(Foto: Divulgação)
No mesmo dia foram gravados dois clipes: "Quem pode"
e o outro é uma música mais dançante, "Pra te ver dançar"
Sensibilidade e simplicidade dão o tom ao primeiro clipe oficial de Sara Bentes. Para que a mensagem da letra de "Quem pode" não se perdesse no meio de muita imagem, muitos planos, muito efeito, o diretor do vídeo, Sérgio Cruz, fez algo simples e sensível. A ideia das várias carinhas e sorrisos é pra que cada um se identifique ali, e se sinta dentro da mensagem da canção. Todas as carinhas que aparecem são de professores e alunos da República do Movimento.
Veja o clipe de "Quem pode"
Confira a entrevista com Sara Bentes
"Quem Pode" é o seu clipe de número um. Quando e onde foi gravado? Quem dirigiu e qual a ideia básica do clipe?
Tem vários outros vídeos de músicas minhas no YouTube, mas este é o primeiro oficial. Foi gravado em agosto de 2013 na escola de dança República do Movimento, em Volta Redonda. A República é um dos apoiadores deste clipe e de mais um que vem por aí. No mesmo dia gravamos dois clipes; o outro é com uma música minha mais dançante, cujo nome inclusive é "Pra te ver dançar".
Veja o trailer de "Pra te ver dançar"
A demora em lançarmos os clipes, gravados há alguns meses, foi por conta de uma sobrecarga de trabalho que tive no segundo semestre do ano passado, que me fez adiar alguns projetos para os quais eu precisaria de mais tempo pra organizar e divulgar com o devido carinho. A direção, a fotografia e a edição são do Sérgio Cruz, diretor de TV com experiência de muitos anos em canais nacionais - Rede Globo, TV Manchete - e internacionais, em Portugal, Espanha, Itália e outros. A ideia do clipe também é do Sérgio; ele se apaixonou pela música "Quem pode" da primeira vez que ouviu, e quis que o vídeo fosse muito simples, pra que a mensagem da letra da música não se perdesse no meio de muita imagem, muitos planos, muito efeito; ele quis fazer algo simples e sensível, e me parece que conseguiu. A ideia das várias carinhas e sorrisos no vídeo é pra que cada um de nós se identifique ali, e se sinta dentro da mensagem da música. Todas as carinhas que aparecem são de professores e alunos da República do Movimento.
Quanto tempo levou para gravar o clipe? Como foi a experiência? Alguma curiosidade que tenha acontecido durante a gravação?
Gravamos o clipe de "Quem pode" numas quatro horas. A experiência foi deliciosa, adoro gravações de vídeo, sou paciente, porque para gravações de vídeo é preciso paciência para os detalhes, repetições, correções, tudo em busca de melhores resultados, é um trabalho artístico, e com a arte é preciso paciência. Gravamos este clipe em quatro horas, mas já estávamos ali gravando o outro clipe desde 9 da manhã, e ao fim dos dois clipes já eram 9 da noite; paramos para almoço e lanche. Toda a comunhão com o pessoal da República do Movimento e com os outros apoiadores do clipe foi a melhor parte da experiência de gravar os dois clipes. Sou aluna da República, e sou sempre muito bem recebida por todos ali, são pessoas que já fazem parte do meu dia a dia e com os quais fico muito à vontade; são pessoas alto astral, muito disponíveis, e conseguimos manter a alegria até o fim do dia da gravação, foi um dia de muita luz e animação. E tem uma outra parte da experiência de gravar um clipe que é o que estamos vivendo agora, é o retorno do público. Lançamos o vídeo na internet, e os comentários e a repercussão já têm sido muito positiva.
