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Já é Carnaval!

Um mosaico semanal com notícias variadas

Política, Belém do Pará, as greves e o Maracanã; Chico, Caetano, mensalão; cabe de tudo neste espaço

Pelo Brasil  –  08/09/2012 16:07

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(Fotos Ilustrativas)

[Oito milhões de quilômetros quadrados. Vinte e sete unidades federativas, cinco mil quinhentos e sessenta e cinco municípios. Cento e noventa e três milhões de habitantes. Eis o desafio que esta editoria me impõe: narrar um Brasil gigante, rico em fatos, lugares e personagens. Não possuo a pretensão de dar conta de um retrato completo sobre o que de mais importante acontece em cada canto deste país. Ilusão seria. Minha proposta é fazer aqui um pequeno mosaico do que me chamou atenção de tudo o que foi noticiado sobre esse Brasil. Um mosaico semanal, com notícias variadas, do futebol à política, samba e polícia, do Twitter às salas de cinema. Uma miscelânea. Como se diz em meu amado Rio de Janeiro - que já chamo de meu mesmo sem que eu seja interamente dele -, vamos carnavalizar!]

E nada melhor que inaugurar esse giro falando justamente do Carnaval. Ainda estamos em setembro e a festa do Momo já está em pauta no noticiário carioca, desta vez nos cadernos de Política. É que causou polêmica a proposta de um dos principais candidatos à Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, de submeter os enredos das escolas de samba a uma espécie de avaliação prévia antes da liberação da subvenção da prefeitura (cerca de R$ 1 milhão para cada agremiação). É o que ele chama de “contrapartida cultural”: para obter recursos públicos, a escola deveria escolher temas culturais, e não enredos patrocinados.

Gerou críticas...

(A proposta gerou críticas de grande parte das escolas, dos artistas do Carnaval e até mesmo dos torcedores. “Muito desagradável a colocação do candidato. Político tem que consertar é a ‘zona’ da política, mas ao invés disso querem ‘moralizar’ o Carnaval, já que a vitrine deles anda suja até os panos”, polemizou a carnavalesca do Salgueiro, Márcia Lage, em sua página no Facebook. Mas houve quem aprovasse a proposta: “O Freixo diz apenas se uma escola de samba que já recebe de um patrocinador uma pesada polpuda para apresentar determinado enredo, que nada diz respeito à Cultura Nacional, nada mais justo que também não receba nenhum tostão de verba pública, seja municipal, estadual ou federal. Não existe nenhum absurdo nisso”, opinou o jornalista José Carlos Netto, colunista de um famoso site de cobertura do Carnaval carioca.

Polêmica à parte, a verdade é que se a proposta de Freixo valesse já para o próximo ano, muitas escolas estariam neste momento em uma corda bamba. A safra de enredos de 2013 foi considerada, por público e crítica, abaixo da média - especialmente após um 2012 em que passaram excelentes enredos na avenida. Ano que vem, ao lado de belíssimos temas como Vinícius de Moraes (União da Ilha), a história de amor entre Portela e Madureira, e uma viagem deliciosa da Vila Isabel pelos interiores do Brasil e suas festas regadas a comidas típicas, a Sapucaí verá também enredos sobre o cavalo mangalarga marchador, o petróleo, a Coréia, dentre outros controversos.

Um bom exemplo de enredo patrocinado e com cunho altamente cultural, o que dificultaria - à priori - a aplicação da regra de Freixo, vem da Imperatriz, que cantará na avenida “Belém do Pará, o muiraquitã do Brasil”

Na moda em todo o Brasil

Muiraquitã é um amuleto, traz sorte. E os paraenses, pelo visto, ultimamente têm carregado mais que nunca esse amuleto no pescoço. O Pará, especialmente sua capital, está na moda em todo o Brasil. Seja através de seus artistas (e Gaby Amarantos é apenas um bom exemplo disso), da sua rica culinária (quem não foi atraído pela súbita atração nacional por açaí?) ou mesmo pela cultura local desta que é considerada a principal metrópole da Amazônia.

Se ainda não reparou, repare: nos últimos meses, não se passa uma semana sem que Belém esteja no foco da mídia. O “polo cultural mais interessante do Brasil hoje”, como bem definiu “O Globo” em reportagem recente sobre os artistas paraenses, tem se destacado na cena pop contemporânea graças a artistas como Gaby, Lia Sophia e o cineasta Vladimir Cunha; e brilha também na cena alternativa, com nomes menos conhecidos do público, mas que fazem sucesso em diferentes partes do globo, como a artista visual Berna Reale, a grafiteira Drika Chagas e os anônimos entorno da dança do treme, a nova sensação de Belém, uma espécie de funk paraense.

PSOL em alta

Pois bem, Belém esteve em foco essa semana por outro motivo, não menos nobre que a tão celebrada cultura local. A cidade deve ser a primeira do país a dar um prefeito ao PSOL, sigla criada por ex-petistas descontentes com os rumos do partido após o escândalo do mensalão, em 2005. Edmilson Rodrigues, que já comandou o Executivo municipal entre 1996 e 2004, despontou como grande favorito na pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira e com cerca de 47% das intenções de voto até o momento deve vencer a disputa já no primeiro turno.

