
(Fotos: Divulgação)
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“Não tem como falar dessa vivência não vivendo nela, essa é minha realidade, assim como a de milhões de jovens periféricos como eu”
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“Algo explosivo e, quando explode, melhor sair de perto”. Assim, Washington Jhonatan da Cruz, 22 anos, de Volta Redonda, define a escolha do seu nome artístico: BLAST. Com o EP “Thug Life” (Vida de Bandido) lançado, ele se prepara para gravar o primeiro clipe do disco e disponibilizá-lo no YouTube. O artista é um dos representantes da cena rap/hip hop da região. Aposta em letras com uma visão política/social crítica e explora o tema violência.
- Não tem como falar dessa vivência não vivendo nela, essa é minha realidade, assim como a de milhões de jovens periféricos como eu. Nesse EP eu dou voz pros excluídos do Estado, pois aqui o Estado não entra e, com isso, mostrar que, sim, existe um poder paralelo além desse Estado corrompido que rouba, escraviza e esculacha o meu povo, bem antes da Lei Áurea - diz.
“Thug Life” reúne cinco músicas e, segundo BLAST, o seu intuito com esse disco é mostrar o lado mais criminoso de todos os menores de idade que vivem nas favelas. Ele comenta cada faixa do EP:
1 - Preto - Mostra que o meu povo sofre desde o passado, e infelizmente continua sofrendo até os dias de hoje.
2 - Conexão - É a música mais gangsta do EP, não precisa explicar, escute e você vai sentir nosso ódio.
Nota da Redação: Gangsta é uma gíria, um termo derivado da palavra inglesa "gang", gangue, na grafia portuguesa. Também tem a ver com gangster, um integrante de uma organização criminosa que está envolvido em alguma atividade ilícita, como contrabando, jogo, prostituição, tráfico de drogas, etc. E gangsta rap vem da música hip hop que surgiu em meados dos anos 1980, mas altamente controverso do rap, cujas letras afirmam a cultura das ruas e dos subúrbios, às vezes com valores típicos das gangues de rua americanas.
3 - Cinderela - Aquela música que define quando nós estamos no lazer. Existe muita Patricinha querendo ficar com o mano do morro que tá portando uma Glock (pistola de fabricação austríaca; na gíria, como em músicas de funk e rap, é o mesmo que arma; também pode significar droga, qualquer substância ilícita). É a verdade, acredite!
4 - Santa Crime - Uma música dedicada pros meu crias de comunidade, pros manos que nasceram comigo, pros meus manos que estão presos e pros manos que infelizmente se foram.
5 - Profissão Perigo - É uma música um pouco pessoal, além de fazer jus ao nome, profissão perigo é aquela profissão que os meus manos estão por não terem oportunidade de outra profissão. O Crime sempre recruta.
No canal do artista também tem a música “Preto, Ouro, Jordan”, mas que faz parte do EP.
- Essa música é um single, ela só define quem eu sou: um preto que gosta de ouro e Jordan!
“Artista não é vagabundo”
Na opinião de BLAST, Volta Redonda não valoriza os artistas da chamada cena alternativa.
- É preciso parar de achar que artista é vagabundo ou algo assim. Ser artista é difícil, a arte é difícil, precisamos de mais artistas para termos menos mortes nas favelas, é uma conta simples: mais arte, menos mortes de jovens na favela. Isso não é tudo, mas já é um começo - enfatiza.
Uma forma de fortalecer a arte alternativa, de acordo com BLAST, é manter contato com artistas da cena de outras cidades.
- Sou amigo de alguns, o rap me deu amizades que eu nunca imaginaria ter. Com essas amizades que vão surgindo por uma paixão em comum, a cena fica mais forte pra alguns.
Pandemia: “Tô tentando não morrer de fome”
Com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), tudo ficou ainda mais difícil para os artistas de uma maneira geral, mas principalmente para os artistas independentes. Para BLAST, as coisas se complicaram ainda mais.
- Com essa pandemia eu tô tentando não morrer de fome ou fazer uma besteira, por isso a música, a arte é importante nesse sentido. Mas nos tempos livres eu componho algumas músicas, tem algumas já gravadas que serão lançadas no futuro próximo.
Sobre a sua trajetória musical, o artista acredita que o reconhecimento ainda virá.
- Até agora está tudo nos conformes, mas confesso que eu pensava que seria mais fácil, mas no fácil ninguém aprende nada, por isso a caminhada não para e a evolução e progresso são certos. Guardem meu nome!
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