As curiosidades durante a gravação são sempre aqueles improvisos brasileiros de quando não se tem verba para uma produção... Nosso diretor, Sérgio Cruz, diz que precisamos trabalhar com o que temos à mão e fazer o melhor com isso. As pessoas elogiam o cenário, os efeitos e a luz do clipe; nosso cenário foi uma sala de balé transformada num estúdio de vídeo, o ventinho no meu cabelo era o ventilador da sala, o colorido que aparece ao fundo são panos velhos que os donos da escola descolaram na hora do depósito, o pano em ondas era manipulado numa ponta pela professora de balé e na outra ponta por minha prima, que foi também a assistente de direção e fotografia, e, por fim, as três luzes eram uma profissional emprestada por um colega de dança e as outras duas eram refletores de jardim.
Poucos artistas locais produzem clipes. Além da questão econômica, qual seria o motivo?
Pelo que posso observar, na região sul fluminense está se produzindo mais videoclipes. A questão econômica sempre foi um ponto, mas acho que antes era mais raro por aqui profissionais da área bem preparados pra produzir clipes. Hoje vejo muito mais gente editando, novas produtoras de vídeo surgindo, mais cursos na área. Uma outra dificuldade que imagino que encontrem os outros artistas que desejam gravar clipes por essa região é a falta de bons cenários. Se você quer gravar num teatro, tem que alugar e os valores são altos; se quer gravar uma externa com lindos cenários naturais tem que se deslocar pra fora da cidade, ou ir pra capital e se arriscar sem segurança com equipamento caro na mão. Há dois anos gravei, com a mesma prima - Aline Bentes - que foi assistente de direção do "Quem pode", um clipe não de uma música minha, mas do Oswaldo Montenegro, para um concurso de clipes que ele promoveu. Saímos na raça com uma câmera na mão e um bom roteiro no papel e gravamos em Volta Redonda, Rio e São Paulo. Dessa produção sim temos muita história e curiosidade pra contar... Não ganhamos o concurso, mas muita experiência, novos amigos e relatos fantásticos de pessoas que se emocionaram em diferentes países. O clipe se chamou "O pacto" e é meu vídeo no YouTube com maior número de acessos até hoje.
Veja o clipe de "O pacto"
Dos clipes lançados em 2013 por artistas da região, existe algum que você tenha achado bem legal? E dos artistas nacionais e internacionais, quais os clipes que você curte, já que existe a audiodescrição?
Adoro criar cenas na cabeça e escrever roteiros de vídeo, adorava filmar e fotografar e desenhar, adoro cinema e sempre fui uma pessoa bastante visual, mas o mundo dos videoclipes não acompanho mais há quatro anos, desde que minha visão se apagou completamente. Pra trabalhos audiovisuais existe um recurso de acessibilidade pra pessoas com deficiência visual chamado audiodescrição, que tem sido cada vez mais difundido em teatros, cinemas, DVDs, espetáculos de dança e até exposições de artes, mas a audiodescrição em videoclipes é algo muito complexo de se fazer, devido ao ritmo acelerado das imagens e ao choque sonoro de letra da música mais locução da audiodescrição, e o recurso nesse caso ainda está engatinhando, por isso lamentavelmente não tenho tido acesso aos novos clipes nem da minha região nem do mundo. A ideia que tenho do resultado visual dos meus clipes é baseada na descrição que ouço das pessoas próximas de mim. E cada comentário que ouço do público em geral vai somando detalhes à imagem que construo na mente. Meu clipe "O pacto", para a música do Oswaldo Montenegro, tem uma versão com audiodescrição no YouTube. Para o clipe de "Quem pode" estamos providenciando o mesmo recurso.
Transformar em imagem a letra de uma canção não é um processo nada fácil. Como você amadureceu a ideia de "Quem pode"?
Neste caso não tivemos muito o que desenvolver; o Sérgio logo teve a ideia de algo simples pra que a força da letra permanecesse em destaque e eu acatei, apenas acrescentei a ideia dos vários rostinhos sorrindo e apontando, jogando para o público as perguntas da letra da música, e o Sérgio também acatou. Gosto de desenvolver roteiros mais elaborados, mas neste caso concordei que o menos era mais, e de verdade nem tentamos traduzir as palavras da música em imagens, apenas quisemos que as imagens ajudassem a conduzir a mensagem da música com mais força.
