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Olhar Pop

Cláudio Alcântara

claudioalcantaravr@hotmail.com

Nostalgia e Denúncia

Minzy and the Human lança clipe do seu segundo single

Com certa influência de bandas dos anos 80, a estética do vídeo remete ao cyberpunk; canção fala sobre a desigualdade e o preconceito sobre as minorias

Música  –  24/10/2020 12:55

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(Fotos: Divulgação)

Pâmela Oliveira: “No resultado final a influência acabou ficando visível principalmente no rosa e azul dos cenários em que a banda toca, além dos efeitos das animações e do tom da coloração na edição”

 

“Desiguais” é o segundo single da Minzy and the Human e ganhou clipe com certa influência de bandas dos anos 80. A estética remete ao cyberpunk, principalmente nas cores e no clima. A canção fala sobre a desigualdade e o preconceito sobre as minorias. Pâmela Oliveira, vocalista da MATH, é finalista do Prêmio OLHO VIVO 2020 na Categoria Intérprete e a Minzy, na Categoria Banda.  

Minzy and the Human agora é um duo (Lucas Luccas na guitarra e Pâmela no vocal). Após ganhar o Prêmio OLHO VIVO 2018 - Categoria Canção, com o single solo “Outro lugar”, a cantora teve o desejo de se dedicar de forma mais profissional à sua carreira musical. Em julho de 2019, a banda foi formada, quando os integrantes se reuniram pela vontade de trazer o rock enérgico que cresceram ouvindo nos anos 90 e 2000. As influências são bandas como Pitty, The Pretty Reckless e Paramore. A estreia oficial da Minzy foi na XXIII edição do Clube do Rock & Blues, em Barra Mansa. Após passar por algumas formações, transformou-se em duo. 

Confira a entrevista com Pâmela Oliveira e Lucas Luccas  

O primeiro single da Minzy and the Human, “Distopia”, não ganhou clipe. Por quê? 

Lucas - Como “Distopia” foi o nosso primeiro single, ele teve um processo muito mais experimental. Foi com ele que nós começamos a aprender composição em banda e produção musical na prática. Todo o processo de lançar músicas autorais ainda era muito novo. Nosso foco foi em trabalhar o melhor que podíamos no single para lançar o nosso primeiro material nas plataformas digitais e apresentar a banda às pessoas. Logo após o lançamento, aproveitamos o impulso para rascunhar e começar a compor novas músicas. Como toda a produção é feita apenas por nós dois, percebemos que seria melhor colocar nossa energia em trabalhar as outras composições, de onde surgiu o segundo single, “Desiguais”, que consideramos mais maduro e que nos representa melhor enquanto banda, e aí sim investir na gravação de um clipe. 

Quando, como e onde foi gravado o clipe? Quanto tempo levou para gravar e finalizar? 

Pâmela - Gravamos o clipe de “Desiguais” em um final de semana, dias 22 e 23 de agosto, com objetivo de enviar a tempo da divulgação dos finalistas do Prêmio OLHO VIVO, no qual estamos concorrendo na Categoria Banda. Apesar disso, os preparativos, desde o roteiro, figurino e conceito, estavam sendo planejados duas semanas antes. Gravamos na casa do Lucas (guitarrista) em Volta Redonda, usando apenas um celular e fizemos os equipamentos de iluminação caseiros vendo tutoriais no YouTube. O mais importante desse processo foi a ajuda dos nossos amigos Tainara Goulart e Leandro Torturella para a direção e filmagem. Depois dos takes prontos, a edição e animação, também feitos pela Tainara, levaram mais duas semanas, até o lançamento oficial no início de setembro. 

Qual a linha criativa do clipe para passar a mensagem da canção? De quem foram as ideias? Dos diretores ou dos integrantes da banda? 

Lucas - Foi um trabalho conjunto entre todos nós. Desde o começo nós trocamos ideias e referências baseados principalmente na letra da música. No clipe, usamos elementos como as fotos antigas e as máscaras para expressar um sentimento de nostalgia: nós lembramos e lamentamos o passado que deixou de ser como era e, através da música, esse sentimento se exterioriza como uma denúncia. 

Esteticamente falando, qual foi a opção adotada no clipe. Houve alguma inspiração? 

