Publicidade

RH

Olhar Pop

Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

Conceitual

Ubandão lança EP inspirado em vivências da banda

Disco - A Elis, Helena e Maria - é como uma homenagem ao momento vivido pelo grupo de estar convivendo diretamente com as maternidades e paternidades de pessoas muito queridas

Música  –  12/07/2019 18:07

(Fotos: Divulgação/João Victor Medeiros)

_______________________________________________________

EP soa familiar: Mostra metafórica do significado de um nascimento e da imprevisibilidade do novo que tanto entusiasma a banda

_______________________________________________________

O EP “A Elis, Helena e Maria” nasceu de uma única regra: liberdade criativa. O disco do Ubandão tem lançamento virtual em 12 de julho (sexta-feira - ouça no YouTube ou no Spotify). São seis faixas, relatos sobre as mudanças e novas percepções que Rafael Clemente (baixo), Raí Freitas (violão e voz), Jeffei (bateria e percussões) e Hugo Cunha (guitarra e voz) viveram recentemente. O show inaugural da nova turnê será no Teatro Bruta Flor, em São Paulo, no dia 20 de julho. Volta Redonda fica sem festa de lançamento?  

- Nossa ideia é levar o show em todas as cidades que nos acolheram durante nossa trajetória - diz Jeffei. 

- Existem conversas avançadas a respeito. Ainda não fechamos datas, mas é certo que faremos shows de lançamento em Volta Redonda, Ubá (MG) e Juiz de Fora (MG) - acrescenta Raí. 

Em maio o Ubandão lançou o clipe (um lyric vídeo) de “Broto de flor”, mas o single ficou de fora do EP, cujo nome tem tudo a ver com o lado pessoal dos integrantes da banda. Elis é filha do Hugo e nasceu no processo de produção do disco; Helena é filha do Clemente; e Maria, afilhada do Jeffei. 

- Começamos a ensaiar novas canções e com isso o disco foi tomando um corpo. Durante o processo, principalmente após a composição de “Filhos”, entendemos que o disco tratava-se de relatos sobre as mudanças e percepções novas que vivíamos em nossas vidas - conta Raí. 

Jeffei completa: 

- Tudo estava se renovando com a chegada de Elis e Maria e a participação diária de Helena em nossos ensaios. Quando percebemos, falávamos de nós ao olhar para elas. Cada riff, cada virada, cada acorde, cada detalhe era um recado sobre nós e sobre elas. O processo de produção se deu nessa perspectiva. 

Os dois enfatizam que o processo de criação da banda nunca estabelece uma regra. 

- Ele acontece de forma fluída, livre, vai se construindo. O que deixamos sempre como única regra, entre nós, foi isso: liberdade criativa - observa Jeffei.  

Segundo Raí, desde o primeiro EP (“O Andarilho”), eles tinham vontade de produzir um novo disco, havia muitas músicas, mas ainda não uma ideia de um EP ou álbum. E para transformar todas as ideias em disco a ficha técnica tinha que ser rica, como em “O Andarilho”. 

- Gostamos de envolver muitas pessoas. Elas trazem para nossa arte um acréscimo inesperado por nós, e apreciamos esta ideia - frisa Jeffei. 

Faixa a faixa do EP, por Raí Freitas 

66442934_2415856961828523_7822942008044945408_n

1. Nóis vêi batucá - Minha primeira parceria com Jeffei, a canção expressa, na linguagem do maracatu e do rock, impressões sobre o mundo e nosso lugar nele. Como é comum nas letras do Ubandão desde seu início - no EP “O Andarilho” (2014) -, o Eu lírico se confunde com o Eu dos compositores de forma que nem mesmo estes saibam mais quem é quem. “Nóis vêi batucá” é uma anunciação. É como um cartão de visitas do Ubandão para um público que nunca o ouviu. 

2. Não fique triste - Composição de minha autoria, a canção inaugura o tom de conselho que irá percorrer durante todo o disco. Com a linguagem do reggae somada a alegres ritmos brasileiros, a música nos alerta sobre os perigos psicológicos de se reprimir a tristeza. O nome original da canção talvez seja a melhor forma de retratar seu objetivo: Não fique triste por não ser feliz. 

3. Coisas - A mais crua de todas as canções da banda traz a cara de Volta Redonda e do capitalismo. Com uma letra sarcástica acompanhada por um instrumental rap, esta minha composição nos oferece reflexões do Eu lírico sobre a propriedade privada que culmina no problema social trazido pela CSN na nossa cidade. 

4. Filhos - Mais uma parceria minha com o Jeffei, é quem dá a vida para todo o conceito do disco. A música é como uma homenagem ao momento vivido pela banda de estar convivendo diretamente com as maternidades e paternidades de pessoas muito queridas no seu entorno social. A canção singela, simples, com uma linguagem estética até então inexplorada pela banda, é uma mostra metafórica do significado de um nascimento e da imprevisibilidade do novo que tanto nos entusiasma. 

5. Maria - A alegre composição de Jeffei é uma homenagem à sua afilhada Maria, que acaba canalizando e simbolizando todas as crianças que nascem nos dias de hoje, no nosso contexto político e social global. Um papo sobre política, afeto, carinho, percepção do nosso lugar aqui e agora e, acima de tudo, um papo de otimismo realista que não descarta os desafios contemporâneos. 

6. Dibre certeiro - Segunda parceria de Jeffei comigo, a canção traz linguagens sonoras nordestinas, como o baião e o coco junto com o rock mais pesado já feito pela banda. Na letra, que tem o futebol como plano de fundo, reflexões e conselhos do Eu lírico sobre como decidir o que fazer da vida tendo em vista nosso lugar e limitações. Qual linha tênue faz com que pessoas decidam arriscar fazer o que gostam ou sobreviver no capitalismo trabalhando com algo sem sentido para si? A letra é otimista e entusiasta da escolha de cada um, mas não desconsidera o fato de que “nesse modo que os homi inventaram, puseram marcador demais no mundão”. 

Quem é quem no EP

66210258_410162832924560_7939216629697609728_n 

. Naipe de metais - Nas canções “Não fique triste” e “Dibre certeiro”: composto por Bezaleel Ferreira (clarinete), Moisés Ferreira (trombone) e Welsten Leopoldino (sax alto e sax soprano).
. Flauta transversa - Em “Filhos”, Suhellen Vieira, em arranjo escrito por ela e adaptado pela banda.
. Percussões - Participações de Gustavo Souza em “Maria” e Raphael Garcêz em “Dibre certeiro”.
. Coro infantil - Em “Maria”, composto pela dupla Tereza Arruda e Pedro Lima. E ainda há um sample de Helena Clemente no fim de “Não fique triste”.
. Estúdio - Gravado no Quarto da Vó Penga, o QVP, comandado por Pablo Duca e Raphael Garcêz. Um estúdio de amigos que, sem dúvida alguma, contribuiu muito a dar a cara de um EP mais aconchegante.
. Masterização - Ficou sob a responsabilidade do estúdio Setor, pelo Ramiro Mart, outro grande parceiro e amigo da banda. Tudo isso deixa o disco muito mais familiar, o que acabou se tornando um objetivo do Ubandão no processo de criação. Eles queriam que o EP soasse familiar.
. Arte gráfica - Vitor Morais, um artista extremamente sensível do qual a banda é muito fã.

> Contatos com a banda: ubandaobr@gmail.com / (11) 993767865  

_______________________________________________________

Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

Seja o primeiro a comentar

×

×

×