Terá grandes desafios pela frente. Sorte a sua que o Pará perdeu a disputa interna com Manaus e não tem uma Copa do Mundo para sediar daqui a pouco menos de dois anos.

Copa já movimenta o Rio

A Copa, ao contrário, já movimenta o Rio. E nesta altura do campeonato ninguém tem mais dúvidas de que o Maracanã estará pronto para o Mundial. Neste mês, as obras entraram na fase final e a previsão é que sejam entregues em cinco meses - aos fãs de futebol que já não mais aguentavam ver-se destituídos de seu principal templo, o governo do estado promete que no próximo campeonato estadual o Maior do Mundo estará de volta.

Esta semana, uma inspeção da Fifa deu o aval ao andamento das obras, que estão em um ritmo acelerado. Depois de entregue ao público, o Maracanã será licitado e passará a ser administrado pela iniciativa privada. Uma das grandes apostas do mercado é uma promessa de parceria que envolveria o poderoso Eike Batista e dois dos mais tradicionais clubes do Rio, Flamengo e Fluminense.

A obra, a segunda grande reforma do estádio em menos de uma década, está orçada em aproximadamente R$ 900 milhões - valor criticado por boa parte da crítica esportiva e também por movimentos diversos da sociedade civil organizada.

Greves começam a se desfazer

O mesmo governo que investe bilhões para a celebração dos grandes eventos no país (sobretudo a Copa e as Olimpíadas) enfrenta greve em vários setores do funcionalismo justamente por não dispor de orçamento para conceder os reajustes considerados justos pelos trabalhadores. As paralisações, que se iniciaram ainda no primeiro semestre, atingiram diversas categorias em todo o país, como a educação, saúde, as agências reguladoras, órgãos como o Ibama e o IBGE, e até mesmo a Polícia Federal. Ao todo, mais de 350 mil servidores cruzaram o braço.

Nesta última semana, no entanto, as greves começaram a se desfazer, após enorme pressão do governo, que chegou a cortar o ponto de grevistas. Um dos setores mais mobilizados durante toda a campanha, os professores veem o movimento perder força após o retorno às aulas em universidades importantes como as federais do Rio de Janeiro, da Bahia, de Minas Gerais e de Brasília. Até o fim desta semana, novas unidades devem indicar o fim da paralisação.

O governo endureceu sua postura especialmente após um episódio em que agentes da Polícia Rodoviária Federal estenderam uma faixa em um posto próximo à Penedo, no Sul Fluminense, com os dizeres: “Posto PRF Fechado. Passagem livre para tráfico de drogas e armas”. A atitude teria irritado a presidenta Dilma Roussef, que considerou chantagista a atitude dos grevistas.

O assunto político da semana

Outro fato que irritou Dilma, e foi o assunto político da semana, acima de mensalões, eleições, Cachoeiras e afins, foi um artigo assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique, divulgado no domingo, em que ele afirma que a presidenta teria recebido uma “herança pesada” do ex-presidente Lula e seu governo teria herdado uma “crise moral” deixada pelo antecessor.

A resposta veio rápida. E rasteira. “Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão”, começa Dilma, em nota divulgada no Blog do Planalto. Em crítica indireta a FHC, a presidenta realça na nota que Lula foi um exemplo de estadista, pois “não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse”.

Como uma bomba

A nota caiu como bomba no PSDB, que não esperava resposta tão incisiva. Já no PT, foi motivo de comemoração. Nos últimos meses, Dilma se aproximou do ex-presidente tucano, trocou afagos, convidou para cerimônias no Planalto e elogiou repetidas vezes alguns pontos de sua gestão. Mas essa semana a presidenta disse, em conversa com um governador aliado, que quis escrever a resposta a Fernando Henrique, pois teve sua fidelidade ao governo petista contestada e isso era inadmissível. “Ninguém tem o direito de questionar minha lealdade”, comentou.

Afinal, o namoro com FHC é recente. Já Lula, Dilma conhece de outros carnavais...

Apostas da semana - que vai ser notícia:

1 - O julgamento do mensalão deve entrar na fase decisiva e começar a despertar o interesse da população. É possível que até o fim desta semana os réus do núcleo político (José Dirceu, Genoíno e Delúbio Soares) comecem a ser julgados. A expectativa é grande.

2 - Chico e Caetano subirão em um palco, juntos, pela primeira vez em 20 anos. O show, intitulado “Primavera Carioca”, vai acontecer na próxima terça-feira, no teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, e todos os ingressos (no valor de R$ 360) estão esgotados. Detalhe: o show, protagonizado por Caetano e que terá Chico como convidado, será um ato político em apoio a uma das candidaturas à prefeitura carioca.

3 - O Flamengo vai voltar a vencer. Assim eu espero.

Por Jader Moraes  –  jader_jc@yahoo.com.br

1 Comentário

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  • Silvio Ramos

    só em Belém mesmo. Porque aqui em VR o PSOL patina feio. Dodora já era!