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Blogueiros: Melo Machado, do "Baú do Mairon", em destaque

Professor de física e doutor em física de partículas é um grande apaixonado por música

Música  –  31/01/2013 21:54

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(Fotos: Divulgação)

Mairon Melo começou a colecionar com 6 anos

 

A série "Loucos por Música" é um retrato do que acontece no mundo dos reais admiradores da boa música, de tudo que é feito no mundo com carinho e talento, nos mínimos detalhes. Detalhes que talvez um jovem da era mp3 não possa entender, os minúsculos detalhes que envolviam um lançamento de discos, as capas dos LPs, incomparáveis capas de LPs. Esta série é uma grande vitrine dos blogueiros, os guerreiros de música e cultura por trás dos blogs. Tenho orgulho de participar desse mundo e de poder através desta série trazer um pouco desse universo a vocês. Meu convidado de hoje é Mairon Melo Machado, 30 anos, professor de física, doutor em física de partículas, pai do Iago, um grande apaixonado por música.

Márcia: Como e quando começou a escrever seu blog? Qual era o objetivo e esse objetivo permanece o mesmo ainda hoje?

Mairon: O blog começou a ser construído em 2009. Na época, eu escrevia para um outro blog, mas como houve uma briga interna e o dono do mesmo acabou apagando todo o material que eu havia escrito resolvi criar o "Baú do Mairon", que hoje conta com quase 100 mil acessos, sendo que somente eu publico nele.

Márcia: Quando começou já era "Baú do Mairon" e por que escolheu esse nome?

Mairon: Sim, desde o início já era assim. O nome foi escolhido por ser esse o nome da sessão que eu escrevia para o outro blog.

Márcia: Como escolhe os álbuns para postagem? Suas escolhas são aleatórias?

Mairon: Sim, na maioria das vezes são audições que eu faço e julgo ser importantes levar para o público. Não são apenas os álbuns. Histórias de bandas que eu gosto, muitas desconhecidas, são apresentadas sempre com a intenção de passar uma informação diferenciada para o leitor.

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Márcia: Já teve algum tipo de problema com gravadoras ou bandas ou teve álbuns deletados de provedores?

Mairon: Eu não disponibilizo downloads, apenas links de sites que já possuem o download. Por enquanto, não passei por esse tipo de problema.

Márcia: Você acredita que de alguma forma esteja prejudicando alguém com suas postagens, falando de direitos autorais?

Mairon: Não, pelo contrário. Como não disponibilizo downloads, apenas faço resenhas do material original que tenho, acredito que incentivo o leitor a comprar o mesmo, principalmente porque assim ele estará recebendo em suas mãos o mesmo material que eu descrevi.

Márcia: Qual é a importância de um blog dedicado à música?

Mairon: Hoje em dia, existem dois tipos de blogs para a música: o de downloads e o de informações. O de download é importante para se conhecer um material raro, como bootlegs, CDs fora de catálogo ou obras nunca lançadas em CDs. O de informações é mais geral, e está cumprindo o papel das antigas revistas de música. Hoje, com o preço exorbitante das mesmas, é mais fácil acessarmos um blog e pegarmos a informação precisa de um conhecedor e apaixonado pela música/banda que você gosta e não ler uma resenha fabricada apenas para agradar à indústria.

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Márcia: A maioria dos internautas não deixa comentários de agradecimento, mas quando querem reclamar ou pedir sabem usar os comentários, isso te irrita?

Mairon: Sim, bastante. Capricho pesquisando, correndo atrás de informações, até mesmo enviando perguntas para os artistas que estou escrevendo, e não há comentários nos textos. Mas basta citar que "não gostei de tal álbum/show" que chovem reclamações. Como a internet é um espaço livre, tenho que aceitar e aprender com isso.

Márcia: Faz ideia de quantos álbuns já publicou no blog?

Mairon: Mais de 300, com certeza. Mas não tenho uma conta precisa. Hoje, meu blog conta com 355 publicações, mas algumas não são sobre álbuns, então essa é a média.

Márcia: Acredita que haja competição entre certos blogs?