Pâmela - Uma estética que influenciou o clipe foi o cyberpunk, principalmente nas cores e no clima. No resultado final essa influência acabou ficando visível principalmente no rosa e azul dos cenários em que a banda toca, além dos efeitos das animações e do tom da coloração na edição final. As transições de cenas e as interferências visuais, simulando uma televisão analógica, também têm uma certa influência de bandas dos anos 80. 

Veja o clipe de “Desiguais”

Os diretores são profissionais da área audiovisual, trabalham como videomakers/filmmakers, têm uma produtora? Ou esse é o primeiro trabalho deles nessa área (ou com clipes)?

Lucas - A Tainara é designer gráfica, trabalha com animação e edição de vídeo, e o Leandro é professor de arte. Com clipes, especificamente, também foi o primeiro trabalho dos dois. Apesar de eles não trabalharem diretamente com produção audiovisual, a Tainara já havia trabalhado com edição de vídeos e o Leandro já fotografa há algum tempo como hobby. A bagagem e o olhar estético deles somou muito na composição das cenas e no visual geral do clipe. Foi nesse processo que percebemos como a parceria com outros profissionais somou muito no resultado e permitiu produzir coisas que seriam muito mais difíceis sozinhos.

Clipes são importantes na divulgação dos trabalhos musicais. Nota-se que houve um cuidado na produção e edição de “Desiguais”. No entanto, parece que vivemos na era do quanto-pior-melhor, ou seja, clipes toscos, sem qualquer tipo de cuidado artístico ou técnico, alcançam milhares de visualizações. Comente, por favor.

Pâmela - É difícil julgar o trabalho de outros artistas ou as suas escolhas criativas. Pra gente, é muito importante pensar todos os detalhes com carinho e da melhor forma que podemos para entregar um produto final bem feito e que nos represente enquanto banda e enquanto indivíduos. Nossa música e, por extensão, o clipe transmitem muito do que vivemos e como enxergamos o mundo. Acreditamos que, se for feito com verdade, o lado técnico ou a falta de dinheiro pra investir não se tornam um problema, da mesma forma que esse investimento em estrutura e equipamento às vezes não garante a qualidade da música ou do clipe.

Vamos falar sobre a música, especificamente. “Distopia” é um desabafo e uma denúncia no que se refere à crise política. Aborda o governo atual e todos os problemas que se tornaram cotidianos, como a corrupção e a impunidade, a violência urbana e os crimes ambientais, e também os discursos de ódio e a polarização. Trace um paralelo entre as duas canções, mostrando as convergências e divergências criativas e de gênero/estilo/temática.

Lucas - As duas músicas são reflexos diretos dos problemas que estamos enfrentando com o governo atual e de todos os impactos causados pelo descaso em relação à população, considerando também o cenário caótico em que o Brasil sempre enfrentou de um modo geral. Ambas demonstram uma desesperança de que essas questões possam mudar. Porém, enquanto “Distopia” faz uma denúncia mais direta em relação aos desastres ambientais, como o rompimento da barragem da Vale, aos discursos de ódio e à repressão, tão presentes atualmente, “Desiguais” demonstra, para além disso, a desigualdade e o preconceito sobre as minorias, criticando a ação da lei que só funciona para alguns. Musicalmente, “Distopia” tem uma levada mais rápida e enérgica, com um arranjo mais cru e inspirado no hard rock, enquanto “Desiguais” tem um tom mais sombrio e pesado, que nos permitiu experimentar com a utilização de cordas, sintetizadores e uma estrutura um pouco diferente, principalmente na ponte e no último refrão.

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"Como não contamos com a banda como fonte principal de renda, decidimos retomar os shows presenciais apenas após o início das campanhas de vacinação/coronavírus." (Lucas Luccas) 

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 “Desiguais” deve fazer parte do primeiro disco da banda, assim como “Distopia”. Vocês têm um planejamento de gravação de outros singles? O que o público pode esperar ainda em 2020? Ou novos lançamentos só no ano que vem?