Você gosta de trabalhar com clipes? Como você avalia a nova geração YouTube de clipes, bem diferente da minha geração MTV de clipes?
Adoro trabalhar com clipes, curto muito todas as etapas do processo; nosso mundo é extremamente visual e a imagem tem um poder absurdo, sabemos disso, então procuro usar a imagem a meu favor e a favor da arte e do bem, mesmo a imagem parecendo não fazer parte do meu cotidiano, mas ela faz, em tudo o que penso, lembro e planejo. Essa geração de trabalhos lançados e vendidos na internet, não só no que diz respeito a clipes mas também música e literatura, tem um aspecto muito interessante que é a liberdade. Seu trabalho não precisa mais passar pelo crivo, nem sempre justo, de um avaliador de uma emissora, de uma gravadora ou de uma editora pra ser lançado ao mundo. Por outro lado, se antes da internet, mesmo passando pela "censura" desses avaliadores, trabalhos de péssima qualidade chegavam até nós, hoje, com a liberdade da internet, continuam chegando, e ainda em maior quantidade. Mas, como tudo na vida é uma questão de escolha, o bom da internet é que você pode procurar e escolher o que quer ver e consumir.
Você é uma artista multifacetada. Ainda tem alguma área que você não tenha atuado e tem vontade de experimentar?
Sempre tive vontade de experimentar o circo, e no fim de 2013 tive essa oportunidade. Fiz ainda poucas aulas, de trapézio e de lira, na escola de circo carioca Crescer e Viver. Este ano de 2014 pretendo continuar no circo e na dança, que também é um estudo que tenho intensificado na minha vida; e uma área na qual pretendo ingressar é o cinema, é um grande objetivo e um grande sonho.
Projetos? O que vem por aí?
A música "Pra te ver dançar", cujo o clipe está no forno, faz parte de um novo CD, que será lançado este ano; pretendemos produzir outros clipes divulgando outras músicas do novo CD; continuo atuando no Teatro Cego em São Paulo, uma proposta nova no Brasil que tem alcançado grande êxito e que este ano prepara uma nova peça, um musical com canções de Chico Buarque; tive um convite para atuar numa outra produção teatral também em São Paulo, ainda em desenvolvimento; sigo trabalhando na divulgação do meu segundo livro, "Quando botei a boca no mundo", lançado em 2013; continuo publicando meus textos no Boca no Mundo e divulgando todos os trabalhos e agenda no Facebook, Twitter e site.
Quem é quem no clipe
. Fotografia, direção e edição - Sérgio Cruz
. Assistente de fotografia e direção - Aline Bentes
. Colaboração - Carol Bentes, Jhonatan Cruz, Lissiana Schlick e Rafael Mendes
. Elenco - Cidadãos da República do Movimento: Anderson Cruz, Bernardo Solano, Bianca Cândido (Bibi), Gaby Rocha, Iara Oliveira, Isa Antunes, Jhonatan Cruz, João Vítor (Joãozin), Johnny Lamim, Keyth Cavalcanti, Lissiana Schlick, Lucas Lopes Franco, Lyvia Paula, Marcelle Pessanha, Nicholas Lopes (Kitito), Rafael Mendes, Rebeca Lopes, Sara Bentes, Vinícius Gonçalves Gil
. Crianças - João Marcos Castelo, Julia Castelo, Larissa Barbosa, Léo Barbosa
. Apoio - República do Movimento, Delinearte e Estúdio de Culinária
> Leia mais: A voz de veludo azul de uma artista multifacetada
Serviço
> Onde encontrar Sara Bentes - Site, fan page no Facebook, Twitter e Blog Boca no Mundo.