Mairon: Ahã. Tem muito blog por aí que só quer aparecer. O blog que eu escrevia anteriormente, por exemplo, adora ser "o primeiro" a apresentar um álbum/DVD/show, seja lá o que for. Só que na hora da leitura o fã não tem nem ideia do que se trata. É triste, pois a gravadora acabou dando um material inédito para um cidadão que sequer conhece a banda, e tão pouco está interessado em conhecer a história da mesma. Esse CD ficará perdido na coleção do cidadão e a resenha terá servido apenas para ele se vangloriar de que foi o primeiro a publicar a resenha, mal feita, mas foi o primeiro. Porém, alguns blogs são parceiros, e é sempre bom ver o crescimento deles, junto com o meu. Uma parceria que rende frutos é sempre bem-vinda. Pena que nem todos pensem assim, e só olham para o próprio umbigo.

Márcia: Sua coleção aconteceu por acaso ou desde o inicio você já sabia que era uma colecionadora?

Mairon: Desde o início. Comecei a colecionar com 6 anos, e nunca mais parei.

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Márcia: Quando começou a colecionar?

Mairon: Como eu disse, com 6 anos. Meu primeiro LP foi um da Madonna, "Like a virgin", seguido de um do Led Zeppelin ("The song remains the same"). Depois, vieram os demais.

Márcia: Sua coleção é de LPs, CDs, mp3 ou tudo junto?

Mairon: Tudo junto, mas me concentro mais em LPs. Tenho quase 4 mil LPs dos mais variados gêneros. Não gosto de colecionar mp3 (apesar de ter 50 Gb de música no meu HD), e CDs, somente se forem originais. Tenho na base de dois mil CDs, também dos mais variados gêneros, mas o que eu gosto mesmo são os LPs.

Márcia: Sua coleção é só de rock ou outros gêneros podem entrar?

Mairon: Tem rock, jazz, blues, MPB, tango, música clássica e até música tradicional de vários países. Na minha casa só não entra funk carioca, sertanejo e axé. O resto é bem-vindo. Dependendo do dia, até um samba cai bem.

Márcia: Qual o LP/CD ou mp3 que considera o mais raro de sua coleção?

Mairon: Tenho diversas raridades. Acredito que os mais valiosos são o LP "Magnum opus", do grupo Magnum Opus (só existem 32 cópias no mundo), e a versão autografada de "Auto da Catingueira", de Elomar, que possui, sem autógrafo, apenas três mil cópias. Existem outras raridades, mas esses realmente eu não vou encontrar mais.

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Márcia: E qual deles seria o mais estranho dentro da coleção?

Mairon: Os mais estranhos, para a coleção, acredito ser o de músicas tradicionais de cada país. Faço questão de em cada país que visito comprar um disco de músicas tradicionais. Se um amigo meu viaja para o exterior, sempre faço uma encomenda também. Às vezes eu me agrado, como uma coletânea de canções gregas muito bonitas. Outros eu ouço apenas uma vez, e depois fica guardado apenas para constar que estive em tal país.

Márcia: Qual álbum deu mais trabalho para encontrar?

Mairon: Existem álbuns que eu procuro e nunca encontro, mas os que mais demoraram até o momento foi a versão original de "Beyond the gates" (Possessed), com a capa abrindo, e o já citado "Auto da Catingueira", de Elomar. Mas existem vários que estou na procura e não encontro.

Márcia: Ainda tem uma lista grande de discos que procura?

Mairon: Com certeza, acredito que essa lista só tende a aumentar, ainda mais com a escassez nas lojas nos últimos anos.

Márcia: Como costuma achar seus objetos de desejo?

Mairon: Pesquiso bastante na internet e nas lojas aonde vou. Cada cidade que viajo, monto uma lista de lojas de discos e tento ir no máximo possível. Às vezes passo uma tarde numa loja, até encontrar algo útil (e sempre catando o que eu quero). É coisa de bolha, eu sei, mas prefiro ver a loja de vinil em uma tarde do que ficar torrando no sol da praia naquela mesma tarde.

Márcia: Sua coleção é compartilhada no seu blog?

Mairon: Sim, apresento sempre material da minha coleção, até para tornar o blog o mais original possível.

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Márcia: Pode citar algumas das raridades que tem em sua coleção?

Mairon: Bom, minha coleção é rara principalmente porque nela estão coleções completas de diferentes artistas, inclusive artistas com muitos álbuns lançados, como Frank Zappa e David Bowie. Tenho diversos compactos, bootlegs, box sets. É difícil definir as raridades, mas acredito que esses compactos e box sets, por serem lançamentos únicos, sejam os mais raros. Se tivesse que eleger o mais raro diria que é uma caixa de três CDs do Queen, importada da China, em formato de porta-joias. Essa caixa eu nunca mais vi.