Pâmela - Nesse momento estamos testando algumas estratégias novas para nos aproximar do nosso público e alcançar mais pessoas. Nesse sentido, podem esperar por mais apresentações online: fizemos na semana passada uma live acústica, que teve uma recepção bem legal, e nesse domingo faremos um ensaio aberto, testando uma estrutura de show e tocando os arranjos originais. Sobre lançamentos, o trabalho de composição continua em paralelo: temos mais algumas músicas em fase de composição e arranjo. O objetivo é lançar mais um single até o final do ano e no primeiro semestre de 2021 lançar oficialmente nosso primeiro EP com quatro ou cinco músicas inéditas, incluindo “Distopia” e “Desiguais”.

Embora a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) não tenha acabado, já liberaram shows ao vivo em alguns locais, como em bares e restaurantes. A banda já retomou a sua agenda de shows? Pretende retomar? Quando?

Lucas - Definitivamente não. Apesar da falsa sensação de segurança que tem se instaurado, nós ainda continuamos firmes com o nosso posicionamento de manter o isolamento o máximo que pudermos. Mesmo para ensaios e gravações, nós temos nos encontrado apenas após respeitar o tempo de isolamento de dez dias recomendado pela OMS. Como não contamos com a banda como fonte principal de renda, decidimos retomar os shows presenciais apenas após o início das campanhas de vacinação. Por outro lado, estamos aprendendo a fazer lives e testando estruturas online para fazer mais shows e não deixar de tocar e estar próximo do público. A nossa saúde e das nossas famílias vem em primeiro lugar nesse momento.

Pâmela, você é finalista do Prêmio OLHO VIVO 2020 na Categoria Intérprete e a Minzy and the Human, na Categoria Banda. Quais as expectativas?  

Pâmela - Acreditamos que o Prêmio OLHO VIVO é uma ótima iniciativa para representar o trabalho de artistas da região sul fluminense e nos sentimos muito gratos por fazer parte desse projeto. Eu ganhei em 2018, na Categoria Canção, em um projeto solo, e foi uma realização muito grande, onde tive a oportunidade de divulgar mais do meu trabalho e ganhar um reconhecimento. Isso, inclusive, foi um dos motivos que me impulsionaram a continuar com os projetos na música. Este ano ficamos muito felizes ao ver que somos finalistas em duas categorias da premiação e isso nos incentiva a trazer novos projetos enquanto banda também. Ter esse retorno é incrível e as expectativas também são grandes.

Quem é quem em “Desiguais”

. Composição: Pâmela Oliveira (letra e melodia) / Lucas Luccas (arranjo)
. Direção: Tainara Goulart e Leandro Torturella
. Edição e animações: Tainara Goulart
. Assistente de produção: Ana Maria Ferreira
. Produzido, gravado, mixado e masterizado por Lucas Luccas

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. Minzy and the Human é: Pâmela Oliveira (voz) e Lucas Luccas (guitarra)

“Desiguais”

Eu olho para todos os lados
E não enxergo mais
Uma esperança pra que eu possa
Voltar atrás 

Eu só quero mudar para um outro lugar
Bem longe daqui
Onde eu possa crescer
Onde eu possa acreditar
Que eu posso viver 

Eu não quero mais viver nessa lei
Que não permite dizer o que sei
Eu só quero paz
Falar um pouco mais
Que nós somos iguais
Que nós somos iguais (somos iguais)
Que nós somos iguais (e desiguais) 

Todas as lembranças que estão
Perdidas em vão
São retratos do esquecimento
Da revolução 

Mas basta encontrar um novo olhar
De um mundo feliz
Que eu quero entender
Que eu quero acreditar
Que eu posso viver 

Eu não vejo mais diferença entre nós
Pois vivemos a mesma sentença desigual
No espaço em que estamos tudo é igual
Então por que tem que ser tão desleal? 

Eu não quero mais viver nessa lei (de que serve a lei?)
Que não permite dizer o que sei (funciona pra quem?)
Eu só quero paz (se não é igual?)
Falar um pouco mais
Que nós somos iguais (somos iguais)
Que nós somos iguais (somos iguais)
Que nós somos iguais (e desiguais) 

Eu olho para todos os lados
E não enxergo mais 

> Contatos profissionais - Telefone e WhatsApp: (24) 99827-6848 | E-mail: minzyandthehuman@gmail.com | Facebbok: fb.com/minzyandthehuman | Instagram: instagr.am/banda.minzy.human 

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Por Cláudio Alcântara  –  claudioalcantaravr@hotmail.com

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