural de Rima de Volta Redonda, DJ Josafá, e de um amigo de longas datas, que foi um dos primeiros com quem tive o prazer de fazer participações em singles (MC GC), que atualmente é MC/compositor e produtor com grandes trabalhos e projetos que vale a pena ficar atento, pois ponho muita fé nesse rapaz. Sei que virá muita coisa bacana e quem sabe novas participações...
> Contatos profissionais com John MC: (24) 9-9962-1953. Página no Facebook. Pagina pessoal. Soundcloud.