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Márcia: Sei que é uma sacanagem pedir uma listinha de álbuns favoritos, mas poderia fazer uma pequena lista com os dez álbuns que considera fundamentais em uma coleção. Lista comentada álbum a álbum, por favor!

Mairon: É pouco, mas vamos a eles. Vou colocar então no sentido do que são realmente importantes, não que sejam os que eu mais goste.

1 - Tales from Topographic Oceans (Yes). Ter o disco que mais gosta em sua coleção é fundamental. Esse é o melhor álbum de todos os tempos em minha opinião. Foi um dos primeiros discos do Yes que eu comprei. Tenho há quase 20 anos na minha prateleira, em um local muito especial.

2 - Pet Sounds (Beach Boys). Ouvir esse disco é sempre um prazer a mais. Ele pode não ser perfeito, mas quando preciso me acalmar, basta ouvir Pet Sounds e tudo fica sereno. Grande disco.

3 - Bark (Jefferson Airplane). Adoro discos lançados em versões especiais, mas gosto mais ainda das versões originais. A original de Bark é inserida em um saco de papel, com encarte e capa protetora. Muito bonita, e difícil de encontrar intacta.

4 - Long John Silver (Jefferson Airplane). Assim como Bark, a versão original de Long John Silver também é especial. A capa desmonta-se, formando uma caixa de charutos. Você já viu algo assim na sua vida em um vinil? Pois então, isso tem que ser fundamental na minha coleção.

5 - In Through the Outdoor (Led Zeppelin). Não gosto muito do disco, mas quando foi lançado, In Through the Outdoor saiu com seis capas diferentes. O mais interessante é que o fã não tinha como saber qual capa estava adquirindo, pois a mesma vinha envolvida em um saco de papel. Demorei anos para conseguir as seis capas diferentes, e hoje fico admirando as mesmas cada vez que ouço o LP.

6 - Low (David Bowie). Esse disco é outro que quando preciso ouvir, ele está lá para me ajudar, como um bom amigo.

7 - Pop (U2). A vida é construída com alegrias, e, claro, com decepções. Passamos por esses sentimentos e tudo nos fortalece a sermos maduros, adultos. Pop faz eu viajar por esses sentimentos e me sentir um ser humano de verdade. Um disco grandioso, injustiçado e quase perfeito. Ouvir ele do início ao fim é uma aula de como não devemos agir, e as consequências que teremos se não formos no mínimo sinceros e honestos (qualidades cada vez mais raras hoje).

8 - Come Taste the Band (Deep Purple). O álbum que me mostrou como uma banda pode soar de forma única. Se um dia eu tivesse que gravar um disco, esse seria o disco.

9 - Eyes of the Heart (Keith Jarret). Um disco duplo de três lados apenas, que mudou minha vida. Antes, era só heavy metal e pop. Depois dele, abri minha mente para o jazz, o rock progressivo e o fusion. Obrigado Keith Jarret por essa obra prima.

10 - Hot Space (Queen). Quando eu era pequeno, acostumei-me a ver a imagem de Freddie Mercury e seu bigode na TV, através de programas especiais sobre música. O Queen é uma banda única, e seu melhor disco, Hot Space, é fundamental para entender a grandiosidade que foram Freddie, Brian May, Roger Taylor e John Deacon.

Caso queira acompanhar a série "Loucos por Música", os já publicados são:

> Luciana Aum do blog ProgRockVintage > Cristian Farias do blog Eu Escuto

> Luiz Fernando Rodrigues dos blogs Envoyez-la e Eu Escuto > Bruno Costa do blog Eu Ovo

> Marcello “Maddy Lee” do blog Pântano Elétrico > Renato Menez do blog Stay Rock

> Romeu Corsino do blog Prog Resenhas > Tiê Passos do blog Difusor de som

> Eduardo Marins do blog Planeta Progressivo > Homem Traça do blog Criatura do Sebo

> Heldon Brazil do blog Progressivo-Vivo > Os seis meninos do blog Valvulado

> Dugabowski do blog Melofilia > Alex sala do blog Muro do Classic Rock

> David Marques do blog Bordel do Rock > Outran Borges Jr. do Octopusland e Contramão

> Edson D´Aquino do Gravetos & Berlotas > Menegon do Venenos do Rock

> Micas do blog Consultoria do Rock > Fernando Anselmo do In Memory of the Traveller in Time

> Robert do Hofmannstoll > M.S. Larbos do Le Grand Grotesque Circus

Por Márcia Tunes  –  marciatunes@gmail.com

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